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KANT e a "Filosofia Critica"
KANTISMO – KANT, IMMANUEL – nascido em KONIGSBERG, Alemanha, Kant viveu de 1724 a 1804, sempre na mesma cidade e mantendo hábitos tão rigorosos que se diz que seus vizinhos acertavam os relógios pelos passeios que o filósofo dava com seu cão, pontualmente às 15h00 de todos os dias.
Características e hábitos excêntricos a parte, Kant foi um dos filósofos que mais contribuíram para o enriquecimento da Filosofia e um dos que mais influenciaram na formação do Pensamento atual. E tudo isso graças a sua genialidade que o fez explorar um Campo do Conhecimento que até então não merecera maior atenção dos Sábios, embora já existissem teses e até Sistemas que versavam sobre a forma em que ocorre o aprendizado humano.
Ao contrário dos outros Pensadores que estudavam um ou mais Objetos, Fatos, Seres etc. Kant estudou qual é, de fato, a Capacidade Humana para analisar, estudar, compreender e emitir Juízos (ou Julgamentos) Morais e Conceitos (ou Noções) objetivos sobre os fatos, os Seres e as Coisas. Kant estudou o Individuo e sua capacidade de “Entender” o objeto, Ser ou fato que analisava. Dedicou seus esforços para explicar como é o funcionamento do mecanismo de apreensão e de compreensão da Realidade que permite ao Homem saber-se inserido em um Universo. Nessa notória pesquisa e exposição sobre o Processo Intelectual, Kant teceu considerações sobre o alcance e a abrangência da capacidade humana para entender as Coisas que rodeiam os Homens. Qual a validade do Saber adquirido? Qual a confiabilidade do Conhecimento apreendido? E tantas outras questões concernentes ao Conhecimento.
O pensamento de Kant pode ser dividido em duas etapas:
PRÉ CRITICA (1755/1780) – nessa fase seu Pensamento insere-se na tradicional Metafísica de LEIBNIZ (1646/1716, Alemanha) e WOLFF (1679/1754, Alemanha) que dominavam o cenário intelectual da época. Para LEIBNIZ “a demonstraçao matemática permite determinar o Possível, mas é insuficiente para comprovar o Real (ou a Realidade); para CHRISTIAN WOLFF “a Filosofia é a Ciência dos Possiveis (procurando explicar Como e Porque são Possiveis). Também é dele o enunciado sobre o Campo da Moral “faça o que te torna mais perfeito, a ti e a teus próximos, e te abstenhas do oposto”. Pode-se ver nessas afirmações dos filósofos alemães o prenúncio do Sistema Kantiano e é nesse período que ele escreve, entre outros textos, a obra “Dissertação de 1770”, que lhe rendeu a cátedra da Universidade de sua cidade, onde, aliás, chegou ao posto de Reitor. Embora escrito em conformidade com a Metafísica Tradicional, o livro já anunciava alguns temas que seriam esmiuçados na “Fase das Criticas”. Dentre outros, é possível citar:
a) A questão dos Limites da Razão (ou da Racionalidade, ou da capacidade de Raciocinar).
b) A solução das questões de ordem Metafísica, já prévia e timidamente revistas.
FASE das CRITICAS – a qual, segundo Kant, iniciou-se por influência de suas leituras dos filósofos adeptos do Empirismo*, sobretudo pela leitura de HUME (1711/1776, Escócia). Tornou-se célebre, aliás, a sua afirmativa de que “HUME despertou-me do sono dogmático”.
As objeções céticas que HUME fazia ao Racionalismo* Dogmático e à “Metafísica Especulativa (isto é, as abstrações, as divagações, os pensamentos sobre o quê está além da física, da matéria e que, para ele, não teriam utilidade ou validade concreta nenhuma) levaram Kant a duvidar se a “Metafísica Tradicional” seria, de fato, verdadeira, válida. Todavia, ainda defendia (embora sem a mesma convicção de antes) as possibilidades das Ciências (ou dos Saberes) e da Moral, baseada na crença metafísica de que os Valores Morais foram ditados pela Divindade cultuada pelas Religiões, principalmente a Católica que ainda dominava a Europa apesar da Reforma de Lutero.
Contra o Ceticismo* intransigente de HUME, Kant sentiu renovar sua INTUIÇÃO sobre a existência real da Metafísica (em outras bases, certamente; fato que o levou a ser acusado de tentar extinguir a própria Metafísica) da Dualidade e do “Espiritualismo*” de Platão; ou seja, Os dois Mundos: o das Idéias eternas, espirituais, essenciais; e o das Coisas materiais, físicas, efêmeras, finitas etc. Aliás, para muitos, Kant foi uma “caixa de ressonância” das FILOSOFIA de Platão, que de certa forma tinha sido aviltada na Idade Média quando serviu como comprovação (sic) das “Verdades” religiosas.
