CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O Último Tamanduá-Bandeira


O Último (?) Tamanduá Bandeira
Jorge Linhaça

Voltando da consulta com meu pai em Botucatú, para avaliazção do estado de sua colostomia, e já chegando próximo à entrada da cidade, fui alertado pelo motorista da ambulância sobre a morte de um tamanduá bandeira pouco mais adiante. O vulto escuro, à beira da estrada denunciava o tamanho do animal.

Pela quase falta de mata nativa aqui na região, já que as fazendas enormes são utilizadas para o plantio de cana, laranja, milho, café etc ou para a criação de gado, não é difícil imaginar que este fosse um dos últimos exemplares da espécie.

Por outro lado, como aqui existem cupinzeiros em grande quantidade, talvez este fosse apenas mais uma vítima de uma travessia mal sucedida da via vicinal em questão.

Levamos meu pai de volta ao hospital local, acomodamo-lo em seu leito , alimentei-o com seu lanche da tarde e fui-me embora, sem conseguir tirar da mente a morte do tamanduá.

Peguei meu valoroso tchicabum ( um corcel 77), passei por minha casa, muni-me de minha câmara fotográfica olimpus (xing-ling) e fui de volta pela via vicinal a fim de fotografar os restos mortais da pobre criatura.

Vários veículos passaram por mim e devem ter ficado a imaginar o que aquele louco erstava fazendo fotografando a beira da estrada.

Um belo animal de mais de um metro de comprimento ( sem contar a cauda ) jázia ali aos meus pés.

Para muitos talvez fosse apenas mais um bicho morto, como tantos que perdem a vida atravessando rodovias por este país afora .

Para mim, muito mais do que isso, uma vítima do descuido humano. Não sei dizer se o pobre animal teve morte instantânea ao ser abalroado por algum veículo, ou se agonizou por horas ali no acostamento de terra. Não sei dizer se o tamanduá foi retirado da rodovia por alguém e posto ali, ao largo, só o que sei dizer é que meu coração entristeceu-se ( coisa de poeta, dirão alguns).

As moscas já o rondavam e o inchasso do abdomem revelava que não era uma morte recente. Não sei se vão retirá-lo de lá ou deixar que a natureza siga seu rumo e o mesmo seja reciclado pelos urubus, insetos e microorganismos.

Só sei dizer que tivesse eu o conhecimento necessário e, no momento adequado recolheria seus ossos.
As garras do bicho são fenomenais, presente de Deus para abrir caminho na dura estrutura dos cupinzeiros para depois inserir sua longa língua e alimentar-se dos insetos ali reunidos.

Aqui em minha região sou abençoado com visões que poucos seres humanos terão o privilégio de ver...Garças, tucanos ( não aqueles de má fama) gaviões, paná-panás de borboletas, e outras aves interessantes. Até avestruzes temos por aqui ( criadas em fazendas).

A morte desse "simples" espécime causou-me um intenso mal-estar, justo a mim que me ocupo de salvar abelhas semi-afogadas em praias, que atiro de volta ao mar bolachas do mar, ouriços e "tinteiros" agonizantes nas areias, que já cuidei de passarinhos caídos de ninhos...todos eles criaturas de Deus, com tanto direito à vida como nós.

Fico imaginando se quem matou o tamanduá sentiu algum remorso, se apenas pensou em socorre-lo...quem o sabe?

Tomará que não tenha sido o último que rondava por estas bandas, porque, se foi apenas os cupins hão de ficar agradecidos.

 

Arandú, 4 de Junho de 2011


Contatos com o autor:
anjo.loyro@gmail.com
   

Submited by

sábado, junho 4, 2011 - 13:40

Prosas :

No votes yet

Jorge Linhaca

imagem de Jorge Linhaca
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 anos 20 semanas
Membro desde: 05/15/2011
Conteúdos:
Pontos: 1891

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Jorge Linhaca

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Meditação No dia em que eu Partir 0 2.283 07/11/2015 - 10:46 Português
Ministério da Poesia/Soneto Fiat Lux 0 4.614 07/11/2015 - 10:43 Português
Poesia/Soneto Minha cabeça já não pensa mais poesia 0 2.018 07/11/2015 - 10:35 Português
Poesia/Comédia Punheta seca ou molhada...o que mais te agrada? 1 9.374 11/19/2013 - 17:16 Português
Culinária/Sobremesas baba de moça 1 5.568 10/20/2011 - 19:41 Português
Culinária/Outros Tapioca 2 3.609 10/20/2011 - 19:38 Português
Poesia/Fantasia Aquarela da vida 1 4.206 10/20/2011 - 19:35 Português
Poesia/Soneto Nefelin do amor 1 2.898 10/20/2011 - 19:32 Português
Poesia/Soneto Pé Na Estrada 1 3.001 10/20/2011 - 19:31 Português
Poesia/Alegria CARTA PRÔ SANT'ANTÔNHO 0 2.507 06/10/2011 - 19:34 Português
Poesia/Aniversários A Ti, Afortunado Amigo 0 4.031 06/06/2011 - 14:02 Português
Prosas/Outros A Democracia da Depressão 0 3.553 06/06/2011 - 12:16 Português
Poesia/Soneto Poeta Fora do Tempo 0 3.645 06/05/2011 - 23:39 Português
Poesia/Soneto Meu Último Verso 0 4.343 06/05/2011 - 23:36 Português
Poesia/Soneto Eu, Nefelin do Amor 0 2.655 06/05/2011 - 23:34 Português
Poesia/Geral Quem Dera 0 2.984 06/05/2011 - 23:30 Português
Poesia/Comédia Vamos comer uma Sakana? 0 5.082 06/04/2011 - 15:10 Português
Poesia/Comédia Caldo de Pinto 0 3.940 06/04/2011 - 14:14 Português
Poesia/Comédia Vamos comer uma putanesca 0 3.950 06/04/2011 - 14:13 Português
Poesia/Comédia Vamos comer uma Kenga? 0 3.783 06/04/2011 - 14:11 Português
Poesia/Comédia Como Fazer uma Chupetinha 0 5.675 06/04/2011 - 14:09 Português
Poesia/Geral Churrasco para os amigos 0 2.821 06/04/2011 - 14:06 Português
Poesia/Geral Caruru para os amigos 0 3.210 06/04/2011 - 14:05 Português
Culinária/Pratos Principais Carreteiro de Charque 0 7.244 06/04/2011 - 14:02 Português
Culinária/Sobremesas Chico Balanceado 0 4.837 06/04/2011 - 13:59 Português