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Os Mitos Nossos de Cada Dia

Os mitos nossos de cada dia
Jorge Linhaça

Vivemos em uma sociedade de mitos perpetuados.
Um deles afeta diretamente o escritor/poeta:
No Brasil o povo não tem o hábito de ler livros!

Desculpem amigos, mas se isso foi verdade am algum dia,
hoje a coisa anda bem diferente.
Tive a oportunidade de permanecer 10 dias em minha Sampa querida
e, como todo "povão" que se preza, apelei para o metrô para me locomover
aos locais até onde precisava ir, metrô e "busão" à bem da verdade.

Como sempre fui de ficar observando as pessoas e suas ações, uma coisa chamou-me à atenção: A grande quantidade de poessoas que , em pé ou sentadas, liam seus livros durante o trajeto. Confesso que resisti à tentação de interpelá-los sobre o que estavam lendo ou os seus porquês mas, a impressão que me ficou foi aquela mesma que me persegue há anos.

Não somos um povo que não gosta de ler, a própria internet desmente isso de forma sistemátiva e eloquente, afinal aqui circulam textos dos mais diversos quilates e assuntos e sempre há os que, em maior ou menor quantidade os leiam.

O que faz falta neste país é um política séria sobre a publicação e vendagem de livros.

Qualquer visita a uma livraria demosntra bem sobre o que estou falando.
Centenas de títulos à disposição dos leitores, no entanto só ficam em destaques os "livros da moda" com preços muitas vezes proibitivos a uma boa parcela da população.

Novos autores que não recebem destaque da mídia ficam lá, em qualquer canto, acomulando poeira , muitas vezes em "consignação", isso quando os livreiros se permitem atender a autores ou pequenas editoras nesse quesito.

Quando entramos em uma vídeo-locadora, temos à nossa disposição também centenas ou milhares de títulos só que, nesse caso...existe sempre o setor de "lançamentos" ( filmes novos ) Sejam eles famosos ou não.

Nas livrarias , em geral, destacam-se livros em balcões logo à entrada das lojas,
de autores consagrados, com dezenas de volumes de cada título, o que, obviamente chama a atenção do leitor para aquele setor.

Não são os livros mais baratos, são os que premiam ao livreiro com uma maior margem de lucro, seja no valor unitário ou no volume de vendas.
É o modismo da literatura empurrada pela mídia.

Um olhar pouco mais atento nos leva a prceber que, a esmagadora maioria desses livros são de autores estrangeiros. Poesia nem pensar.

Não é pois verdade que o brasileiro não leia ou não goste de ler ( embora hajam os que se enquadram nesse perfil ) o que existe é uma literatura empurrada sutilmente aos consumidores.

Por que surgem tão poucos autores brasileiros de sucesso?
Falta de talento?
Por certo que não, talentos temos de sobra apesar de nosso complexo de vira-latas ( que felizmente vai se diliuindo com o tempo).

O que impede na verdade o deslanchar de muitos de nossos colegas em termos de vendagem de seus livros , é que não temos, por trás de nós a mesma estrutura dada a escritores de outras paragens.

As pequenas editoras sobrevivem de explorar os autores novos, cobrando-lhes preços fora vda realidade e encarecendo o seu produto de maneira tal que chegam ( quando chegam) às prateleiras dos livreiros, por preços superiores ou iguais a "best sellers" nacionais ou estrangeiros.

Grande quantidade de amigos e poetas/escritores tem nas suas gavetas ( virtuais ou reais ) material suficiente para edição de vários livros. Grande parte deles está condenada a ali permanecer até que a morte lhes chegue.

Quantos bons livros, com experiências de vida , romances, poemas etc, não temos nós perdido a oportunidade de ler ao longo dos anos por conta de tal estágio mafioso de nossa "política editorial"?

Sei que clamo no deserto e muitos dos amigos vão achar um exagero o que digo, mas basta visitar um amigo escritor que tenha teimado e feito das tripas coração para editar seus volumes e por certo ele lhes mostrará uma significativa quantidade de volumes "encalhados" da sua produção intelectual.

Os escritores não podem ser chamados de uma classe unida neste país, adoram se reunir em grupos virtuais ou associações reais, mas na hora de unirem forças
para reinvindicar seus direitos é cada um por si.

Fico feliz quando vejo um amigo esgotar a edição de seu livro com vendagens,
sei o quanto demanda de esforços pessoais e viagens para tentar colocar seu título em destaque. Mas são raras as excessões.

Abraços fraternos
Jorge Linhaça

   

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sábado, junho 4, 2011 - 13:38

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