Será que te lembras?

As ondas geladas ocultam o meu reflexo;
mergulho na solidão melancólica de um beijo já sem asas;
um momento trocado em mil anos de sol,
na escuridão de um adeus que se perdeu.
Será que te lembras?
O suor salgado de lágrimas vertidas
por um gesto gasto, mas necessário.
Como quem escala a vida e cumprimenta as trevas.
Adeus meu amor. Amo-te, mas adeus.
No silêncio derrotado de quem ainda não terminou,
seguimos cansados, ofegantes por um sentimento em cinzas.
Ele que já foi fogo, luz incandescente, tornou-se
num oásis morto de um deserto ainda ardente.
O crepúsculo lunar acende a nostalgia de encontros furtivos,
antigos labirintos de loucura e surpresa.
O sabor puro de um ar dividido em dois corpos;
No derradeiro êxtase de um simples olhar, seremos sempre livres meu amor.
A tua mão pode tocar a areia molhada, sentir o pulsar da terra e viver vidas passadas.
A minha pode contar as estrelas do céu, plantar novos laços e morrer noutros braços.
Seremos eternamente livres, sendo apenas um só.
Sim, ainda te amo.
Saberei sempre onde ficou a felicidade,
o som dos momentos mágicos e, acreditarei,
na altura em que olhar para o meu coração,
que verei o teu.