Caixa de Ressonância e de revalorização das Doutrinas platônicas, que com ele receberam o justo reconhecimento e esclarecimento. É certo que Kant também se tornou devedor de Platão, pois foi através do grego que ele conseguiu montar seu Sistema de Pensamento, o qual, diga-se, ainda é a base para muita filosofia atual. E, também, para muita Ciência atual.
Sua idéia de que há uma Essência, ou “A Coisa em Si”, por exemplo, foi utilizada para o esclarecimento da questão dos Elétrons. Como se sabe, essa partícula subatômica Não é captada por nenhum dos Sentidos, mesmo com o uso da mais avançada tecnologia em microscópios e outros instrumentos. Não é visível e, claro, não é ouvida, nem sentida pelo Tato.
O empirismo*, note-se, não foi suficiente para lhe comprovar a existência e, no entanto, sabe-se racionalmente (por dedução lógica) que Elétrons existem. E Kant podia explicar e comprovar essa existência, como se verá na seqüência:
Kant foi um dos responsáveis – talvez o principal – por essa junção de Racionalismo* e Empirismo*, estabelecendo que tanto o Empirismo, quanto o Racionalismo (e até certo ponto, um tipo de “espiritualismo”) são ferramentas básicas para que o Individuo chegue ao Conhecimento e, como no exemplo anterior, onde um termina, o outro pode começar, sendo que o resultado será o mais verdadeiro possível.
A partir de Kant, tornou-se cientificamente aceitável a dedução teórica, pois se compreendeu, graças aos seus esforços, que tais deduções não seriam comparáveis às antigas crendices sem embasamento. As deduções, os Conceitos, são na verdade, o resultado final de um processo que envolve tanto o Empírico, quanto o Racional. São, ao cabo, confiáveis.
Mas como se dá esse processo?
Antes de adentrarmos nesse mecanismo será conveniente rememorar que em Kant o termo “CRITICA” significa um ESTUDO MINUCIOSO, aprofundado. Diferente do sentido que usualmente é empregado e que significa: julgamento depreciativo, pejorativo.
A Filosofia Critica pode ser dividida em quatro linhas mestras:
a) O que o Homem pode ou consegue saber?
b) O que o Homem deve saber?
c) O que o Homem tem direito de esperar; qual esperança pode ter?
d) O que é, ao cabo, o Homem?
Em sua obra “Lógica”, de 1800, Kant afirma que: “a filosofia ... por um lado É a ciência (o estudo, ou o conhecimento) do relacionamento que existe entre todo Conhecimento e o uso total da Razão, ou raciocínio, ou racionalidade. E, por outro lado, é a ciência ou a pesquisa sobre qual é a finalidade da Razão Humana. Finalidade esta à qual todas as outras finalidades são subordinadas” (Em outros termos: 1 - por que o Homem tem a capacidade de raciocinar? 2 - As outras finalidades – como a digestão, por exemplo – só tem sentido, só tem algum significado porque é necessária para que a capacidade de raciocinar sobreviva. Afinal, quando o cérebro morre, extingue-se ao mesmo tempo o motivo das outras finalidades serem executadas).
Voltando ao Sistema, veremos que a primeira Linha, abordada na “Critica da Razão Pura (ou, o estudo minucioso do Raciocínio antes que o mesmo tenha sido afetado por alguma experiência)”, dedica-se a desvendar o que o Homem consegue saber. Aqui, Kant, investiga quais são os limites da Razão; ou seja, até onde pode chegar o raciocínio no Campo do Conhecimento. Até que ponto a Racionalidade pode atingir? Qual será, pois, a sua capacidade de conhecer, apreender, compreender, entender?
Procurando estabelecer em quais condições é possível que exista um Conhecimento efetivo, Kant observa que a Razão também é “mal utilizada”, quando se usa o Raciocínio de forma aleatória, inconseqüente, ou maldosamente. Esse “mau uso” é inevitável, mas o que produz não pode ser considerado “Conhecimento Verdadeiro” e, por isso, é necessário diferenciar essa “má” utilização daquela que produz Saber Verdadeiro.
Nesse ponto, recomendamos ao (a) leitor (a) que leia no final desse dicionário o item “Metafísica Ilegítima”.
Para o filósofo alemão, o “Saber” provem de duas fontes:
a) SENSIBILIDADE – através da qual os Sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) captam os Objetos e os “levam” ao Raciocínio. Aqui o Objeto é sentido, percebido.
b) ENTENDIMENTO – a função mental que analisa, classifica, organiza e emite um Conceito (uma definição) sobre o Objeto que a Sensibilidade lhe trouxe. Aqui o Objeto é Pensado.
Apenas por efeito dessa soma de “Sentir + Pensar” é que o Homem pode ter a “experiência do Real”; isto é, experimentar, captar, entender a Realidade.
