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Estrela cadente

Uma estrela rabiscou o céu numa noite escura. Pedi para que ela me levasse até você. Ela brilhou por pouco tempo e logo se desfez. Fiquei perdido no meio do caminho. Estava escuro, frio e sozinho. Deitei próximo a uma árvore, me encolhi e fiquei admirando as folhas dançarem no compasso do vento. Então começou a viagem.
A estrela voltou a brilhar forte. Eu a segui durante semanas e conheci uma infinidade de caminhos. Paisagens maravilhosas, riachos, flores de cores variadas e perfumes divinos. Os dias passavam e nada de encontrar você. Olhei para o meu corpo. Estava sentindo dores e percebi alguns arranhões. Minha calça branca tinha marcas de sangue. Estava tudo muito confuso, mas eu não parava de andar buscando você.
Cheguei num jardim mágico. Não sabia o nome das flores ali existentes. O silêncio era absoluto e logo avistei você. Seus cabelos cacheados eram marcantes. Fui me aproximando e você virou sorrindo para mim. Que sorriso! Era um misto de luz e paz. Ajoelhei aos seus pés e lhe pedi perdão. Você não sabia o motivo do perdão e eu comecei a enumerar:
- Perdão porque eu nunca te dei a atenção devida. Perdão pela brigas ocasionadas pelo meu egoísmo e minha falta de cumplicidade. Perdão porque fiquei cego nos meus anseios e me esqueci de te ajudar nos seus. Perdão por não ter retribuído o sorriso pela manhã ou nunca ter tido a iniciativa de dizer eu te amo.
Eu chorava aos seus pés e minhas lágrimas regavam seus pés brancos e descalços no campo verde.
- Perdão porque te fiz chorar. Perdão porque eu não soube lhe dá o valor que você merece. Perdão pela minha frieza, pela minha indiferença, pelas palavras que te feriram, pelos aniversários esquecidos.
Levantei-me lentamente segurei a sua mão, olhei profundamente nos seus olhos e disse:
- Eu nunca amei alguém como você. E não serei capaz de amar novamente assim. Juro-te amor eterno minha vida.
Mais uma vez você sorriu e junto caiu uma lágrima. Foi quando abri os olhos. Eu já estava a algumas semanas em coma. E esta era a última imagem que tinha de você.
Sofremos um acidente de carro na volta de uma viagem. Estávamos brigados porque ela não queria voltar naquele dia. Ela morreu no acidente e eu não pude fazer mais por ela o que hoje sinto muita necessidade de fazer. Acordá-la com um café da manhã e uma rosa. Ir ao cinema ver um filme de amor. Comer uma pizza no domingo à tarde. Ver o sol se pôr ouvindo as ondas quebrarem na praia.
Hoje faz 15 anos que a perdi. Nunca amei outra pessoa. Como queria ter ficado contigo a eternidade naquele jardim.
Hoje, mais uma vez uma estrela rabiscou o céu escuro. Essa estrela é você. Escreveu claramente na escuridão: Amo você mô.
Seguirei eternamente essa estrela. Em breve lhe encontrarei.

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quinta-feira, julho 7, 2011 - 18:32

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