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Ensaio sobre as razões de Estados e a 2ª Guerra Mundial - Japão X Estados Unidos

A crise bancaria de 1927 e a Grande Depressão de 1929, que atingiram o Japão em cheio, contribuí-ram para desacreditar o regime parlamentarista no Japão e para criar a idéia de que os problemas econômicos do país só seriam resolvidos através de um programa expansionista baseado em conquis-tas militares.
A necessidade de uma política agressiva se fazia premente devido ao crescimento exponencial da população o que obrigava a importação maciça de alimentos. E, também, devido à relutância de vá-rios países ocidentais em receber a imigração nipônica por motivos de discriminação racial. Essa situação econômica e social se agravou com a penetração de teorias políticas radicais entre a jovem oficialidade do exército.
A mais importante dessas doutrinas – Restauração SHOWA – preconizava um Socialismo Estatal dirigido por uma ditadura militar (análogo ao modelo atual da China?). Baseava-se no texto de KITA IKKI (1882 – 1937) conhecido como “Fascista Japonês”. Rezava tal doutrina que a Constituição MEIJI deveria ser revogada em favor de um Regime Revolucionário, orientado por “patriotas nacionais” e chefiado por militares que nacionalizariam a propriedade privada, dissolveriam os Partidos e limitariam a riqueza. Isto tudo, antes de assumirem a liderança de “Revolução Asiática”.
Em 18/09/1931 aconteceu o chamado “Incidente da Manchúria” que deflagrou o processo de agres-são na Ásia Oriental. Segundo o Japão, sem qualquer comprovação, soldados chineses haviam tenta-do sabotar a Ferrovia do Sul da Manchúria, ao norte da cidade de MUKDEN. Usando esse pretexto falacioso, o EK (nome dado às Forças Japonesas que ocupavam IWATUNG, península de LIAOTUNG) atacou e tomou as cidades de MUKDEN E CHANGCHUN, colocando diante do fato consumado o Gabinete de Tóquio quando este se reuniu um dia após o incidente.
Enquanto as tropas japonesas ampliavam a área de operações, os diplomatas japoneses na LN (Liga das Nações), em Londres, em Genebra, em Washington e em outras capitais, declaravam que as medidas militares eram temporárias e logo terminariam.
Em 30/09/1931 o Japão aceitou a resolução da LN para retirar as tropas para a zona da ferrovia, de-socupando, pois, as cidades invadidas. Porém, registraram-se novos avanços, contrariando as afirma-tivas da diplomacia japonesa. No Japão, quem se opusesse às conquistas militares em curso era con-siderado um traidor da pátria e a posição da LN, refletindo a desaprovação mundial, teve como efeito colateral o acirramento do sentimento xenofóbico e nacionalista japonês.
Em Dezembro de 1931, subiu ao Poder um Gabinete chefiado por INUKAI TSUYOSHI (1855 – 1932) com 75 anos à época. Trazia em seu currículo a oposição que no Passado fizera às oligarquias dos Clãs e a desaprovação ao monopólio do Poder Político pelas Forças Armadas. INUKAI, secre-tamente, procurou negociar com os chineses, mas foi descoberto e elementos nacionalistas extrema-dos, das Forças Armadas, frustraram seus planos conciliatórios.
Nessa ocasião, P’U YI (1906 – 1967), “O Último Imperador”, retratado pelo cinema, inicialmente foi nomeado “Regente” e em 1934 foi proclamado “Imperador do Estado de MANCHOUKUO”. Em ambos os cargos era apenas um títere, pois o poder efetivo era exercido pelo EK e os Postos Chaves da Administração eram controlados pelos japoneses. A Liga das Nações mandou uma comissão lide-rada por Lord LYTTON, que recomendou em Outubro de 1932 a retirada dos japoneses e o restabe-lecimento da soberania chinesa. O Plenário da LN aprovou tal recomendação, ocasionando a retirada, em protesto, do delegado japonês MATSUO YOSUKE (1880/1946). Em Março de 1933, o Japão retirou-se formalmente da Liga das Nações.