Porém, essa capacidade humana de ter a “Experiência do Real” é condicionada, ou limitada (por sua “Estrutura Mental”) de tal maneira que só é possível ao Homem conhecer o “Mundo dos Fenômenos (Fenômeno é o corpo físico, material de uma Essência. Aquilo que pode ser percebido pelos Sentidos
Essa constatação, aliás, poder ser feita pelo (a) leitor (a) se lhe fosse pedido para “Entender” certo Objeto que nunca viu, ouviu, sentiu etc. Não há como ter um Conhecimento Verdadeiro. É certo que se pode imaginar tal Objeto, mas isso seria apenas uma quimera, uma ilusão, uma especulação e NÃO um Saber efetivo.
Ao Homem é possível conhecer o Fenômeno, a aparência, mas não a Essência, ou “A Coisa em Si” ou “NUMENO”, como Kant a chamava. Não consegue chegar à Realidade, independentemente do tipo de relação que mantém com o Objeto; ou seja, mesmo em aprofundados estudos, nunca se avança além do que é perceptível pelos Sentidos.
A partir da constatação dessa incapacidade, Kant elabora o chamado “MÉTODO TRANSCENDENTAL” que é a análise das Condições que favorecem ou impedem o verdadeiro conhecimento. É uma profunda reflexão sobre as bases da “Ciência do Conhecer”, e da Experiência, enquanto canal que leva o Objeto ao Raciocínio para ser investigado, estudado. Chamou-o “MÉTODO TRANSCENDENTAL” porque vai além do Objeto estudado, transcende-o; na medida em que passa a estudar as Condições e com qual abrangência e validade, tal estudo é feito.
Nesse ponto, recomendamos ao (a) leitor (a) que leia no final desse dicionário os itens: “Transcendental” e “Dialética Transcendental”.
Já na sua obra seguinte, a “Critica da Razão Prática (ou o estudo detalhado sobre o raciocínio aplicado às questões materiais), de 1788, Kant estuda as bases, os fundamentos da “Lei Moral”; ou, como é feito o conjunto de regras que definem o que se considera como Certo ou Errado. Nesse livro, consta o célebre enunciado do “Imperativo Categórico”; isto é, aquela categoria ou classe de atos que devem ser feitos, inexoravelmente, de certo modo; e que todos possam fazê-los. Que seja universalmente possível. Assim, diz o enunciado “age de tal forma, que a norma de tua ação, possa ser tomada como Lei universal”. É um Principio ou uma Regra Formal (com formato solene, obrigatório) e Universal (destinada a todos) que prega que o Homem só deve basear sua conduta em Valores que todos possam adotar. Todavia, Kant, não especifica quais seriam esses Valores. Menos por distração e mais por ter a Sabedoria de que os Valores Morais são relativos e mutáveis, cabendo a cada época e lugar escolher aqueles que melhor lhes convenham.
Na terceira das “Criticas”, a “Critica da Faculdade de Julgar (ou o estudo detalhado sobre a capacidade humana de emitir Juízos (ou Julgamentos)”, de 1790, o Sábio tenta estabelecer as “Bases Objetivas (ou universais, práticas, impessoais, gerais, fundamentada em dados materiais, concretos)” para o “Juízo Estético (ou o julgamento do Belo)” de modo semelhante ao que ocorre na Ética. Sabe-se que nessa última, os Valores estão baseados em princípios impessoais, pois seria impossível criar uma “Escala de Valores” se cada Individuo seguisse aquilo que julgasse correto. A intenção de Kant, portanto, seria estabelecer (sem imposição tirânica, diga-se) critérios para que o “Belo” pudesse estar ancorado em normas gerais e não só no ponto de vista de quem o vê.
Essa colocação pode parecer presunçosa e em desacordo com a Alma libertária de Kant, pois uniformizar a noção do seja “Belo”, de fato, parece ser uma tentativa de impor uma visão despótica em detrimento da capacidade subjetiva (ou individual) de cada um estabelecer o que se lhe afigura como Beleza. Porém, nessa obra, Kant foi além da mera questão sobre a Estética, desenvolvendo todo um estudo sobre o juízo Teleológico (julgamento sobre a finalidade das coisas) que reconhece haver uma finalidade, um propósito para a Natureza, para os Objetos, para os Seres. Em suas palavras: “a beleza é a forma da finalidade em um Objeto, percebida, entretanto separadamente da representação de um fim”. Em termos coloquiais, temos: o que se julga Belo ou Feio em certo Objeto é, na verdade, o julgamento que se faz (inconscientemente) sobre a Finalidade do mesmo. Será útil ou não? Prazeroso ou não? Assim, chama-se de “Belo” o que pode parecer útil, prazeroso, ou conveniente ao observador; e de “Feio” o que parecer ser inútil, inconveniente, desagradável ao observador. Porém, o Homem não pensa na “Finalidade” e na “Beleza ou Fealdade” de forma conjunta. Separam-se em duas classes esses julgamentos.
