CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

LEIO-TE...SARAMAGO...

A lua brilhava resplandecente num céu-cenário tingindo de azul e irradiava uma luz intensa …suspensa numa bela constelação de estrelas…Lua suspense… romance… Como o retrato a carvão suspenso no hall de entrada. Penetrantes raios trespassavam a janela do quarto, com a persiana ligeiramente aberta por onde escapava um pouco do luar. E um, mais intenso, abraçou o sono leve…atrevendo-se depois a invadir o sonho também.

Sophia esboçava, nos lençóis de cetim, num sensual amarrotado, as linhas de um corpo ainda jovem, de menina. Ao mesmo tempo, o charme e a delicadeza de um porte altivo conferiam-lhe segurança e equilíbrio, naquela postura típica de menina que tinha aprendido ballet clássico. E as mãos…a esquerda estendida, tocando o bico do travesseiro e a direita escondida como que apoiando o rosto cansado…A lua brilhava e sorria no espelho-corpo daquela menina-mulher que dormia. A lua sorria e ela sonhava.

No silêncio da noite, ouviu-se um estrondo. E a menina acordou em sobressalto. Levantou-se e dirigiu-se a medo em direcção à entrada. O retrato a carvão, embutido numa moldura em vidro, jazia agora estilhaçado em mil pedaços no chão…Desenho que tinha sido traçado a amor pela própria mão de Sophia, que se apressou a recolher os cacos do chão e a regressar à cama.

Naquele noite de suspense, mantinha-se no ar o mistério: quem seria a pessoa do retrato?

Aquela que já se adivinhava poetisa regressou ao aconchego do quarto e voltou a adormecer embalada pela poesia de José Saramago. Adorava ler Saramago mas lamentava que o seu escritor favorito, como amante que era de poesia, tivesse somente publicado um único livro de poemas. Mas, para a pequena poetisa, os versos que Saramago tinha apelidado de possíveis eram tão apaixonantes que já os tinha lido e relido, vezes sem conta.

Sonhadora, vivendo nas nuvens da poesia, parecia encerrar, no seu desejo, dois sonhos: o de ser poetisa e o de viver um grande amor. Na realidade, o primeiro sonho parecia concretizar-se em detrimento do segundo. Parafraseando aqui um velho ditado popular “o azar ao amor alimentava-lhe a veia poética”. Mas seria esse o seu fado, sorte ou azar?

Aquela menina-mulher parecia conformar-se com o destino que a vida lhe traçara. Em tom de brincadeira, dizia converter a ameaça em oportunidade. Os amores proibidos que vivia eram sublimados em poesia, ao mesmo tempo que a dor era elevada a amor. Sempre a lembrar Saramago, dizia que se ele tinha escrito os Poemas Possíveis, ela já se tinha tornado perita em amores impossíveis…sempre convertidos em poesia. No fundo, Sophia não se conformava com o mapa do amor que o destino lhe parecia traçar.

Alma de poetisa…de artista, revelava um espírito independente. Amava viagens e sentia uma forte atracção pela aventura, tanto quanto amor sentia pela literatura. Sonhadora, acreditava também que apesar de já ter entrado na casa dos trinta anos, ainda seria mãe podendo vir até mesmo a casar, embora vivesse no contratempo do próprio relógio biológico. Sabia que não podia atrasar aquele relógio mas o amor poderia estar-lhe predestinado a ser saboreado mais tarde, pintado a um tom tão cor-de-rosa quanto o romance entre Pilar e Saramago.

