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Tens o milagre na mão
Tens o milagre na mão,
gesto de ternura efusivo,
queima-te o rosto já tisnado,
pedaços de sol escondidos
espelhada terra dos teus sentidos.
Sentes a raiva da ausência.
Da flor, do aroma, do sabor.
Do fruto, do tato, do amor.
Mas tens o milagre na mão!
Alongas-te no mágico infinito
e sacias a flor e o fruto proibido.
Procuras a sereia na seara.
É o mar que te entontece.
Vês azul no lugar do verde.
Mas tens o milagre na mão!
Sulcas um leito de espigas
e na sereia adormecida te deitas.
Palmilhas trilhos de desejos.
Caminhante de cajado calejado.
Páras cansado de insanos ensejos.
Mas tens o milagre na mão!
E dos trilhos fazes caminho
direto, tela retocada do teu paraíso.
Tens o milagre na mão…
Beijas o sol íntimo amigo.
Acaricias o ventre de lua cheia.
Apascentas o rebanho de estrelas.
Teces poemas nas tardes demoradas.
Acolhes o repenicado pio da passarada.
Tocas o piano da natureza matizada.
…E no milagre da tua mão
prendes a musa sedução…
OF – 30-05-14
Obra de Hélio Schonmann em http://portate-mal.blogspot.pt/
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