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A Música da Vida

  A MÚSICA DA VIDA

 

  (...) O viajante caminhava agora como que rejuvenescido, como que a buscar, não o desconhecido assustador, mas sim a alegria de um reencontro próximo.

         Mal podia esperar pela próxima lição que receberia naquele dia.

         Ao longe uma suave música parecia fluir do nada.

         Seu coração se encheu de alegria com aquela melodia e caminhou a passos firmes e confiantes em direção à fonte daquele som.

         Aproximou-se do som e, de modo inesperado, o som passou a dar acordes desafinados, a música passou a ser desagradável aos ouvidos.

         O som estava se transformando em guinchos sem nexo, parecendo que o instrumento havia se quebrado; que o executante havia perdido o dom ou que alguém surrupiara o instrumento das mãos de seu dono e, sem a menor habilidade, tentava tocar um arremedo de melodia.

         Sob a sombra de uma árvore um velho senhor, insistia em maltratar as cordas de um violino com um desgastado arco.

         Olhando em redor não pode ver ninguém mais, senão aquele ancião.

         Dirigiu-se a ele quase que gritando para superar, com o som de sua voz, aquele barulho que brotava do instrumento que antes era tocado tão divinamente.

 

          - Por favor, pare com esse som sem nexo!

          Há poucos momentos vinha daqui uma harmoniosa melodia que enlevava a alma, aos poucos foi se corrompendo e agora fere os ouvidos de quem a ouve.

          - Preferias a melodia como era executada anteriormente?

 

          - Claro que sim, onde está o músico que a executava soberbamente?

 

          - Estás olhando para ele!

 

         - Não creio que das mesmas mãos que saía aquela maviosa música possam sair agora estas notas disformes. Por certo era outro o que tocava!

 

          - Por que acreditas nisto?

 

          - Porque não compreendo como, um mesmo músico, usando um mesmo instrumento, pode deixar que a harmonia das notas desapareça de tal forma que aquela maravilhosa melodia se torne um horrível amontoado de notas sem sentido.

 

          - Tens razão quanto às três coisas: o músico é o mesmo, o instrumento é o mesmo e a beleza deteriorou-se.

 

          - Pois então me explique como pode alguém perder a habilidade de tocar tal instrumento assim tão rapidamente. (...)

 


Este é um trecho do livro, " A Grande Jornada" do autor Jorge Linhaça
 

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sábado, maio 21, 2011 - 11:55

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