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Vergonha tenha quem tem culpas, não quem ame.

Declara-se o amor, por escrito,
Quando o que é de facto sentido,
Nem é querer nem é nada,
Antes uma qualquer espécie de vergonha dissimulada
Ou inibição.
Diz-se tudo o que não se é capaz,
E aquilo que cara a cara só se diz de forma fugaz,
Só por escrito tem dimensão.
Declara-se o amor, por escrito,
Numa cobardia que não merece ter de ouvido
O tanto que os olhos leem...

- Fraca persuasão de um sentimento -.

Depois, no tal do importante momento,
Mordem-se palavras escritas com tanta determinação
Que ferem de tão guardadas ficarem na garganta.
E o amor parece coisa de criança,
Mera brincadeira.

Declara-se o amor de tanta maneira,
Menos à queima-roupa...
E as palavras tão fáceis de dedicar,
Que são escritas no maior do querer amar,
Depois morrem da boca.

Não quero ler nada de quem me diga me amar!
Não quero leituras que não possa ouvir.
Quero os olhos e os lábios e tudo o que possa sentir,
E acreditar.

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quinta-feira, fevereiro 16, 2012 - 13:21
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Rui Costa

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