Além das “Criticas”, o Sábio alemão escreveu outras obras de enorme repercussão e importância, dentre as quais se pode citar os “Prolegômenos a Toda Metafísica Futura”, de 1783, que visava retomar as idéias expostas na “Critica da Razão Pura”, tornando-a mais acessível ao público leigo. Outra obra importante é “Fundamentos da Metafísica dos Costumes”, de 1785, que trata da Ética e de suas bases “espirituais”; ou seja, daqueles embasamentos que estão além das motivações materiais. Em 1793, Kant escreveu um tratado sobre a “Religião nos Limites da Simples Razão”. Em 1795, um livro sobre Política, chamado “Tratado sobre a Paz Perpétua”; e mais tantas outras que o consolidaram como Sábio de imenso valor.
A seguir abordaremos, novamente, o KANTISMO como Sistema:
A influência de Kant em sua época foi enorme, principalmente após a publicação da “Critica da Razão Pura”, em 1781, que aglomerou um grupo de seguidores entusiasmados pela recém inaugurada “Filosofia Critica”. É verdade que também surgiram vários opositores, em sua maioria “Pensadores Tradicionalistas” que acusavam a nova filosofia de pretender extinguir a Metafísica. O fato é que tais oposições só ocorreram devido a má compreensão sobre o Sistema Kantiano. Afinal, Kant nunca negou a existência de algo além da Física. A sua “Coisa em Si” é uma prova de sua crença que há, sim, coisas que ultrapassam o Material, o Físico, o Concreto. O que Kant fez foi classificar o Conhecimento sobre a Metafísica de impossível, pelas limitações humanas que já foram citadas.
Mas é claro que ao declarar que a Metafísica está além da compreensão do Homem, Kant mexeu num vespeiro teológico, pois como Conciliar os Dogmas sobre um “Deus Provedor e acessível através de preces e submissões” com um “Deus Desconhecido” e inatingível? Pastores, Padres e outros que se viram prejudicados, tanto em termos de Crença como Economicamente, reagiram com desespero inútil, pois o sucesso de Kant já estava consolidado.
Aqui, recomendamos a leitura do item “Metafísica Ilegítima”, no Glossário que encerra esse capitulo.
Os adeptos aumentaram progressivamente e alguns deles foram decisivos para a difusão do Pensamento Kantiano. Dentre outros, pode-se citar: MARCUS HERZ (1747/1803); JAKOB S. BECK (1761/1840) E KARL L. REINHOLD (1758/1823). E mesmos os Pensadores que discordavam das teses Kantianas acabaram mostrando-se influenciados por ele, como, por exemplo, GOTTFRIED HERDER (1744/1803) e FRIEDRICH JACOBI (1743/1819).
O Kantismo, como se viu, é o “Método Analítico Transcendental” e a “Filosofia Critica”, onde o foco central NÃO está no Objeto estudado, mas sim nas características, possibilidades e validades daquele estudo. Ao invés do Objeto, analisa-se como tal Objeto é estudado e compreendido. O Sistema de Kant foi a última etapa do Racionalismo Iluminista, onde, é claro, a atenção central está no estudo da Razão ou do Raciocínio, com o conseqüente afastamento das superstições e crendices mágicas, ocultistas e religiosas. Ou como disse Kant: da “Metafísica Especulativa”.
Pode-se dizer que o Kantismo também representou o inicio do Idealismo* Clássico alemão, onde despontaram nomes como o de Hegel e Schopenhauer. Idealismo que posteriormente foi substituído pela “Filosofia Romântica” de SCHELLING (1775/1854) e esta pelo “Idealismo Subjetivo” de FICHTE (1762/1814). Todos eles fortemente influenciados por Kant, mesmo quando rompiam com seu ideário.
Pela importância que o Pensamento de Kant teve, e que conserva, sugerimos um aprofundamento dos (as) interessados (as) na Filosófica Critica. A seguir, colocamos à disposição um brevíssimo Glossário com alguns outros termos usados pelo Filósofo e alguns que já foram citados neste Ensaio, mas que necessitam de explicações e considerações adicionais.
Porém antes de prosseguirmos, alertamos que haverá repetições de assuntos já tratados. Foi intenção do autor desse ensaio tentar reduzi-las ao mínimo possível, mas nem sempre isso foi possível. Dessa forma, fica a critério do (a) leitor (a), contentar-se com o que até aqui foi exposto – e que abrangeu os aspectos mais importantes do Kantismo – ou seguir para um mergulho mais intenso nas Idéias do Pensador alemão que, de certa forma, foi quem desenhou o Pensamento atual.
Voltaremos à “Critica da Razão Pura” para nos aprofundarmo-nos sobre o processo de aquisição de Conhecimento e sobre dois pontos de importância relevante: o Espaço e o Tempo.
Sabe-se que o termo “Sensibilidade”, em seu sentido geral, significa a Capacidade de Sentir, ou de ser afetado por algo que seja percebido ou captado pelos Sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato).
