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Trotski e o Trotskismo
Ao realizar este ensaio estou cônscio de que não abarco todas as nuances e a profundidade do Pensamento deste gênio político. Não é esse, de fato, o objetivo do presente trabalho. Minha modesta pretensão é a de ofertar ao público em geral – que normalmente não dispõe de tempo para leituras que exigem pesquisas e reflexões demoradas – uma visão acessível do Sistema Filosófico e Político deste grande Estadista, no sentido amplo do termo, que dedicou suas energias à construção e solidificação do Sistema Político que lhe parecia o melhor. Também Estadista por sua vasta Cultura e abrangência de visão e de pensar; e pela generosidade de suas intenções. Estadista e Homem que não titubeou em dar a própria vida em troca do sonho que sonhou.
Se aqui usei (e talvez, abusei) o linguajar coloquial e de fácil assimilação, é certo que outros e melhores Intelectuais já produziram obras muito mais completas e perfeitas. Mas, como já me referi, espero que este ensaio sirva como porta de entrada para estudos mais avançados. Valerá à pena. Conhecer Trotski, mesmo que dele se discorde politicamente, é conhecer o que de melhor o Ser Humano pode ser.
Antes de começarmos efetivamente nosso estudo, julgo ser importante analisarmos algumas palavras que são de uso recorrente no assunto e que pela própria Semântica sofrem alterações que podem comprometer o bom entendimento do tema.
1.Burocrata – funcionário que faz parte da Burocracia (ou Administração). Especialmente aquele que segue mecanicamente as normas impostas pelos Regulamentos e que, salvo as honrosas exceções, imbuído da importância do cargo que ocupa, abusa de sua posição nos contatos com os demais indivíduos, sempre visando um lucro espúrio. O BUROCRATISMO é a influência abusiva e nociva da Burocracia nos aparelhos de Governo; Burocracia que deve ser entendida como a Gestora dos negócios públicos, das Coisas públicas. Gerenciadora que exerce seu papel através de seus funcionários que podem ser de Alto Escalão como Ministros, por exemplo, até os de nível mais baixo como os Servidores Públicos que ocupam funções ditas “desimportantes”. O burocrata – que em Trotski simboliza todos que são mal intencionados – é o Indivíduo que tem extremo zelo pela hierarquia e pelas normas inflexíveis, as quais, via de regra, favorece-no em detrimento do público em geral, ou seja, o Proletariado. Dicionário Aurélio, página 294
2.Burguesia – classe social que surgiu na Europa, no fim da Idade Média, com o desenvolvimento econômico e a consolidação da vida nas cidades (Etimologicamente temos: Burguês = habitante do Burgo, ou cidade); e que se infiltrou gradativamente na Nobreza passando a dominar a vida política, social e econômica. A partir da Revolução Francesa (1789) foi se firmando durante o século XIX e, posteriormente, dividiu-se em Alta, Média e Baixa Burguesia. A primeira era formada pelos ricos que detinham os “Meios de Produção (máquinas, instrumentos, capital, fábricas etc.)”. A segunda compunha-se dos Profissionais Liberais, artesãos e todos os outros cujos interesses ligavam-nos à Alta Burguesia, a qual pode ser comparada com os ricos atuais, enquanto que a Média Burguesia pode ser comparada com a Classe Média de nossos dias. A Baixa ou Pequena Burguesia com os operários, empregados no comércio, empregadas domésticas e todos que vivem apenas de seus salários. Em nosso estudo poderemos tomar-lhe como o “Proletariado”. A Alta e a Média Burguesia, aqui, encarnarão o papel da “Burguesia exploradora do Proletariado”. Dicionário Aurélio, página 294.
