CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Caruaba, Um Paraíso
Nos três poços da Caruaba sempre que possível é bom nadar lá. Águas que vêm do Brejão do Jaleco, as mesmas da cachoeira a duas léguas morro acima. Primeiro perpassam pela bueira – nível de passagem férrea –, e daí formam pequeno poço. O segundo poço é o preferido; nem fundo nem raso. O terceiro é fundão e redondo, sombreado por quatro grandes árvores de ingás, perigoso para todos os meninos. Há tempos, neste poço, um homem, modo de pegar bons peixes, fez explodir algumas bananas de dinamite. A água dali corre num desfiladeiro para confluir com o Rio Paraopeba.
Tio Lolival nos levou a Caruaba em tempo demorado, numa tarde de sol qualquer. Do gramado, capim de pastagem, todos davam pulos dentro d’água. Calor e frescor nos dá o instante do mergulho. Ele ensinou a nadar Mmamaú e Pilão que não sabiam que ansiavam pela aprendizagem, e com poucas idas, naquele lugar, todos conseguiram aprender rapidamente. Gugulim aprendeu a nadar há muito. Nus todos nadavam: – ah!, horas essas é raro que alguém passe por ali. Tio Lolival imaginava. Na verdade, vez ou outra um cavaleiro cruzava a ponte da estrada de rodagem.
Depois tio Lolival subiu numa árvore maior, alta, nas grimpas, e amarrou comprida corda, daquelas de tirar leite do curral. A corda era estendida na cabeceira e do barranco alguém saltava até atingir o centro – local mais fundo do poço. Ele soltou a corda e lá de cima daquela árvore, ainda caçou jeito de subir ainda mais alto, balançando todos os galhos aos gritos:
– Pega o rato! Pega um rato!... Negaceava que ia pular e não pulava depois de muitas mamparras. De lá de cima gritava mais palavras:
– Caurubuaba!!! Cayuaba! Caruruaba! E, menos de esperar, num pulo só, tirava água do poço que aguava o gramado.
Tio Lolival e suas macaquices. Aquilo tudo era assistido pelos meninos e outros parados em pé nas gramas daquele lugar. Reflexos do sol no ar e jatos d’água do poço formava um arco-íris.
Aí então, um de cada vez, da grama, no alto barranco, nas margens do poço, segurava a ponta da corda e o corpo contra o vento lançava, navegava, e no centro do poço, era deixado no espaço. Tibum-bum... E logo em seguida outro menino e... tibum-bum... Gritos. Os olhos do tio Lolival, argutos, se responsabilizavam daquele instante lúdico. Ele mesmo pulou no poço pela corda, em várias voltas, e a farra era sempre reiniciada.
De corpos molhados, exaustos, lábios roxos e trêmulos, Mmamaú, Pilão, Meleão e Gugulim vestiram suas roupas quentes de sol. Pisavam nas gramas, de verde vivo, e os sapatos eram calçados somente quando o quente da areia da estrada os castigava e todos atravessaram a ponte em direção ao Paraopeba e pegavam um trilho num canto da mata ciliar. Subiram na árvore e nela os ingás foram saboreados.
Fragmento: subítulo Nos Tempos de Goiaba Madura, o Lobisómem do livro um carro de bois que transportava logos, edição do autor, p 129.
Autor do romance lírico infanto-juvenil Um Carro de Bois que Transportava Logos e de coletâneas como: Rio das Velhas em Verso e Prosa (Prêmio Projeto Manuelzão/UFMG/Morro da Garça/2006); Letras Mínimas (Ed.Guemanisse/2007); Elos e Anelos – Menção Honrosa (Teresópolis/2008).
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 791 leituras
Add comment
other contents of NEWTONEMEDIATOFILHO
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
|
Fotos/Eventos | Newton Emediato Filho le o conto O Tempo de Um Livro no Salão Nobre da Faculdade de Medicina/UFMG em seu centenário acadêmico. | 0 | 1.153 | 12/02/2011 - 18:25 | Português |
![]() |
Fotos/Pessoais | Anais da IV Jornada Guimarães Rosa 2011 | 0 | 902 | 12/02/2011 - 18:12 | Português |
Prosas/Contos | O Tempo de Um Livro | 0 | 707 | 12/02/2011 - 18:05 | Português | |
![]() |
Videos/Arte | sertão amor lirismo palavras semântica fauna flora perfume | 0 | 1.641 | 06/21/2011 - 21:57 | Português |
![]() |
Fotos/Artes | capa e apresentação do livro: Asgard A Saga dos Nove Reinos 2011 | 0 | 1.281 | 05/26/2011 - 19:09 | Português |
|
Fotos/Eventos | Lançamento do Asgard em belo Horizonte BH Shopping Livraria leitura 21 05 11 | 0 | 1.663 | 05/26/2011 - 19:01 | Português |
![]() |
Videos/Arte | Video Um Carro de Bois que Transportava Logos | 0 | 1.806 | 05/12/2011 - 23:36 | Português |
![]() |
Fotos/Eventos | Fotos de Lançamento do livro Asgard: A Saga dos Nove Reinos//Editora Zambô//MAio de 2011 | 0 | 1.266 | 05/12/2011 - 23:19 | Português |
![]() |
Fotos/ - | Miniconto Palavras | 0 | 1.049 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | Palestra sobre João Guimarães Rosa | 0 | 959 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | capa um carrodeboisque transportava Logos | 0 | 924 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | Riodasvelhas em Verso e Prosa | 0 | 821 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | catálogo Festivelhas Projeto Manuelzão/UFMG | 0 | 1.064 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | Papagaio Palimpséstico | 0 | 1.018 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
![]() |
Fotos/ - | Poetas Del Mundo | 0 | 918 | 11/24/2010 - 00:46 | Português |
Prosas/Outros | JOÃO GUIMARÃES R0SA: O MITO | 0 | 854 | 11/19/2010 - 00:03 | Português | |
Poesia/Amor | M U L H E R | 4 | 638 | 12/04/2009 - 21:52 | Português | |
Prosas/Contos | Caruaba, Um Paraíso | 2 | 791 | 12/02/2009 - 13:46 | Português | |
Poesia/Amor | T RE S L O U C A D A M E N T E | 3 | 634 | 12/01/2009 - 14:41 | Português | |
Prosas/Romance | ÁRCADE | 1 | 715 | 11/17/2009 - 17:47 | Português | |
Prosas/Outros | JOÃO GUIMARÃES ROSA - O MITO | 1 | 684 | 11/17/2009 - 17:46 | Português | |
Prosas/Contos | NAS ÁGUAS DO PARAOPEBA | 1 | 878 | 11/17/2009 - 17:44 | Português | |
Poesia/Canção | E S T R A D A S | 5 | 805 | 11/15/2009 - 21:40 | Português | |
Prosas/Outros | Minudências no mundo roseano: Alexandre Barbosa da Silva manda lembranças | 1 | 967 | 11/15/2009 - 00:02 | Português | |
Prosas/Contos | UM PAPAGAIO PALIMPSÉSTICO | 1 | 581 | 11/15/2009 - 00:00 | Português |
Comentários
Re: Caruaba, Um Paraíso
Gostei de passear pelas imagens do seu belo texto
Beijos
Matilde D'Ônix
Re: Caruaba, Um Paraíso
Parabéns pelo belo texto.
Gostei.
Um abraço,
REF