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Dança tribal (prosa poética)
- Bom dia! Como estás?
Eles dançam lá fora… todos eles, homens, mulheres, crianças que nunca viu na vida mas que ama.
O ritmo faz os átomos vibrarem, os que constituem um corpo e a atmosfera que o envolve.
Junta a voz às outras vozes, à precursão e às cordas.
Lança-se pela janela de braços abertos recebendo o mundo e juntando-se à dança!
Pontas dos dedos de uma mão tocam gentilmente, suavemente, levemente os dedos de outra mão.
Não há nada. A mão esfuma-se, fica apenas a memória e um laço em torno do coração.
É imprecisa a recordação. A definição está tão próxima mas ao mesmo tempo é inalcançável. Por medo ou incapacidade. Mas é sabida, apenas não pode ser, ou não quer ser, expressa.
Este lugar é o certo, mas aquele também. Não estar em nenhum deles talvez seja melhor e mais cómodo. Correr para além deles é uma incógnita mas talvez o mais apetecido.
Esta música é feita de todos os sons e de tudo o que quer ouvir, mas falta o silêncio.
Calem-na! E nada fica, e o que quer vai.
Toquem-na e não a quer mais sentir.
Os olhos desta fotografia brilham e o sorriso e os gestos.
Mas uma bela fita de seda enlaça o coração da imagem.
Quer agora, quer dançar agora. Mas os pés descalços movem-se sós.
A música ouve-se mas a dança fugiu, vai ter de esperar que eles, os homens, as mulheres e as crianças que nunca viu voltem.
E amá-los-á a todos porque lhe vão desfazer o laço. Mas não agora.
Resta esperar e sorrir. Olhar o sol e ser feliz.
Ser quem ainda é mas não será e lamentar não poder ainda fazer do mundo uma tela e da dança um pincel.
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