3.Proletário ou Proletariado – do latim “PROLETARIUM” = cidadão pobre, útil apenas pela prole que gera. Indivíduos que vivem exclusivamente do salário que recebem em troca do trabalho que prestam. Em nosso estudo será a denominação geral para operários, camponeses, soldados e marinheiros de baixa patente, empregados no comercio e todos que vivem à custa de seu suor. Dicionário Aurélio, página 1400
Originalmente o vocábulo Trotskismo (derivado do codinome “Trotski”, de Leon Davidovich Bronstein – 1879/1940) designava não só aqueles que lhe compartilhavam as idéias, mas todo Indivíduo que se afinava com ele e com a doutrina de Lênin, enquanto discordava da política de Stálin. Abarcava tanto os que seguiam seu ideário, quanto os que lhe seguiam fisicamente, como sua esposa, sua ex-esposa, seus filhos, seus funcionários, seus colaboradores, seus amigos e seus admiradores. Enfim, todo aquele que de algum modo se relacionava com Trotski e que por isso era alcunhado de Trotskista. Epíteto, aliás, que a partir da ascensão de Stálin ao Poder Supremo (com a morte de Lênin em 1924) tornou-se um estigma pejorativo e uma sentença condenatória.
Desde o inicio, viu-se em Trotski o gênio político e a grandeza de sua inteligência, a qual, não raro era comparada com a de Lênin, a quem vencia por pouco e com a de Stálin, a quem aplicava sonora surra. Dono de uma inteligência superior, Trotski, por menos que quisesse, não poderia ser confundido com um homem comum. Nunca poderia “ser um de nós”. Sua capacidade intelectual era admirada com respeito e em certos casos com veneração, mas ela o fazia pairar acima da média e como é habitual nessas circunstâncias, tanto despertava admiração quanto ressentimento e inveja. Ele não seria “parte da Maioria” ou Bolchevique (em russo). E de fato, no inicio do Movimento Revolucionário, ele se alinhava com os Mencheviques, ou a “Minoria” em russo, cuja proposta era mais “Reformista” que “Revolucionária”. Em outros termos, propunha revisões ou reformas em pontos específicos no Regime de Governo, mas não a substituição total do mesmo. Juntando-se, pois, a inveja que sua inteligência despertava e o fato de não ser um Bolchevique de primeira hora, encontramos um fator primário, mas nem por isso desprezível, para sua derrota frente a Stálin, na substituição do falecido Lênin. Sempre foi e se imagina que sempre será um fato inconteste que indivíduos que se sobressaem por algum motivo carregam o estigma de nunca serem totalmente aceitos pelas pessoas comuns que formam a Maioria. Mesmo que tenham reconhecimento por seus méritos não serão reconhecidos como um dos iguais.
Por outro lado, Stálin era um dos indivíduos que formam a “Maioria”, embora tivesse algo além do comum. Mesmo que fosse uma negatividade, como a crueldade, por exemplo. Stálin soube aproveitar essa aceitação (ou resignação pela média baixa) e sempre procurou ser um autêntico Bolchevique. Um Bolchevique a mais, mas com “a missão de libertar seus iguais das opressões impostas pelas Castas dominantes”. Inclusive a “Casta dos Intelectuais”. E com isso, mais o terror que impôs sistematicamente, teve sucesso em difamar e estigmatizar o “Intelectual e Menchevique” Trotski.
Enquanto Trotski mantinha seus escrúpulos, Stálin mostrou que não os tinha e avançou com apetite feroz para o cargo de Líder Supremo da Revolução mesmo quando Lênin ainda vivia. Lênin que em seu Testamento Político foi claro em desaprová-lo como seu sucessor. E conseguiu o que almejava: ser o Ditador com poderes ilimitados, que torturou, matou e exilou milhões de pessoas, tanto em seus campos de concentração, os GULAGS, quanto nas Guerras em que participou. Mas, ainda assim, era aceito (apenas por medo?) pela maioria. No capitulo dedicado a ele, teceremos maiores considerações sobre sua personalidade, seus métodos, defeitos, virtudes e conquistas.