Antes, porém, em 15 de Maio de 1932, o Primeiro Ministro INUKAI foi assassinado, sendo implan-tada a Ditadura do Exército que durou 13 anos. Dentre outras medidas antidemocráticas, os ditadores proibiram a formação de qualquer Gabinete chefiado por um líder de algum Partido Político. Enquanto isso, disputas internas derrubaram o grupo KODO-HÁ e fortaleceram o grupo TOSEI-HÁ, tão agressivo em questões externas quanto os vencidos. HIROTA KOKI (1878 – 1948), diplomata profissional, foi designado Primeiro Ministro com a incumbência de governar conforme as pretensões e os métodos dos vencedores. Em meio a tais mudanças intestinas, os preparativos para a guerra continuavam em ritmo crescente. Perto de metade do orçamento era destinada às Forças Armadas. Os Tratados de Desarmamentos celebrados com Londres e com Washington foram rompidos em 1934 e com a retirada nipônica da Conferencia Naval de Londres, em 1935, os arranjos bélicos intensificaram-se sobremaneira. Nesse clima de predomínio dos militares, sucederam-se várias quedas e várias posses de Primeiros Ministros. Em 1937, por exemplo, o Ministro HIROITO (homônimo do Imperador) foi substituído por HAYASHI SENJURO (1876 – 1943) por apenas quatro meses, graças as Eleições daquele ano que resultou em uma nova composição no Parlamento. SENJURO foi, então, substituído pelo Príncipe FUMIMARO KONOYE (1891 – 1945), que se tornou o responsável pela Política Imperialista que deflagrou a guerra contra a China a partir de sua posse. Foi um Ditador no sentido amplo do termo e o signatário do pacto com a Alemanha e com a Itália, em 27/09/1940. Contudo, apesar de sua belicosidade, tentou firmemente evitar uma guerra contra os EUA e essa posição fez com se tornasse antipático aos militares que lhe acusavam de leniência e covardia. Não demorou, pois, para ser substituído pelo GENERAL TOJO.
Ainda em 1937, CHIANG KAI SHEK (líder chinês de tendência direitista), seqüestrado por uma facção chinesa extremamente anti-nipônica, concordou em juntar-se aos Comunistas (liderados por MAO TSÉ TUNG) em uma aliança contra o Japão. Um ano antes o mesmo Japão havia assinado com a Alemanha o chamado “Pacto Anti-KOMINTERN (O grupo de países comunistas)”. Em Julho de 1937, os japoneses atacaram unidades chinesas perto de Pequim. O incidente agravou-se com a intervenção de forças estacionadas no MANCHUKUO e na Coréia. O chamado “incidente chinês” alastrou-se atingindo a área de SHANGAI. A Liga das Nações atendeu a China e condenou o Japão, mas sem resultado al-gum.
Apesar da valente resistência chinesa, o Japão ocupou NANQUIM, HANKOW e CANTÃO. E, tam-bém, a Mongólia do norte e as Províncias de SHANSI e SHENSI. Foi então que o Governo de Tó-quio anunciou o “Estabelecimento uma Nova Ordem na Ásia Oriental” e publicou suas condições para a paz, rejeitadas por CHIANG KAI SHEK, que se declarou disposto a seguir a luta. Porém, convencido da vitória japonesa e movido por sua ambição pessoal, WANG CHING WEI (1884 – 1944), líder do KUOMITANG (partido chinês de KAI SHEK) refugiou-se na Indochina e com o apoio do Japão transferiu-se para CHANGAI. Pouco depois, para consolidar sua traição, fundava em NAN-QUIM (já em 1940) um regime de fachada, reconhecido pelo Japão como o único Governo Oficial da China.
No inicio de 1939 o Governo japonês de KNOYE renunciou e foi substituído por um Gabinete chefi-ado pelo Barão HIRANUMA (1867 - 1952) que durou apenas sete meses. Na época a grande questão que dividia o Japão era a assinatura de uma aliança militar com a Alemanha, proposta por Berlim. O Exército, favorável a principio, encontrava resistência na Marinha que relutava em hostilizar a Grã Bretanha e, possivelmente, os Estados Unidos. O pacto da Alemanha com a Rússia, em Agosto de 1939, foi recebido com surpresa e desapontamento, pois a Rússia era inimiga do Japão, haja vista que o relacionamento entre ambos sempre foi marcado por sérias dificuldades. O acordo RIBBENTROP e MOLOTOV (Alemanha e Rússia), porém, resultou num pacto de neutralidade entre a URSS e o Japão, que foi firmado em 1941.