Para Kant, Sensibilidade (SINNLICHKEIT, em alemão) significa a capacidade humana de formar Representações (ou “desenhos mentais”) dos Objetos, conforme a maneira pela qual afetaram o Indivíduo; e/ou a Capacidade, ou faculdade, que fornece ao Homem a matéria (ou o que for perceptível) dos Fenômenos (Fenômeno é o corpo físico, material de uma Essência. Aquilo que pode ser percebido pelos Sentidos
Kant também considera o ESPAÇO e o TEMPO como Sensibilidade, ou como “Formas Puras da SENSIBILIDADE; isto é, a sensibilidade que não depende de fatores externos para existir”. O Homem já nasce com essa capacidade, a qual pode ser equiparada a uma INTUIÇÃO.
A partir disso, Kant afirma que Tempo e Espaço são duas Condições presentes no Homem desde o nascimento. Através dessas “condições”, todos os fenômenos captados são Entendidos como algo (um objeto, uma pessoa, um fato) que aconteceu (ou que acontece) em determinado Tempo e em certo Espaço. Sem que se saiba “Onde e Quando” algo ocorreu, a informação relativa que for trazida ao cérebro não se tornará Conhecimento. São duas condições “sine qua non”. Segundo o filósofo: “o Tempo não é outra coisa que não a forma, ou a estrutura, do SENTIDO INTERNO; que ao contrário dos Sentidos Externos (visão, audição, tato, paladar e olfato), percebe ou intui o próprio Individuo e o seu interior. É a Intuição da ‘Alma’ do Homem”. Em relação ao Espaço, Kant também o classifica como INTUIÇÃO PURA, ou uma Forma, um maneira, A Priori da Sensibilidade.
Para Kant o Tempo e Espaço Não são construções do “Espírito” ou do Intelecto humano. A noção de Espaço não é ensinada ou apreendida. É uma capacidade natural do Homem. Também Não é uma realidade fora dele, independente do Individuo, mas é a forma ou a maneira do Homem perceber o Mundo Exterior a si próprio.
Sem a noção de Espaço e de Tempo, o Ser Humano não conseguiria ter Percepções diferentes, porque dois Objetos percebidos ou são sucessivos (Intuição do Tempo) ou são simultâneos – surgem na mesma hora (Intuição do Espaço), haja vista que mesmo em Filosofia, dois, ou mais, Objetos não podem ocupar o mesmo espaço, no mesmo tempo.
Por essas colocações, alguns deduziram que para Kant, o Espaço e o Tempo NÃO existem fora dos Indivíduos. Existiriam apenas enquanto existisse o individuo, pois – até onde se sabe – para algo ou alguém que morreu ou foi extinto, o Tempo não passa e o Espaço deixa de existir na mesma proporção e velocidade que a da degeneração da matéria que envolvia Quem ou o Que acabou. Alguns eruditos, porém, argumentam que Kant acreditava que Tempo e Espaço são reais e que formam um “cenário” onde Seres e Coisas passam e acontecem. Para outros, a noção de Tempo e Espaço finitos e limitados, serviria apenas para os Fenômenos, mas que ambos poderiam ser Infinitos e Ilimitados e, também, Independentes no “Mundo das Coisas em Si” que Kant afirma existir, embora sempre fazendo a ressalva de que tal Mundo de Essências não pode ser conhecido pelo Homem devido as suas limitações intelectuais que, como já se viu, necessitam “Perceber” um corpo físico, um objeto concreto para compreendê-lo através do binômio: Sensibilidade e Racionalidade.
GLOSSÁRIO
CATEGORIAS – existem várias formas de Juízos (ou Julgamentos) que podem se referir à quantidade, à qualidade, ou ao fato de serem Universais, serem Singulares ou Particulares, afirmativos, negativos etc. É graças a essa variedade que se torna possível definir “A Priori” os Conceitos possíveis que são formulados (ou aplicados) sobre o Objeto que foi captado e racionalizado. Esses Conceitos podem ser: de Substância, de Causa, de Realidade, de Necessidade etc. e são “Puros” porque o Homem os traz desde o nascimento. Antes de ter sido o agente ou o assistente de qualquer experiência. Kant chama tais Conceitos de “Categorias”, sem quais, segundo ele, seria impossível “compreender o múltiplo” que a Sensibilidade captou e que a Intuição levou para o Cérebro processar. Mal comparando, seriam como “Gavetas de um arquivo” que recebem os materiais previamente a elas destinados.
COISA EM SI – ou NUMENO (de NOUMENON) é o “Objeto em si mesmo”, sem qualquer atributo, ou qualidade, ou característica que a Experiência Empírica lhe acrescentará. São incognoscíveis (ie. o Homem não tem capacidade para compreender) porque o Conhecimento Humano depende da Sensibilidade captar algo, e como Não há nada que possa captar, o Conhecimento da “Coisa em Si” não é possível. Está além da capacidade do cérebro humano que só é capaz de conhecer o “Fenômeno (Fenômeno é o corpo físico, material de uma Essência. Aquilo que pode ser percebido pelos Sentidos
CONCEITOS – pensamento, idéia. Em sentido geral é a noção abstrata que se faz de um Objeto ou de uma Classe de Objetos. Para Kant, Conceito é um cruzamento de Juízos (ou Julgamentos) que produz uma definição para o Objeto que ensejou tais cruzamentos. Kant os diferencia em duas classes: 1) A PRIORI ou PUROS que são as “Categorias do Entendimento”: o conceito de unidade, de pluralidade, de causalidade etc. 2) A POSTERIORI ou EMPIRICOS (as noções gerais definindo Classes de Objetos): conceito de vertebrados, conceito de prazer etc.