Voltemos, pois, para o objeto dessa obra: o Trotskismo. Tendência política que Trotski originou e que ainda hoje é admirada e seguida por vários adeptos ou afeiçoados. Antes de tudo, devemos reafirmar que essa Corrente de Pensamento é baseada na filosofia de Karl Marx e, conforme seus admiradores, têm como objetivo principal defender a pureza do Marxismo. Para tanto, sua pedra de toque é o combate ao Burocratismo (alhures, com mais detalhes) e aos Contra Revolucionários Burgueses ou Monárquicos. É obvio que o Pensamento de Trotski não se limitava a esse aspecto, mas se há um eixo central em suas propostas, é indubitável que esse eixo seja os combates acima, pois se a Monarquia já havia mostrado sua ineficiência e crueldade, a Burocracia tomava o lugar dos antigos Proprietários Burgueses na exploração do Proletário. É em torno desse eixo que se montou a tese da “Revolução Permanente”, da qual falaremos na seqüência.
A REVOLUÇÃO PERMANENTE
A Revolução Permanente é a teoria que se baseia na idéia do chamado “desenvolvimento desigual e combinado”, criada por Lênin em oposição aos postulados de Marx, que afirmava ser necessário que o Capitalismo* atingisse seu ápice e conseguinte degeneração, para que a Revolução Comunista alcançasse êxito sólido e completo. Para Lênin não, pois mesmo que o País fosse atrasado e sua agropecuária remontasse ao período feudal, ainda seria possível rebelar-se desde que a Indústria fosse tão moderna quanto à dos Países ricos. Só pelo fato de a Indústria ser equiparável com as mais modernas do Mundo, a Revolução poderia lograr sucesso, pois a modernidade de um campo compensaria o atraso e a fragilidade de outra área, mormente no que diz respeito aos empregados de uma e de outra, como veremos na seqüência.
Conforme essa linha de pensamento, se o País começar a se industrializar tardiamente será obrigado a ter as indústrias mais modernas, sob o risco de não poder competir com suas concorrentes. Assim, ainda que em pequeno número, o Parque Industrial será altamente sofisticado e esse dado compensaria a fragilidade dos outros aspectos econômicos, como a agropecuária que nos referimos anteriormente. De um lado Satélites e doutro arados de tração animal. Essa coexistência, para Trotski, é o “desenvolvimento desigual e combinado”, onde um elemento compensa a fragilidade do outro.
Mas por que a compensação pode ser suficiente para que a Revolução seja bem sucedida?
Principalmente pelo fator humano, pois havendo máquinas e equipamentos mais sofisticados será necessário pessoal especializado para operá-los. Funcionários com grau de cultura superior ao dos camponeses, por exemplo, que formarão a vanguarda que questionará o “status quo” existente. A partir desses questionamentos e da insuficiência das respostas é que irá se formando o caldo de cultura prenhe de idéias revolucionárias, as quais só esperam o surgimento de um Líder que as possa organizar em reivindicações, que serão cobradas num primeiro momento de forma pacífica ao Sistema vigente, mas que num segundo momento serão cobradas através do Levante Comunista.
Por esse ponto de vista, chega-se ao entendimento de que mesmo em Países em que a Burguesia ainda não está plenamente desenvolvida e em estado de degeneração (conforme o postulado de Marx) já existe o conflito (silencioso ou explicito) entre a Burguesia e o Proletariado, representado pela vanguarda dos “Operários qualificados” que são desenvolvidos culturalmente. As rusgas entre Patrões e Operários tendem a ser iguais às que ocorrem em Países ricos e desenvolvidos.
