“Eu penso, logo existo (cogito ergo sum) ”

Eu já estou farto, até mesmo enjoado, desta maldita sociedade que se transforma perante as situações, e na qual, a ideia de atinjir os fins sem se preocupar com os meios é mais que evidente. Esta sociedade de humanos, e não de Humanos, está a deixar cair no esquecimento os valores que este deve sempre defender, onde a hipocrisia não é um desses valores.
Estou cansado de tudo o que nos tentam ensinar, quando na verdade não nos ensinam nada, dão-nos uma teoria e dizem-nos para praticá-la de forma incorrecta. Sempre me ensinaram a ser humilde, em aceitar as opiniões divergentes da minha, a respeitar o próximo e a ser uma pessoa honesta. Na verdade o que vejo é exactamente o oposto. Estou numa Universidade, onde as pessoas, partindo do princípio, “são” mais crescidas e até mais Humanas, e o que realmente vejo é o contrário do que defendo e acredito. Nem aqui, nem em lugar nenhum deste maldito país, se ensina a pensar, em vez disso, ensina-se a resposta directa e não a resposta pensada. O nosso verdadeiro mal como sociedade é não conseguir pensar sozinhos, não termos opinião própria, de darmos mais importância ao super-ego em prol do ego, e como resultado disso temos esta sociedade que anda em matilha a tentar subir na vida pela lei da força e do mais influente.
Eu defendo a frontalidade, a democracia, a honestidade, o respeito pelo outro, o debate de ideias de forma saudável e respeitável, a divergência de opinião e as suas defesas, pois só assim é possível chegar a novas ideias, soluções e teorias. Isto tudo faz parte de um estado democrático que nos torna pessoas mais sociais, respeitáveis e credíveis. Isto é o que nos falta. A nossa sociedade tem “Cancros”. “Cancros” de supremacia, de individualismo, de debates unilaterais, de falta de opinião, de complexo de inferioridade financeira, na qual os mais necessitados são encarados como ignorantes, quando na realidade até são muito desenvolvidos intelectualmente, entre outros “cancros”, que se resume essencialmente ao Cancro do preconceito e descriminação por todas e mais algumas razões.
Aquilo com que nos deveríamos realmente preocupar são as verdadeiras razões pelas quais aqui estamos. Como tornar a sociedade credível e menos egoísta e egocêntrica? Pois, o que fazemos agora, as nossas “não acções” do Agora, serão heranças que iremos passar para os nossos descendentes, serão cicatrizes profundas que marcam a “nossa” hipocrisia social e existencial. São facas cravadas nas costas uns dos outros, que as usamos como escadas para subir na vida. Este tipo de pensamento, é aquele que ninguém quer destruir mas todos acham errado. Esta é a herança de hipocrisia e do “temos que atingir sempre os nossos fins a qualquer custo” que deixaremos para os nossos futuros filhos.

…volta já depois deste pequeno intervalo…

Não me apareçam com um Mercedes ou uma bela tela, que vale milhões, mas não mostra absolutamente nada! Estou farto de dispositivos que me controlam a vida até dentro da minha casa, estou cansado de designers de interiores, que se vendem para gente rica, esquecendo a qualidade funcional e ficando pela aparencia visual dos objectos! Estou farto de anestesias sociais que alguém nos está a dar, de ouro e de postes de striptease dos bares da alta sociedade. Enjoado daqueles que pensam ser os mais importantes, quando não valem nada, mas mesmo assim tem influência na sociedade. Já me repulsa as poses dos famosos que despresam aqueles que lhes servem, só porque estes têm que trabalhar, e pior que isso, despresam-nos a todos pelo nosso nome ou pelo perfume que usamos, e no entanto a imprensa observa-os atentamente e faz das suas vidas um assunto importante para a sociedade. A televisão é o ópio do povo! Há sempre alguém a nos anestesiar e a nos tornar mais ignorantes.
Estou realmente estupefacto com esta sociedade, vocês são apenas pessoas! Pessoas de sucesso, pessoas que usam um fato, pessoas que sorriem hipocritamenta só um causa de uma fotografia; pessoas famosas; pessoas do tapete vermelho; pessoas ricas; pessoas importantes,
mas ainda assim são apenas pessoas.

Então que se foda a cozinha de milhões de euros! Que se foda os posters do Al Pacino (e eu até gosto dele), que se fodam as anestesias, o ouro e os postes de striptease dos bares da alta sociedade, que se fodam aqueles que pensam ser os mais importantes, quando não valem nada. Que se fodam os muros que estes constroiem á sua volta das suas belas mansões á custa do dinheiro que lucram quando exploram os seus empregados! Eu nem quero escutar as suas vozes enquanto estes votarem com as suas “carteiras”!
Que se foda a piadinha do deita fora que esse não vale nada, não está ao nosso nivel “social”! Que se foda a merda do charuto que o DeNiro fumou, e todos querem saber qual era a marca! Que se foda a sua falata de originalidade e de personalidade! Que se foda a nova norma social e a conformidade que os abastados, mas bastardos, nos querem impor! Que se foda a maneira como eles conseguiram foder o nosso conceito de igualdade! Que se foda o que eles vestem, eles são só pessoas, aqueles tipo de pessoas que acima referi, mas na realidade são pessoas desumanas, desarrumadas, superficiais, estúpidas, hipócritas; pessoas de plástico, meta-pessoas, tetra- pessoas, pessoas entrópicas! E eu não quero saber como aparecem vestidas, porque sei que “por dentro” não passam de uns mendigos.
Estamos enjaulados neste cancro social das pseudo-pessoas e das “I wanna Be like Them”. Ou tomamos uma atitude de rotura de paradigma ou continuaremos a ser injustos uns com os outros. Eu sei que para muitos isto não importa absolutamente nada, mas acreditem, quando chegar ao momento em que o feitiço se virar contra o feiticeiro, estas palavras farão todo o sentido.
Está nas nossas mãos, na nossa atitude e maneira de pensar mudar este comportamento e tornar a sociedade numa Sociedade.
“Eles devem achar difícil…Aqueles que tomaram a autoridade pela verdade, em vez da verdade pela autoridade.”
Gerald Massey, EGIPTÓLOGO.