CONHECIMENTO – é o Produto do Entendimento (ver Entendimento). Também são os Conceitos formados pela sintetização ocorrida no Entendimento. O Conhecimento que ocorre mediante os Conceitos (que são sintetizados pelos Juízos ou Julgamentos) nunca será desordenado, pois os Juízos são formados conforme certas Regras e Princípios da Lógica, que, também, são A PRIORI.
DIALÉTICA TRANSCENDENTAL – para que as Representações sejam reunidas em uma Unidade (sem o que não há Síntese) é preciso pressupor que exista a Condição “favorável” que torne possível tal união. E essa “Condição favorável” é precisamente o “Sujeito do Conhecimento (o Individuo que busca o Conhecimento, que está estudando)”. Mas qual seria a Condição para que esse Sujeito tenha a capacidade requerida? Teria que ser, na verdade, um “outro sujeito”, que não fizesse nenhuma exigência e nem impusesse qualquer sub-condição para fazer a citada União ou Reunião. Uma espécie de “recipiente” que acolhesse tudo que lhe chegasse. Uma Entidade que a Metafísica chama de “Alma”. Ou, por outro, que seja uma tipo de “Causa (de motivo)” que ligue um Objeto, ou um fato, ao outro, possibilitando através desse ordenamento, ou organização, o efetivo Conhecimento. Então, tanto como “Alma” quanto como “Causa”, esse Individuo é o que possibilita à Razão estabelecer uma série completa de Causas e Acontecimentos, que no fim, é o Mundo. Mas a Razão também pode imaginar, ou conceber, a existência de uma “Condição Incondicionada (ou seja, uma condição sem limite, que permite que Tudo, ou melhor, que “Todos os Possiveis” aconteçam)”; o que pode ser chamado, novamente, de “Alma” ou de “Mundo”. Ou, então, de Deus. É essa, pois a Dialética Transcendente. Dialética por ser um Processo; Transcendente por ir além, por transcender o Objeto estudado.
ENTENDIMENTO – é a faculdade ou a capacidade de Pensar. A síntese referida no item “Conhecimento” pressupõe que o Individuo tenha uma Faculdade (ou uma potencialidade) de Sintetizar (unir os diferentes, tornando-os organizadamente unos, singulares) os dados que lhe chegam através da Sensibilidade e Intuição. Para Kant, é precisamente essa capacidade de sintetizar que forma o “Entendimento”.
ESPAÇO – para os filósofos do Empirismo* a noção de Espaço é fruto de uma Abstração (divagação, especulação) causado pela coleta dos dados Empíricos. Por exemplo: vê-se uma casa, tem-se, portanto, a idéia de que ali há um Espaço. Mas supondo que “a casa” foi um devaneio, uma abstração sem vinculo com a Realidade concreta, ainda restará a noção, pois se viu, de que ali há um terreno; um Espaço, um “lugar” que ela ocuparia se existisse. Para Kant, saber desse “Lugar” é fruto do “Saber Intuitivo”, que todo Homem tem desde o nascimento. E é através desse “Saber Intuitivo”, que o Homem vê o Espaço como algo que está fora de si, que lhe é exterior. Mal comparando, seria um “Palco” onde se desenrolam os acontecimentos que ele “assiste” à certa distância. Sem essa Intuição não lhe seria possível imaginar, ou representar, os próprios lugares que abrigam os Objetos que percebe através de seus Sentidos. O Espaço, portanto, é a “Condição Indispensável (atendida pela capacidade nata que o Homem tem para intuir a existência do Espaço)” e A PRIORI, para que se realize qualquer percepção que iniciará todo o processo que leva ao Conhecimento efetivo.
FORMA – Jostein Gaard em sua obra, “O Mundo de Sofia” fez a metáfora com a Fôrma usada por um confeiteiro para que a massa que fizera adquirisse o formato de um gato. Outra fôrma modelaria a massa como um cão etc. Certamente foi uma metáfora brilhante, como de resto é toda sua obra. Pois bem, para Kant, a forma (ou a fôrma) está no Sujeito. É sua estrutura mental que modela o que ele recebe através da Sensibilidade. A forma é um Principio que domina a matéria fazendo dela uma determinada Coisa; a qual, justamente por isso, pode ser compreendida. É inteligível. A matéria é considerada um substrato moldável que deve assumir alguma Forma (ou algum formato) para se tornar uma Coisa que seja compreensível. Aliás, a filosofia de Kant é classificada como “Formalista” porque nela a “Forma” é o Produto da ação autônoma (independente de estimulo) do “Espírito” humano. Por isso, ele chama de “Formas” as normas da Sensibilidade e as categorias do Entendimento que ao dominarem a Matéria formam os Fenômenos.
