Estár só

Dói. Tudo dói.
Dói o que foi, o que era para ser.
Dói existir.
Dói estar em ti, dói não saber de mim.

Estou a ficar sem ar, sem palavras. O meu coração está cada vez mais pequeno.
Está a chover lá fora.
Está a chover cá dentro.
Está vento lá fora.
Está vento cá dentro.

Sinto que estou a ser por um sentimento que eu não pedi. Eu nunca quis amar-te. Eu sabia que se o fizesse acabaria sufocada.

Quero matar-me. Mas por entre tantos desejos eu descubro que já morri.
Eu morro todos os dias.
Morro a todos os segundos.
Morro por mim, por não saber estar sem ti.
Morro porque dói.

Já não aguento mais tanta dor! Tamanha angústia. Ninguém vê. Ninguém sente. Ninguém se não eu.

Vou esquecer-te.
Esquecer as promessas,
esquecer os sorrisos,
as mágoas,
o que é bom e o que se tornou mau.

Vou esquecer-te.
A ti e a mim,
que existo na ilusão,
que me recrio na realidade.

A quem quero eu enganar? Não te vou esquecer. O meu corpo insiste em lembrar-me da tua existência.
A tua pele de encontro à minha, parecem ondas a rebentar na areia.
Aquilo que escrevo não é meu. É teu. Tudo em mim é teu. Só depois de o aceitares poderá ser meu.

Vou ali procurar-te. Não porque quero. Mas porque te procuro. Em todos os locais. Em todas as pessoas.