Assim, crescia pintora e poetisa, pintando os próprios sonhos, vividos impróprios e escrevia como quem pinta uma tela. Desabrochava e a poesia nascia-lhe do sorriso…do belo…vivendo em paz com a vida, bebendo o colorido que cada momento lhe oferecia, mesmo naqueles dias em que o sol envergonhado pintava o céu em tons de nublado. Respirando poesia a cada passo que dava, aquela menina-mulher aprendera a amar a vida, degustando cada raio de sol quente, tanto no Verão como no Inverno, desfrutando da beleza da paisagem, em cada estação. Apreciava a calmaria do mar em pleno Estio mas também a rebeldia das ondas no vazio da praia em Janeiro, sabendo ver a magnitude do Criador no que para o comum errante era insignificante. Vagueando entregue à própria solidão, inspirava com todos os sentidos despertos e suspirava… suspirava… E de cada suspiro nascia um verso…e verso a verso ia tecendo um poema.

Naquela noite de 17 de Junho de 2010, Sophia adormecera a ouvir a Sonata da Lua de Beethoven, num leito de poesia. E, na manhã seguinte, era acordada pelo ruído estridente do despertador, num insistente e inoportuno toque de segunda-feira. No entanto, não acordou a resmungar com a rotina e levantou-se calma…serena, ao compasso da sinfonia de raios de sol que lhe entravam pela janela que logo pela manhã se reflectiam nos seus lábios sensuais e carnudos de um vermelho carmim. A menina pulou a bailar, como pena, da cama de madeira que herdara do seu bisavô materno (que de tão envelhecida, era já peça digna de antiquário) e a velha cama sequer reclamou a ranger, embora já ocultasse nas fendas secretos gemidos de amores vividos proibidos.

Numa delicadeza e porte de bailarina clássica, rodopiou numa pirueta de vontade, naquela primeira hora antes de sair de casa. Um dia, pleno de emoções, a esperava, o que explicava a pressa que tinha em sair de casa. A última grande conquista de Sophia…sonho que se tornava real. Aquela contagiante vontade como que a empurrava pelas escadas abaixo mais veloz do que o vento…e, apesar de ir espreitando os ponteiros do relógio, não dava pelas horas a passar. Com a mesma pressa saltou do autocarro nº.52, perdendo toda a sua civilidade no atropelo da multidão que afunilava na saída… Ainda assim lembrava o pedido de desculpa.

“Desculpe…peço desculpa mas já estou atrasada.” No entanto, aquela amável menina parecia na realidade ter-se esquecido, do manual de etiqueta e boas maneiras, em casa.

O coração batia ofegante e ao longe já ouvia ecoar o ruidoso toque de entrada que naquele dia ressoava ao mais belo badalo da igreja da aldeia dos avós que ainda viviam na Serra do Gerês. Mas, o pouco que havia a percorrer, entre o portão principal da Faculdade de Letras e a sala de aula, parecia uma distância longa demais para se encurtar, de tanta que era a ansiedade.

Numa correria, atravessou o átrio principal e galgou as escadas. Já no piso certo, e um tanto desorientada, ainda interpelou a auxiliar de piso:

- Por favor, poderá indicar-me a sala do poeta Pedro Sá?”

- Diga menina? – Retorquiu aquela senhora já de alguma idade que revelava rugas de impaciência, jazendo sentada, praticamente entregue à inércia, aguardando só pela aposentação.

-Sim! O Workshop de Poesia Clássica.

-Ah! Sei…a penúltima porta do lado direito. Mas a menina já está atrasada, pois já entraram há mais de cinco minutos.

Sophia ficou tão desolada com a informação que nem agradeceu, naquela graciosidade que lhe era habitual.

Não conseguindo disfarçar o vermelho no rosto e ainda ofegante, a menina dava tudo para passar despercebida na entrada. Mas o embaraço era inevitável. E pediu desculpa ao entrar mas o coração ainda bateu mais forte…tão forte que, naquele comprometedor silêncio, se ouvia mais do que o ranger da própria porta envelhecida e a pedir para ser oleada.

“Espero que se tenha atrasado porque parou pelo caminho para anotar algum poema que lhe surgiu à ideia.” O professor tinha percebido o constrangimento da aluna, pelo atraso, e tentou quebrar o gelo mas a gargalhada, de um público atrevido de jovens a sair da adolescência, ecoou de tal forma, por toda a sala, que o vermelho nas maçãs de rosto mais ainda se destacava no sorriso da pequena poetisa.