FENÔMENOS – para Kant, o Espaço e o Tempo formam a “Receptividade”. São “receptáculos” que nada contem, pois a “Matéria” só pode vir A POSTERIORI, ou depois da Experiência Empírica (aquela que consiste na percepção dos dados ou características do objeto estudado, através do que foi captado pelos Sentidos; ie. audição, visão, tato, olfato, paladar). Chegando através da captação feita pela Sensibilidade, é organizada segundo certas relações imprescindíveis (ou normas indispensáveis) do Espaço e do Tempo e, então, aquele objeto que chegou e se enquadrou nas normas do Tempo e Espaço passa a ser considerado um Fenômeno, que como se sabe, é o corpo físico, material de uma Essência. Aquilo que pode ser percebido pelos Sentidos (tato, audição, olfato, paladar, visão) Humanos. Porém, até esse ponto, o Fenômeno só pode ser classificado como “Objeto Indeterminado”, porque aparece na Sensibilidade que o captou como se múltiplo fosse. Determinar ou definir o Objeto é o passo seguinte que se dá a partir da “ligação ou sintetização” em uma Unidade, daquilo que era múltiplo. Passará, depois, pelo crivo das demais exigências e só então será classificado em uma das Categorias. Tornou-se um “Conhecimento efetivo”.
JUÍZOS (ou Julgamentos) ANALITICOS – o Conhecimento se forma a partir de Proposições, Afirmações, Negações, Teses, Antíteses, Conceitos e/ou Julgamentos (ou Juízos). Uma afirmação do tipo “A é A”, que obedece apenas ao Principio (ou regra) Lógico da não-contradição é um juízo, ou um conceito, ou uma noção A PRIORI, pois não depende de nenhuma experiência. Esses juízos apenas analisam o que já estava dito ou colocado. São Universais (válidos para todos) e nada acrescentam ao Conhecimento.
JUÍZOS (ou Julgamentos) SINTÉTICOS – ao contrário dos Analíticos, ampliam o Conhecimento, pois realizam sínteses; isto é, a unificação dos vários elementos agregados ao Objeto. O juízo do tipo “A flor é Vermelha”, em que se acrescentou ao Sujeito (a flor) um predicado ou adjetivo (vermelha), é um exemplo dessa ampliação. O Juízo Sintético depende da experiência empírica sensível (viu-se a cor vermelha) e é, portanto, A POSTERIORI. Porém, esse Conhecimento que ganhou um acréscimo será válido apenas para uma Coisa, por isso NÃO é Universal. E tampouco necessário. Afinal, NÃO se disse: TODAS as flores são VERMELHAS. E ser “Vermelha” não é indispensável ou necessário, posto que a flor poderia ser de várias outras cores sem prejuízo ao Sujeito (a flor) da frase.
Juízos (ou Julgamentos) SINTÉTICOS A PRIORI – são os Conceitos Universais (para todos) e Necessários (ou indispensáveis). E são dessa forma porque reúnem as características dos Juízos Analíticos e Sintéticos. A matemática fornece um bom exemplo desses Juízos ou Conceitos:
Sabe-se que 7+5=12. É um Conhecimento Universal e Necessário. É, pois, válido para todos e NÃO poderia ser de outra forma. Mas essa proposição é Analítica? O resultado “12” está embutido na expressão 7+5? Por mais que tal expressão seja decomposta analiticamente, será sempre uma União de 7+5 e nunca o resultado “12”. Tem-se, então, que “12” é um acréscimo ao Conhecimento, mas NÃO foi preciso nenhuma Experiência Empírica para se saber isso; logo, é A PRIORI e Analítico por ser Universal, Necessário e dispensar a Experiência; contudo, também é Sintético porque acrescentou algo ao Conhecimento. É, pois, um perfeito Juízo Sintético a A PRIORI.
