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Os Segredos Da Montanha (parteII)

Na manhã seguinte a jovem abriu os seus brilhantes olhos e ficou confusa com o desaparecimento da dócil e nobre besta, interrogou-se sobre as memórias da noite anterior pensando que tudo não tinha passado de um sonho. No chão não havia marcas nem nenhum rasto nas paredes, o que estimulou a dúvida crescente na mente da pequena jovem.
Apesar da dúvida que lhe corroía a alma decidiu seguir a sua jornada, chegando cada vez mais perto ao cume da montanha íngreme, a passos decididos vencia a distância que a separava do cume. O vento tornava-se mais forte e no céu nuvens negras acumulavam-se anunciando que uma tempestade estaria próxima.
O cume branco da neve estava á vista, reforçando o ímpeto da jovem que agora sentia-se capaz de vencer qualquer obstáculo. Uma luz forte atravessou as nuvens seguida por um rugido que abalou as pedras soltas no caminho de terra, gotas de água caíram do céu testaram a inabalável determinação desta jovem foragida.
O seu cabelo negro absorveu até á exaustão água libertada pelas nuvens, escorrendo a água para as suas simples roupas, na sua angelical face desciam gotas que lentamente acariciavam os traços do seu rosto. Assim a Natureza deu-lhe um ar ainda mais sedutor mas desta vez também revelava a sua faceta mais selvagem e destemida.
Um pouco acima a nobre besta que era mais real que a simples memória da jovem observa o seu percurso não interferindo com o seu destino, apesar de no seu interior o seu instinto indicar-lhe que deveria estar a seu lado nesta arriscada viagem.
No sopé da montanha encontrava-se a família que controlada pelo medo não media os seus actos e mesmo com o emergir de uma violenta tempestade, decidiram num ápice atravessar os caminhos infernais da montanha em busca da jovem que desejam que estivesse em casa, entretanto como o caminho da montanha era muito mais cansativo como mau tempo, o grupo de resgate teve de repousar por breves instantes pois nos dias anteriores tinham percorrido toda a floresta em busca da jovem desaparecida.
Enquanto descansavam, o pai reflectiu sobre o motivo desta fuga e entendeu que tentar controlar o destino da sua jovem descendente destruindo-lhe a liberdade e forçando a sua alma a uma vida de escravidão que ao longo dos anos lhe mataria o seu espírito, fosse o principal motivo para esta inesperada, mas inevitável fuga. As lágrimas escorriam-lhe pela cara distinguindo-se de normais gotas de chuva e no acto de pura desolação e arrependimento pelo mal efectuado pôs-se de pé em cima de uma pedra um pouco mais saliente e com toda a raiva que sentia gritou:
-Mariana! Perdoa-me! Por favor volta!
Estas palavras, que eram o melhor espelho do que lhe ia na alma, ecoaram pelo vale e pela montanha de tal modo que perto do topo a jovem ouviu estas palavras e ficou imobilizada incrédula com o que tinha acabado de ouvir, o seu coração ficou despedaçado e no seu pensamento apenas lhe ocorria a ideia de voltar para trás, acabar com a sua fuga para assim findar o sofrimento daqueles que mais a amavam e iniciar a sua tortura perpétua.
Relâmpagos e trovões marcavam aquele momento negro e penoso que parecia durar uma eternidade, a bela Mariana ajoelhou-se sentindo que todas as forças acumuladas na sua alma tivessem esvanecido após ter escutado aquelas arrasadoras palavras.
Mas na dor e sofrimento nos quais estava mergulhada encontrou a luz que tanto procurava, e assim libertou a sua alma do medo que a prendia e não a deixava ser feliz. Na sua mente percebeu que aqueles que verdadeiramente a amavam deveriam apoia-la nas suas acções e não tentar manipular as suas intenções, assim o medo instalado no seu coração transformou-se em coragem consolidada e pura e um trovão mais forte ecoou por entre as nuvens.
Levantou-se e limpou as lágrimas que ainda restavam na sua cara e as gotas que caiam abruptamente do céu, no seu olhar havia agora algo de novo e diferente, uma intensidade nunca antes vista que encarnava todo mo seu poder de sedução.