Sophia sentou-se logo na primeira fila num atabalhoar que já lhe era próprio por andar sempre com a cabeça nas nuvens mas, nestes momentos particularmente embaraçantes, em que o coração bate e a mão treme, sempre mostrava dificuldade em disfarçar o nervosismo. Apesar de possuir uma distracção própria de menina sonhadora, estava tão encantada com a aula, que absorvia os ensinamentos, do mestre Pedro, como mandamentos poéticos. Ainda assim, revelando estar muito atenta à teoria, não conseguia evitar que oportunos versos, do mestre que tanto admirava, lhe assaltassem o pensamento, continuando a suspirar de contentamento quase sem acreditar que tinha na sua frente um dos sonetistas que tanto apreciava, e discretamente ia-se beliscando para acordar de um sonho que afinal era real.

Depois de uma hora de teoria em torno do tema soneto, o exercício que o poeta - formador lançou para a segunda parte teórica do tema, a um público que adjectivou de atento e interessado, foi escrever um soneto camoniano…E, um burburinho, entre piadinhas, risinhos e dispersos comentários, se gerou de imediato por toda a sala, mais rápido que rumor, ouvindo-se antes mesmo do toque a anunciar o intervalo.

Mais descontraída, Sophia regressava ao mesmo lugar que a vergonha a apresou a escolher na primeira hora…Sempre a revelar aquele poético, a ressoar o patético, semblante de menina sonhadora e quem a conhecia facilmente percebia que as ideias lhe fervilhavam na cabeça em palavras de poesia.

Mesmo sem o brilho de uma vela acesa, na mesa onde escrevia, para chamar a inspiração, dava gosto admirar a poetisa, de caneta em punho, a esboçar os primeiros rascunhos-versos do seu soneto, envolta numa auréola de luz, não escondendo um rasgado sorriso nos lábios e uns olhinhos resplandecendo vontade de escrever, numa bela visão que acabaria por captar a atenção de Pedro que mal conseguia concentrar-se no livro que lhe escondia o olhar, embevecido e enamorado, de poeta, diante de sua musa. Letra a letra, numa palavra a nascer atrás de outra…a pouco e pouco, os versos iam ganhando a forma de poema.

CIDADE PROIBIDA

Senti teu coração bater sorrindo
Em ecos de tormento e de desejo
E em quieta oração vou omitindo
Cidade Proibida, junto ao Tejo

Senti de ti brotar o desengano
Em sais que são lamentos de tristeza
E no leito… a dor e a aspereza
De pecado num chão... o de oceano

Disseste que me amavas num rochedo…
As ondas descobriram o segredo
Esculpido assim rupestre na gravura

E o mar disse o sigilo do poeta
Revelando a aventura indiscreta
Caso de amor mundano…e de loucura

A jovem menina dedilhava em silêncio na mesa como quem toca ao piano. Pedro admirava ao longe apreciando o empenho da aluna na redacção do poema, e, em cada expressão, no fino rosto da jovem aluna, lia uma menina aplicada na métrica. A pequena poetisa tinha nascido no tempo do verso solto, da arte poética do abstracto, por isso aprender soneto clássico camoniano representava para ela um enorme desafio, já que se identificava mais com um estilo livre de escrita.
Depois de contar cuidadosamente as sílabas, mais segura e sem a mão a tremer, aquela menina, educada num colégio de freiras, opta por assinar o poema com o seu pseudónimo, pois a sua típica timidez obrigava-a a esconder-se atrás de um nome que a deixava anónima, num poema que assinava sensual… tal como Pedro, para a sua musa admirar, se escondia atrás de um livro que lhe ia camuflando a verde um olhar já indiscreto de esperança e desejo.
Tocou para a saída, e o professor pediu a todos os alunos que lhe entregassem o exercício, antes de abandonarem a sala. Sophia dirigia-se agora mais segura, caminhando altiva e reluzindo a satisfação de quem sente que realizou um óptimo trabalho. Mas já tão perto de Pedro, a ponto de lhe sentir a fragrância, estende –lhe delicadamente a mão para entregar o poema. Ele, não se conteve, e num olhar sensual, a que a aluna não ficou indiferente, prendeu as mãos dela nos seus dedos, atrevendo-se, naquele impulso, a atrasar os ponteiros do relógio do momento, como se tivesse, nas mão dele, o poder de atrasar as horas. Ouviu-se então o toque da campainha para a saída, por todo o Campus Universitário, mas naquela sala de poesia o tempo parou para os dois.
Parecendo hipnotizada, de repente, a menina acordou do sonho e caiu na realidade. Corou de novo e, sem conseguir soletrar uma só palavra de despedida, soltou a sua mão mas como que a dizer, “Pedro…prende-me!”, saindo a correr da sala, sem saber do que fugia… numa correria tal que só parou já junto à portaria…Mas aterrou extasiada ao notar que a bandeira portuguesa estava a meia haste.

