Teoria do Sonho

Eu próprio me arrisco a afirmar que todo o Homem pode conceber um sonho uma vez na vida.

 Mr. Mind não sabe sonhar, portanto não poderá ver coisa alguma no seu “mundo”. Digo entre as aspas, porque não sei sequer que mundo será esse sem sonho, ou sequer se será mesmo um mundo.
 É por não saber sonhar que Mr. Mind desenvolveu um gosto requintado pela arte de criar o sonho. Uma vez que não sabe, poderia criar. E como o próprio afirma, seria um sistema justo, uma vez que o próprio criador não sentiria qualquer sentimento, seja compaixão ou repulsão, em relação à viva alma que irá desembrulhar, a partir da sua massa cinzenta, o pequeno devaneio.
 Mas Mr. Mind não se ficou por aqui, por pensar que poderia criar. Tendo todo e qualquer argumento para lançar um possível negócio de sonhos, fez frente ao MCAPCUS, Movimento Contra Alguém Poder Criar Um Sonho, que dirigiu, desde os primórdios, a linha que estabelece a anarquia no mundo cor-de-rosa além do auto-controlo. E não necessitou de reuniões, papeladas ou burocracias. Bastou-lhe demonstrar não sonhar para tomar posse do bastão do reino do vale dos lençóis. Quem mais justo, senão aquele coberto do véu da ignorância, para governar tal lugar?
 Estabelecendo uma ordem, Mr. Mind resolveu, assim, criar as quatro leis fundamentais do sonho, aqui referidas:

1. O Criador não sente o que cria, nem é perante um sonho qualquer espécie de pessoa, sendo-lhe negado o direito de sonhar.
2. O sonhador deve ambicionar conseguir realizar o seu sonho, de forma a poder subir na pirâmide sonhadora.
3. O sonho corresponde à vida de outro alguém que ambicionou já o mesmo do sonhador, estando então colocado num patamar mais alto.
4. A pirâmide sonhadora tem infinitos patamares.

Sobre os pesadelos e uma possível interferência com a segunda lei, Mr. Mind falou o seguinte: “O que cobiças também tem dias piores e melhores. Os patamares são infinitos e a humildade nasce a partir desse ponto.”