METAFÍSICA ILEGITIMA – para Kant as “Idéias Puras” da Razão (isto é, aquelas que dispensam a Experiência) são meras ILUSOES, pois pretendem transformar o transcendental em acessível. Para ele, TRANSCENDENTAIS são as formas ou fôrmas da Intuição (o Tempo e o Espaço); e as formas ou fôrmas do Entendimento (as Categorias). Segundo o filósofo, são como “vasos” que receberão o “Objeto da Objetividade (da existência material)” para analisarem e Conceituaram, transformando-o em Conhecimento efetivo. Nunca será Transcendental esse “Objeto da Objetividade”, exatamente por que é um Objeto que em nada transcende limite algum. Ele é só um Objeto. Para Kant, o que existe verdadeiramente de “Transcendental” são os citados “vasos”, que estão vazios e não tem nenhum significado. Pois bem, a ilusão da Razão (por ignorância ou por má fé) é conferir um significado A PRIORI a esse vazio, transformando-o em Objeto Transcendental e, portanto, além ou aquém, da Experiência possível. Por isso, para Kant, essa faceta da Metafísica não é nem Falsa, nem fictícia. É só uma ilusão produzida pelo “uso ilegítimo ou inadequado” do Conceito “transcendental”. E é por isso que ele condena essa faceta da Metafísica, pois, conforme o exemplo a seguir é um erro atribuir uma Condição àquilo que “não merece” ter essa condição. Exemplo: um Homem acredita em Espíritos e como tem a capacidade mental de criar a imagem de um “Espírito”, ele ingenuamente (ou não) confunde essa sua capacidade de imaginar, com a existência real do Espírito. A partir daí tenta “provar racionalmente” a existência do Espírito. Caso semelhante acontece com Deus; porque se pode fazer sua Imagem ou sua Representação, imagina-se que é possível “provar racionalmente” não a existência daquela imagem, mas sim a do “modelo” para aquele imagem. Provar racionalmente a existência de Deus, como foi a obsessão da Escolástica Medieval. É esse o uso “ilegítimo ou indevido” da Razão. Mas, pode-se perguntar o porquê o Homem faz tal confusão? Por má fé? Para Kant, não. Segundo ele, o desejo de Saber, de Conhecer, de Compreender leva o Homem a cometer esses enganos. Por isso, Kant não pregava contra os Metafísicos, pois eles só atendiam a uma exigência da natureza humana. Tampouco Kant negou a existência do Sobrenatural ou Metafísico, pois ao crer na “Coisa em Si” já demonstrava sua crença que o Mundo e a Vida não podem ser apenas a Matéria, o Físico.
SENSIBILIDADE – para Kant é capacidade de receber informações sobre Objetos que estão no exterior do Individuo e a partir daí criar Representações, ou imagens, sobre o Objeto que lhe emitiu as informações. Na Sensibilidade, a formação da Representação acontece imediatamente após a chegada, ou a captação, das informações, graças à INTUIÇÃO, que é um atributo que o Homem traz desde o útero materno. Nasceu com essa capacidade.
SENTIDO EXTERNO - é uma capacidade mental que permite ao Homem representar, ou formar uma imagem, dos Objetos que estão “fora” de si. Que lhe são exteriores. A INTUIÇÃO de um Objeto só possível se o mesmo for considerado exterior ao Individuo. Portanto, se não tivesse essa capacidade, seria impossível Representar, ou formar a imagem, até pelo fato de que não se perceberia Objeto nenhum.
TEMPO – com o Tempo ocorre o mesmo que com o “Espaço”. Sem o Tempo, não se conseguiria perceber, produtivamente, um Objeto devido ao modelo de aprendizado humano exigir que tudo aconteça em certo Espaço e num determinado Tempo. Se o Homem não tivesse essa Intuição que traz de nascença, ou se a perdesse, como ocorre com os pacientes acometidos pelo Mal de Alzheimer, a capacidade de Representação não contaria nada de coerente, pois quando o Tempo é confundido, junto ficam confusos os dados do Homem, como para esses pacientes que não distinguem as pessoas e os relacionamentos que com elas mantém, ou mantiveram. Não lhes é possível classificar os dados. Assim, vê-se que as noções de Espaço e de Tempo constituem a capacidade que permite ao Homem organizar as informações que lhes chegam pelos Sentidos, tornando-os Conhecimento efetivo, graças a sua outra capacidade natural que é a de Raciocinar.
TRANSCENDENTAL – Kant inverteu a questão que tradicionalmente se colocava para os estudiosos. Ao invés de buscar o Conhecimento sobre o Objeto de Estudo, Kant buscava o Conhecimento sobre o Sujeito que estuda o Objeto. Afirma com veemência que antes de Conhecer as “Coisas”, será preciso “conhecer” a rota que o Conhecimento segue e a partir daí avaliar se aquele Conhecimento é válido, correto, universal etc. Analisar o que é o Conhecimento? Qual a sua validade? Quais suas limitações? Qual sua abrangência? etc. Pois bem, é essa inversão que Kant chama de TRANSCENDENTAL.
Para a filosofia Escolástica (Corrente Filosófica que surgiu a partir da Patrística, a filosofia dos Padres da primitiva Igreja Católica. Seu principal objetivo era conciliar os dogmas da Fé com o Raciocínio ou Razão) o termo “Transcendental” significava tudo aquilo que pudesse ser falado a respeito de um Individuo, de um Objeto, mas sem que nada fosse acrescentado ao mesmo individuo ou objeto.
Kant usou esse Conceito, mas para denominar a capacidade de analisar aquele Individuo referido na Escolástica, em Estado de Pureza, sem qualquer modificação A POSTERIORI. Transcendental é, pois, averiguar se o Individuo é capaz do Conhecimento A PRIORI. Nas palavras do próprio Kant: “denomino de Transcendental Todo Conhecimento que em geral se ocupa NÃO tanto com o Objeto, mas com o modo de Conhecimentos dos Objetos, na medida em este deve ser, se possível, A PRIORI.
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