Pouco tempo depois tinha chegado ao cume onde tinha encontrado uma fenda entre duas rochas, sítio ideal para passar uma noite tempestuosa como aquela. O calor proveniente da fogueira onde ardiam pedaços de lenha servia para que a jovem tivesse mais facilidade em superar a intempérie que se abatia na montanha. Por entre a chuva ela viu na sombra um vulto, mas ao aproximar-se da entrada da gruta ele desapareceu na escuridão da noite.
Interrogou-se se a memória que tinha da nobre besta seria mais do que um simples sonho, no findo do seu coração acreditava que aquela criatura que tinha acariciado ternamente era mais que apenas um simples sonho.
E com esta dúvida pendente no seu pensamento fechou os seus inesquecíveis olhos cuja cor era um mistério nunca antes decifrado.
A tempestade tinha desaparecido, e o Sol tornava a brilhar alto no céu azul, quando a jovem rapariga acordou, sentiu-se preparada para continuar a sua viagem, agora que no cume tinha ultrapassado a subida da imponente montanha, que era um desafio que apenas alguns tinham completado com sucesso.
No pico, observou a terra que circundava a montanha e interiorizou a serenidade que pairava no ar, deixou-se ficar lá por alguns momentos, pois gostava da sensação que nascia no seu coração enquanto ali permanecia.
Pegou na mochila onde trazia os seus pertences e notou que começavam a escassear os alimentos o que lhe criou uma pequena preocupação na sua mente, mas ela sabia que mal saísse da montanha conseguiria encontrar na floresta mantimentos suficientes para a sua jornada.
Iniciou o caminho que a conduzia até á descida da montanha, esquivando-se com agilidade das poças de água no chão, as únicas marcas visíveis da tempestade da noite anterior, e por entre dois penados que se encontravam no topo da montanha viu um simples conjunto de casas que imediatamente percebeu serem a sua aldeia e do topo do mundo aquelas simples casas pareceram-lhe mais belas que nunca.
A descida era feita a um ritmo mais acelerado que o resto do percurso, pois havia menos obstáculos e a energia dentro da alma da rapariga era também mais forte e intensa agora, a meio do dia já se encontrava a perto do meio da montanha onde decidiu parar para repousar um pouco e almoçar.
Ao pousar o que trazia numa pedra aliviou o pouco cansaço que sentia e por entre o silêncio da montanha ouviu um curso de água que se fazia sentir com alguma intensidade, por isso decidiu investigar aquela zona e numa passagem criada por duas pedras, viu um simples riacho que corria apressadamente, a água era cristalina e dava para visualizar o fundo constituído por areias douradas e pequenas pedras redondas devido á constante força da água.
Ela aproveitou esta descoberta e decidiu refrescar-se para não ser tanto afectada pelo calor que se fazia sentir naquela altura e decidiu fazer a sua refeição na sombra da passagem que dava acesso ao riacho.
No fim de tarde desse dia e após uma caminhada feita a um ritmo bastante elevado ela encontrava-se perto de sair desta cadeia montanha que tantas dificuldades impuseram para que esta jovem não a conseguisse atravessar. Decidiu aproveitar o pôr-do-sol que findava um dia bem passado e alimentava a sua sensação de bem-estar interior.
O riacho que nunca parava quebrava o silêncio da montanha, mas transmitia uma sensação de calma, que era completada pelo céu onde as estrelas brilhavam com intensidade. Quando uma estrela cadente rasgou o céu preto deixando um rasto de luz dourada ela sorriu e no interior desejava que aquele momento durasse para todo o sempre.
Ela interrogava-se sobre o seu destino e sobre o que lhe iria acontecer, mas em pouco tempo decidiu que as suas decisões iam ser tomadas consoante o que acontecesse e que por agora apenas queria desfrutar daquela noite maravilhosa.

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domingo, junho 7, 2009 - 20:32

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