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As etnias, as nacionalidades e das taxonomias em que tropeço

Sou da língua portuguesa, como diz o poeta, mas povoada constantemente por colonos de outros falares, o inglês, o alemão o espanhol; o francês cada vez menos me ataca, apenas em nostálgicos momentos bacocos de que me envergonho, tipo, si tu m’ aimais et si je t’aimais comme je t’aimerais. E custa-me a admitir ter sido infectada por eles, é muito mais in ser assaltada por sons como unwahrscheinlich gut ou wunderbar, melhor ainda das Land ,wo die Zitronen bluhn e perfeitamente aceitável my baby girl. Há quem diga que me habitam as línguas de antepassados.


1/8 caucasiano, 1/8 asiático, 1/8 minhoto da raia, 1/8 celta, 1/8 espanhol, 1/8 germânico e talvez holandês, 1/8 africano de África, e aparentemente 1/8 chinês , são oitavos a mais , até um goês, um outro Indonesich. E bem sinto o oitavo marciano além do meu lado lunar.

O que sei de fonte segura é que, antes de mim se andaram a comer uns aos outros, nos dois sentidos, e gostaram, e escandalizaram.
Uma identidade distorcida, problemática. Pois é.

Mas há mais problemas de identidade? Por vezes apetece-me dizer que pertenço a esta espécie de gente, ou será a este género de bichos? 
    -   O estranho animal terrestre que aparece coberto de pelos por todo o corpo. Mama, mas desenvolve ovos na idade adulta. Os ovos, quando não fecundados, desfazem-se dentro destes seres transformando-se em postas de sangue que invadem o orifício vaginal periodicamente.


Vários especialistas se têm debruçado sobre este grupo macacóide, sobretudo o de mamas e sanguinolento. Não parecem entender-se  sobre este género muito lunar, que aparenta ter passado por Marte. Desde a antiguidade que peritos procuram em caixas de Pandora, o segredo da atracção - repulsão que estes seres provocam nos mais desprotegidos, os que não fabricam ovos. O medo é o principal inibidor de equilíbrio entre esta espécie. Eurípedes chega a retratar os das mamas como os imprevisíveis e também ouvi dizer que as troianas se sentiam um bocadinho infelizes. Mas a minha cultura não atinge os clássicos.


Sei que sou um aprendente permanente/ que em tudo /pessoas , coisas e animais/ se procura /e ao que veio/ e ao que vai.


A mim, basta que me deixem pensar para ser feliz. Se me imagino sem esta torrente que borda palavras, entretece sentimentos, exagera as emoções, sinto-me profundamente infeliz.
Faz -me falta o excesso. Frases do tipo, não cabia em si de contente, desgraçadinha, como as pedras da calçada.

Teria sido talvez bruxa, e acabaria queimada na fogueira. De que etnia?


 

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sábado, junho 4, 2011 - 17:17

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maria joão carrilho

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