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Pensando o "ser homem"
A liberdade absoluta está tanto ao nosso alcance quanto está Deus. A noção que temos da existência de um processo sem sujeito; de uma dinâmica visível mas anónima, que determina o curso da vida, é prova bastante dos nossos limites, ao mesmo tempo que nos impele para a "certeza" da existência de Deus.
Tentarei explicar o que quero dizer:
A premissa de que parto, que podia também ser conclusão (há em tudo isto um notório sentido circular), é de que nenhum de nós é causa exclusiva de si próprio. Senão, a comprová-lo, atentemos na nossa condição de seres ontologicamente incompletos.
O nosso processo de formação, portanto, jamais se acha concluído, antes que se verifique o encontro e plena assimilação da realidade que nos é exterior, no caso específico do Homem, a sociedade, a língua, os costumes, enfim... aquilo a que designamos por cultura.
Não se entenda desta constatação porém, que o Homem é refém absoluto do meio que o acolhe, levando ao extremo a sua dependência desse mundo exterior que, embora seja condição essencial à sua existência enquanto tal, não o despoja totalmente da sua natureza específica de "ser humano". Mais adiante, nesta pequena dissertação, isso mesmo procurarei demonstrar.
Do que não me restam dúvidas, sem prejuízo das característica específicas que nos impregnam de singularidade face aos demais animais e toda a realidade de que falarei a seguir, é nos seus limites que o Homem encontra a sua substância.
É na cultura, na língua e na tradição ancestral, que o Homem encontra o recheio de si. É numa memória que lhe é anterior que o acolhe e se lhe impõe à nascença, que ele faz repousar a sua identidade. Nesta media, o Homem jamais poderá, ou deverá, renunciar à sua História; às suas origens, sob a pena de se ver privado do berço dos seus pensamentos e mais, do próprio entendimento. Ora, se isso acontecesse, e já porque comecei por falar em liberdade, tornando-mo-nos ausentes de substância, encontrar-nos íamos incapazes de livre-arbítrio, pois teríamos deixado perder o espaço onde o mesmo melhor se afirma e de que depende para efeitos de validade.
O Homem não se esgota no entanto, neste limite do concreto onde se reconhece e toma consciência efectiva de si. Quando se apresenta ao mundo, é minha convicção, ele não vem só. Traz consigo uma memória (deixo para os cientistas o trabalho de a determinar na sua origem, embora ache que, muito provavelmente, esta possa ser de ordem genética). Uma memória, dizia eu, diferente da que o recebe no exterior, que é igualmente anterior ao indivíduo que nos é dado conhecer. Uma memória que remonta a um estado de união primordial e onde se funda a nossa espiritualidade.
Esta dimensão espiritual que não se vê mas se intui, encontra o seu espaço no subconsciente (quem sabe senão também numa espécie de trans-consciente que não sei se existe) e encontra a sua expressão numa linguagem simbólica não concreta que se faz vislumbrar através de imagens e subtis centelhas significantes que escapam dos actos práticos de uma qualquer criação e lhe conferem o duplo sentido de todas as coisas concretas e/ou não concretas.
Tenho de resto observado, que mesmo o homem mais "realista" ou pragmático, vive de imagens e, até quando se julga absolutamente materialista e depurado de toda e qualquer ideia "corrompida" ou de "enublada espiritualidade", mais não faz do que iludir-se numa realidade abstracta que constrói e cria no propósito de, desesperadamente, renegar o irrenegável, isto é, a realidade não mensurável que envolve parte da sua natureza.
Concluo esta pequena dissertação, afirmando o Homem como um ser naturalmente dual e controverso, pelo que, qualquer tentativa honesta de o entender deverá sempre respeitar este preceito sob pena de qualquer verdade que ousemos tentar alcançar se tornar impossível logo à sua partida.
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Comentários
Um ensaio que pede
Um ensaio que pede continuação e ampla discussão.Um acto de destreza intelectual.
"Pensando o ser homem' texto
"Pensando o ser homem' texto muito gratificante de ser lido, você expressou seu pensamento de forma simples mas firme no que queria dizer.
Gostei muito do que li.
Parabéns, abraços.