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RESSURREIÇÃO

Imperfeito prazer,
dilato-me conter o brilho
de falinhas mansas que encurtam
ciosamente a ensurdecência da meiguice.

Semeio ausência
na infertilidade do tempo,
o caos da poesia que me esventra a alma.

Destemido por entre tudo quanto já foi dito dilúvio.

Tomo consciência
dos sonhos empoados esconsos
de um imaginário torturado nas minhas unhas.

Bafiento manusear,
carícias de mal-estar ao olhar ilusório,
recontamento zero em cada gesto do corpo
tecido trovoada dispersa.

Jaz em mim
pretéritas memórias,
perfiladas nas estantes das rugas
que me entretêm sinistro caminhante.

Refuto fértil agonia
do caminho homónimo
de fontes de inspiração vadia.

Sem dar por mim,
empolgo-me ânsia deplorável
além homem animal de mim.

Quieta utopia
evoca multidões
de emoções recauchutadas de ser.

Ressurreição tal
que me chamo mal
até que a eternidade me separe
das suas entranhas curvadas à solidão.

Lágrimas
regressam realidade
desfragmentada num de repente rompante ao acaso.

Escada acima
de recordo de palavras
que me insultam silêncios abandonados
nos bastidores da voz.
 

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terça-feira, janeiro 25, 2011 - 20:46

Poesia :

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Henrique

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