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Teixeirinha
Paulo Monteiro
Victor Matheus Teixeira, o Teixeirinha, era filho de Saturnino Francisco Teixeira e Ledurina Matheus Teixeira. Nasceu “no interior de Santo Antônio da Patrulha, em um lugar chamado Fundo Quente (um vale fundo entre os montes, conforme pesquisa do Padre Antonio da Gruta), numa pontinha de Mascarada, entre Varzedo e Boa Esperança”, conta Israel Lopes, em Teixeirinha, o Gaúcho Coração do rio Grande. Hoje, o “lugar” pertence a Rolantes. Com poucos meses de vida, a família mudou-se para Padre Tomé, em Taquara. Foi o primeiro filho do segundo casamento de seu pai. Este faleceu de ataque cardíaco em 1933, quanto Victor tinha seis anos. Sua mãe faleceu no dia 28 de maio de 1936, em conseqüência de queimaduras. Aí começou sua peregrinação. Morou com parentes até os 16 anos, quando foi trabalharem granjas. Aumentou a idade para 18 anos. Morou e trabalhou numa pensão em Porto Alegre. Nesse tempo aprendeu a ler e escrever. Comprou um violão. Trabalhou como vendedor de doces, carregador de malas, engraxate e carroceiro.
Teixeirinha estreou em rádio cantando sambas. Desiludido com a vida na capital voltou para o interior. Trabalhou numa fazenda de arroz. Em 1949 ingressou como auxiliar de operador de máquinas no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem – DAER. Continuou fazendo música e dupla com Pereirinha. Teve outros parceiros.
Passou a viver maritalmente com Maria Ezi Pereira, com quem teve um casal de filhos. Demitido do DAER, em 1955, perambulou pelo interior, como uma espécie de “músico mambembe”. Montou uma banca de tiro ao alvo na Avenida Brasil com 7 de Setembro, em Passo Fundo, e começou a apresentar-se no programa Alô, Rio Grande, da Rádio Passo Fundo. Casou com Zoraida Lima, em 1957, fixando residência em Soledade. No ano seguinte voltou a Passo Fundo, onde encontrava muito apoio, especialmente de Ivo Paim e Iray Paim Varella. Continuou viajando e passou a apresentar-se na Rádio Municipal.
Em 1959, graças ao apoio de seus amigos passo-fundenses, gravou um compacto simples (duas músicas). Estourou nas paradas. Em 1960, ao gravar Gaúcho de Passo Fundo e Coração de Luto, tornou-se celebridade. Mudou-se para Porto Alegre. Enriqueceu. Em 1962, em Bagé, iniciou sua dupla mais famosa, com uma acordeonista de 15 anos, Mary Teresinha Brum. Passou a viajar com ela, que era acompanhada pela avó, Alzira. Tornaram-se amantes. Tiveram filhos. Gravaram filmes juntos. Em 1980, separaram-se. Magoado, Teixeirinha atacou Mary em versos. Ela revidou com a autobiografia A Gaita Nua, expondo até a intimidade do casal.
Teixeirinha faleceu no dia 4 de dezembro de 1985, ao lado de Zoraida e dos filhos que teve com ela. Seu enterro foi um fenômeno de massas. Suas músicas continuam fazendo sucesso. Convertida ao cristianismo evangélico, Mary Terezinha, hoje, “canta para Jesus”.
O sucesso de Teixeirinha é simples. Suas letras têm princípio, meio e fim. Começa direto: “Me perguntaram seu eu sou gaúcho”, “O maior golpe do mundo”, “Soledade, terra de gaúcho forte”. Continua contando uma história. E termina direto, também. Segue a tradição dos poetas de cordel e dos cantadores de décimas, os nossos payadores. Todos continuam uma tradição milenar. Todos – Teixeirinha e seus modelos – falam direto à alma dos simples, para horror de alguns intelectuais e muitos intelectualóides. Infelizmente, filosofia é para poucos e Estética é para um número ainda menor de estudiosos.
Não há nada de misterioso na popularidade de Teixeirinha. Até o velho Aristóteles pode explicá-lo.
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