- Sr. Ernesto, perguntou a pequena, o que aconteceu? A bandeira! A meia haste?!
- Sim menina faleceu o nosso Nobel da Literatura.
- Como? Não é possível…Saramago?! Não!

Aquele olhar estarrecido não queria acreditar que o escritor, que tanto admirava, tinha partido, e logo naquele dia tão pleno de emoções e poesia. Saiu cambaleando desorientada, dirigindo-se à paragem do autocarro…a dor …a desilusão e de certa forma ainda incrédula com a notícia que acabara de lhe dar o Sr. Ernesto. Ainda sufocada, mal conseguia deixar cair a primeira lágrima.

Naquela noite, aquela menina tão sonhadora não conseguia adormecer e muito menos sonhar. Abraçou-se então à almofada….e chorou…chorou até secar todas as lágrimas que tinha.

Na rua, as nuvens, apertadas de cinza, choravam cântaros …em cânticos do adeus numa sonata de chuva. A pequena sabia que só havia um único remédio para vencer a insónia. Escrever…Assim, agarrou no caderno que guardava na primeira gaveta da mesinha de cabeceira, acendeu uma vela e mais uma vez discorreu tudo o que sentia numa verborreia de palavras que nasciam livres, em versos soltos …em rimas sem regras…sem rédeas mas fluidas e cadentes, como sangue a escorrer-lhe nas veias… E a pequena poetisa escrevia de forma quase compulsiva: Afinal, Sophia tinha veia de poeta.

Como que escrevendo numa tela e de olhos fechados de sonho, chamou à memória os momentos vividos numa esplanada do Rossio, onde passava tardes a ler poemas e a semear versos dispersos num velho caderno de notas.

LEIO-TE…SARAMAGO…

Leio-te…e escrevo
Sem liberdade e presa a ti
E tímida me atrevo
a uma primeira quadra…uma primeira rima
Tida a um espaço de escassas sílabas
Certa que conto sete

Leio-te… e escrevo-te
E outra quadra se repete
Só para te mostrar
Que ao te ler, te sei amar

A ti me entrego mas a palavra encrava
E a rima prende a quadra
E a prosa me prende a ti

Leio-te e escrevo agora um poema
Só para ti ainda sem tema
E a minha alma de poeta
Pequena se sente ao pé da tua
Que é de prosa perfeita e profética

Leio-te e escrevo na solidão da esplanada
No meio da multidão escrava
E desde que te li…e nesta paixão cega
Ao ler-te numa entrega
Ensaio o possível poema que ainda não te escrevi

Leio-te e escrevo-te
E mesmo na tua ausência
Ainda assim espero por ti
No vazio do Rossio, provando a saudade

Leio-te e não te escrevo
Leio os primeiros versos
Do teu livro de poesias
Poemas Possíveis

Abro a palavra na letra J
E caio em mim, no possível de ti
E o CAIM de ti não leio

No seio da multidão
Abro o teu livre livro no meio
O teu livro que sempre comigo trago