O Barão HIRANUMA renunciou e foi substituído pelo moderado NOBUJUKI ABE (1875 – 1953) que anunciou que o Japão se manteria neutro nos antagonismos na Europa, mas as divergências com as Potencias Democráticas acentuou-se consideravelmente. Os EUA e a Grã Bretanha ajudaram a China contra o Japão e a estrada da Birmânia, construída com grande dificuldade, alimentou por muito tempo as forças nacionalistas chinesas. Paralelamente o sentimento anti-japonês, que vinha de 1937 com o afundamento do “PANAY”, no rio YANG TZÉ, aumentou grandemente entre as popu-lações ocidentais.  Em 1939, o Tratado de Comercio com o Japão, firmado no distante ano de 1911, foi rompido bruscamente e abriu caminho aos Embargos que foram adotados a partir de 1940.
Os êxitos de Hitler, por outro lado, tiveram duas conseqüências imediatas no Japão: a primeira foi a extinção dos Partidos Políticos e a formação de um Partido Nacional de moldes nazifascista; a se-gunda foi a assinatura do Pacto com a Itália e com a Alemanha, em Setembro de 1940. Neste ponto é importante ressaltar que esse acordo só foi firmado pelo Japão após terem sido decretados os Embar-gos Econômicos pelas Potencias Ocidentais. Por isso, alguns estudiosos afirmam que foi uma reação contra o sufocamento econômico. Ainda segundo esses estudiosos, e outros que se lhes juntam nesse particular, o Acordo com o “Eixo” pretendia mais desencorajar uma intervenção dos EUA no Pacifi-co e no Atlântico que lhes ameaçar com uma agressão. Afastar-se-ia, assim, o único obstáculo real à implantação da “Nova Ordem na Ásia Oriental – ie, a expansão imperialista do Japão”. Ainda que consciente dessas limitações, o Governo nipônico, sob forte pressão dos militares, concluiu em Julho de 1941 um acordo com a “França de Vichy (o governo fantoche francês)”, estabelecendo um protetorado conjunto sobre a chamada Indochina. Note-se, aliás, que é esse o motivo da presença francesa nos primórdios da Guerra do Vietnã, substituída, depois, pelos americanos.
Os EUA, a Grã Bretanha e a Holanda reagiram essa iniciativa congelando os bens japoneses e em-bargando-lhe o petróleo. As negociações ocorridas em território americano, entre o Secretario de Estado CORDEL HULL (1871 – 1955) e o embaixador japonês, iniciadas pouco antes da Ocupaçao da Incochina, não progrediram. O Japão pleiteava que os EUA suspendessem a ajuda à China, então sob o Governo de CHUNG KING, e reconhecessem a sua hegemonia no leste da Ásia. É claro que nenhum dos dois pleitos foi atendido. Assim, e a imposição do embargo, econômico tornou claro a necessidade de um entendimento com os americanos, mas essa saída diplomática não era unânime, pois o espírito bélico acirrava-se cada vez mais entre os lideres japoneses. EUA e a Grã Bretanha, por outro lado, estavam persuadidos que as sanções econômicas obrigariam o Japão a ceder e que retiraria suas forças das Filipinas e da Malásia, sem que fosse necessária uma nova frente de guerra.
Impasse colocado, o Governo de KONOYE, fortemente influenciado pelo Ministro da Guerra KI-DEKI TOJO, já admitia a hipótese de uma retirada da Indochina, mas não aceitava a possibilidade de abandonar a China. O Príncipe KONOYE chegou a propor um encontro pessoal com o Presidente dos EUA, Roosevelt, na esperança de obter concessões que lhe permitisse moderar a belicosidade de seus militares. Porém, os EUA recusaram o encontro.
KONOYE renunciou em Outubro de 1941, sendo sucedido por KIDEKI TOJO. Então, os militares fixaram a data de 29 de Novembro como prazo limite para um acordo com os Estados Unidos. CORDELL HULL, porém, recusou a proposta final do Japão (sair da Indochina, desde que os EUA não ajudassem a China). Nesse ínterim um novo negociador KURUSU SABURO (1888 – 1954) foi aos EUA para tentar novas negociações, mas como se viu depois, era apenas uma simulação, pois simul-taneamente, a 26 de Novembro, uma grande esquadra zarpava em direção ao Pacifico Norte. Em 07 de Dezembro de 1941, sem qualquer aviso, essa mesma esquadra atacou a base naval americana de PEARL HABOR e, também, HONG KONG, Cingapura e as Filipinas.

 

Em 06 e 09 de Agosto de 1945, HIROSHIMA e NAGASAKI foram exterminadas pela Bomba Atô-mica lançada pelos EUA. Em 14 de Agosto de 1945 o Japão se rendeu.

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terça-feira, janeiro 31, 2012 - 20:31

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