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A Minha Sombra
Não me atrevo a mover. Vejo a caneca de café fumegante mesmo no meu campo de visão, mas não me quero mexer. Não quero sentir o retesar dos meus músculos, não quero ouvir o estalido petulante, não quero sentir as minhas mãos em torno de algo que me faria revitalizar.
Estou enregelada até aos ossos. Tenho a ponta do nariz gélida, como se uma brisa glacial soprasse no interior do meu quarto, como se tivesse trespassado as paredes e me atingisse. Na verdade, estar exposta a um tremendo vendaval não me assustava. Assustavam-me bem mais os meus pensamentos.
As minhas mãos começaram a tremer, seguindo-se todo o corpo numa dança involuntária que eu não conseguia controlar. Não havia ninguém para me auxiliar. Devia estar mais que acostumada a ser eu e a minha sombra. Não obstante, a culpa era inteiramente minha. Afastei-os a todos num estalar de dedos. Bastou um erro não premeditado para ter derrubado o castelo de areia que eu tinha construído. Tentei ultrapassar, juro que sim, juro que tentei erguer-me, mas havia sempre alguém que fazia questão de me dizer: "Não prestas.", "Só fazes as pessoas sofrerem.", "Mereces o dobro daquilo que estás a passar.". E eu, tola, ingénua, acreditei piamente deixando-me engolir pelas palavras que a minha própria mente ditava.
Não me resta mais nada. Nada para além da minha sombra.
Estou enregelada até aos ossos. Tenho a ponta do nariz gélida, como se uma brisa glacial soprasse no interior do meu quarto, como se tivesse trespassado as paredes e me atingisse. Na verdade, estar exposta a um tremendo vendaval não me assustava. Assustavam-me bem mais os meus pensamentos.
As minhas mãos começaram a tremer, seguindo-se todo o corpo numa dança involuntária que eu não conseguia controlar. Não havia ninguém para me auxiliar. Devia estar mais que acostumada a ser eu e a minha sombra. Não obstante, a culpa era inteiramente minha. Afastei-os a todos num estalar de dedos. Bastou um erro não premeditado para ter derrubado o castelo de areia que eu tinha construído. Tentei ultrapassar, juro que sim, juro que tentei erguer-me, mas havia sempre alguém que fazia questão de me dizer: "Não prestas.", "Só fazes as pessoas sofrerem.", "Mereces o dobro daquilo que estás a passar.". E eu, tola, ingénua, acreditei piamente deixando-me engolir pelas palavras que a minha própria mente ditava.
Não me resta mais nada. Nada para além da minha sombra.
-fictício-
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quarta-feira, novembro 14, 2012 - 23:54
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Comentários
A Minha Sombra
Olá Samantha! Acontecem na vida das pessoas "humanas" momentos assim, ou quase assim. E é quando podemos reflectir que pelo menos temos sempre connosco a nossa sombra. Porventura é esta imagem imaterial que nos consegue mostrar que estamos vivos e, com algum esforço, e vontade, ainda nos erguemos e avançamos. E tudo, lentamente, recomeça! A tua reflexão parece-me muito bem dissecada e psicologicamente desenhada com propriedade. Gostei de te ler. Felicitações!
Beijos do Nuno