A brisa…a bebida de sabor a limão…de travo amargo
E no âmago de ti
Leio teu ser singular José
Leio-te SARAMAGO

Lembrou a medo aquele olhar inesquecível de Pedro que lhe ficou retido na memória…suspirou e de novo pressagiou a perda de um novo amor que nascia na poesia do proibido e do impossível. E aquela pequena poetisa, de coração partido em pedaços, de repente lembrou também o retrato a carvão, na última noite, jazido no chão…E naquele instante, na cabeça de Sophia, todo o mistério ganhou então sentido… O retrato tinha caído e o vidro partido, como um aviso…um sinal, um mau presságio de um coração estilhaçado…Pois afinal, aquele nobre retrato era… de JOSÉ SARAMAGO.

 

Magda Graça 

Submited by

sábado, maio 14, 2011 - 10:27

Prosas :

No votes yet

Magda Graça

imagem de Magda Graça
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 13 anos 24 semanas
Membro desde: 05/07/2011
Conteúdos:
Pontos: 278

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Magda Graça

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Amor NASCER, PARA TI, POEMA 2 1.636 03/15/2012 - 19:58 Português
Poesia/Amor QUANDO O TELEFONE TOCA... 4 4.020 09/27/2011 - 18:24 Português
Poesia/Amor A CASA DOS ESPÍRITOS 1 1.545 09/11/2011 - 18:21 Português
Poesia/Dedicado AMÁ (-) L (I) A 3 1.595 06/07/2011 - 01:04 Português
Poesia/Amor BELÉM... UM PASTEL DESEJO 1 1.751 05/22/2011 - 21:11 Português
Poesia/Amor AS DOZE BADALADAS DA LUA 1 1.489 05/19/2011 - 23:01 Português
Poesia/Soneto CIDADE PROIBIDA 1 1.368 05/19/2011 - 22:56 Português
Poesia/Amor BEIJO 2 1.424 05/16/2011 - 22:30 Português
Pintura/Figurativo A TELA DE SARAMAGO 1 3.150 05/16/2011 - 22:19 Português
Poesia/Amor INSPIRA-TE EM MIM... Sou tua 1 1.689 05/15/2011 - 15:25 Português
Poesia/Meditação PRETO E BRANCO 1 1.394 05/15/2011 - 11:06 Português
Poesia/Pensamentos ULTRAMAR 1 2.001 05/15/2011 - 10:06 Português
Poesia/Fantasia LE PETIT... 0 1.392 05/15/2011 - 01:44 Português
Poesia/Amor BEIJINHOS DE CHOCOLATE 0 1.650 05/15/2011 - 01:10 Português
Poesia/Amor SONETOS DE CAMÕES 1 1.105 05/15/2011 - 01:09 Português
Poesia/Amor VERDE VIRGEM 0 1.344 05/15/2011 - 01:07 Português
Poesia/Acrósticos MURAL DOS ESCRITORES 0 1.443 05/15/2011 - 00:45 Português
Poesia/Dedicado INSPIRA-TE EM MIM... 0 1.380 05/15/2011 - 00:39 Português
Poesia/Dedicado PORTUGUESA 0 1.384 05/14/2011 - 12:26 Português
Poesia/Amor GEISHA... DE GIOCONDA 0 1.246 05/14/2011 - 12:11 Português
Ministério da Poesia/Amor GEISHA... DE GIOCONDA 0 1.190 05/14/2011 - 12:08 Português
Poesia/Fantasia O Beijo… do VAMPIRO 0 1.513 05/14/2011 - 12:03 Português
Ministério da Poesia/Amor O Beijo… do VAMPIRO 0 1.105 05/14/2011 - 12:01 Português
Ministério da Poesia/Fantasia ALICE… Ali no País da Muralha das Mil Maravilhas 0 1.734 05/14/2011 - 11:50 Português
Poesia/Amor SORRISO 0 1.316 05/14/2011 - 10:40 Português