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RECTA QUE DÁ À LUZ O SILÊNCIO


Pássaro que por nós voa.

Espaço de tiquetaque silencioso, indizível.

Passo que cai ali e aqui,
chuto que nos pontapeia para parte incerta.

Voz que cai sobre si mesmo
em nós que os segundos desatam.

Partícula que nos mata,
gotícula que nos ata ao seu pé.

Céu disperso em verso eléctrico.

Insecto erecto,
ar que rodopia no relógio,
volta que deixa o relógio tonto.

Faúlha solta de um fogo sem lenha.

Corpo que não envelhece,
estar onde somos nós quem padece.

Onde somos ponteiros,
carne que acontece no eixo da vida, areias
de avesso em avesso na ampulheta das multidões.

Curva invisível onde tropeçamos,
recta que dá à luz o silêncio.

Pai de saudades, filho de distantes vaidades.

Árvore onde nos penduramos como fruto
perdurado em ramo desproporcionado do seu tronco.

Primavera onde fomos botão,
flores polinizadas por dias abelhas.

Verão onde somos colhidos, escolhidos
pelo sabor da noite que acolhe amantes num beijo.

Outono onde o vento canta o nosso nome,
onde a fome nos mantém fruto.

Inverno onde os anos
são estrume que fertiliza as palavras.

Mas esse pássaro
que por nós voa. Que por nós cai à toa.

É astuto que nada sabe,
estatuto que a nada sabe senão a fuga.

Como carril em ruga,
estrada vil que madruga em voo…

 

… O tempo.

 

 


 

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domingo, julho 24, 2011 - 18:37

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Henrique

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