Recorte – máquinas e equipamentos mais sofisticados exigem operários mais qualificados. Qualificação que necessariamente decorre de estudo e aprendizagem. Quanto mais estudo, mais consciente o indivíduo se torna e isso, inexoravelmente, fará com que enxergue as injustiças e outras atitudes errôneas que antes ele suportava por crer que tinham origem “divina”, que seriam intrínsecas ao tecido social e outras tolices do gênero. Mais consciente de seu papel, de sua importância, limita ou até extermina o medo que a Religião, a serviço da Burguesia, lhe impunha. Passa a descrer do “Castigo Divino”, como justificativa de suas penúrias; do “Direito Divino” de alguns que ao receberem heranças gozam dos privilégios da fortuna sem que nada tenham feito para merecê-la e tantas outras iniqüidades sociais. Desse ponto de questionamento e conscientização para o das reivindicações o caminho é curto. E por ter luzes, já consegue perceber que a mudança de paradigmas e de Regimes é uma luta severa, que exige organização e força para vencer os inimigos que se agarram aos seus privilégios com ferocidade mortal. Percebe, pois, a necessidade de se juntar a outros de iguais conhecimentos e através de um trabalho conjunto, onde o restante do Proletariado atua como massa de manobra, até que por sua vez possa receber a educação devida, enfrenta o Regime instituído e instaura a Revolução que resgatará a condição de humanidade que ele sabe que tem por direito, bem como todos os outros. A princípio esse recorte poderia ser tomado como um exercício de utópico romantismo. E de fato, entre o Ideal e o que acontece há um grande hiato. Porém, em linhas gerais, é aproximadamente isso que permitiu existir em outros Países, mesmo sem Revoluções, consideráveis melhorias no padrão de vida do Proletariado. Claro que em todos os processos existem desvios, erros e acertos. Mas insistimos que particularmente à época de Trotski a questão do esclarecimento era de fundamental importância se olharmos que aquela sociedade ainda vagava na Idade Média, em status bem inferior ao de outras nações européias.
Pois bem, até aqui, vimos que a “Revolução Permanente” escora-se em:
1.Se a Indústria (ou outra área, como a bancária, por exemplo) for a mais moderna possível, ela será capaz de compensar a fragilidade ou o atraso de outras áreas; pois essa moderna indústria exige operários qualificados, educados, para operá-la. E esses operários são capazes de fazer a mesma luta que seus pares de outros Países e de atuar como a “Vanguarda (ou a liderança, a linha de frente)” em uma provável Revolução.
Desse modo, a Burguesia fica espremida entre duas situações que lhes são adversas:
1.Por um lado continua submetida ao “Regime Feudal” que impõe e cujas iniqüidades podem gerar revoltas. Submetido a condições extremamente desfavoráveis o Proletariado pode revoltar-se, mais por instinto de sobrevivência que por razões ideológicas.
2.Por outro lado, já padece da pressão exercida pelo Proletariado Qualificado e Estudado que opera as suas modernas indústrias.
Em ambas as situações, a Burguesia não vê outra saída senão o de se tornar mais Conservadora; mas, é claro, isso gerará maiores atritos nas duas frentes.
Trotski já previra que quanto mais tardia fosse a modernização das indústrias, mais Conservadora (ver Conservadorismo, neste dicionário) seria a Burguesia e que essa condição poderia ser ideal, posto que suas iniqüidades seriam mais agudas e injustas, o que se transformaria no estopim para a deflagração da Revolução, a qual seria vitoriosa em quase todos os Países. Nos desenvolvidos pela própria degeneração do Capitalismo que Marx postulava. Nos mais atrasados, pelo surgimento de indivíduos esclarecidos ao ponto de serem capazes de iniciar um movimento ideologicamente organizado e viável. Desse modo, a “Revolução Permanente” além de exeqüível, seria altamente recomendável para que o fortalecimento da doutrina comunista ocorresse em todos os lugares.
No século XX a Burguesia deparou-se com mais uma condição que lhe era adversa: a diminuição de seus membros. Ao contrário dos séculos anteriores, já não existiam, ou só existiam em reduzido número as Classes dos artesãos e dos pequenos comerciantes que antes engrossavam suas fileiras. Como outras, essas Classes foram substituídas pela “Produção em Série” das grandes e concentradas indústrias e pelos grandes monopólios comerciais, como as redes de varejo que existem mundialmente. O “único povo disponível” nas cidades, já inchadas pelo êxodo rural promovido pelo latifúndio, é o Proletariado. E é nesse ponto que se torna mais visível a “Revolução Permanente”.
Conforme Trotski, a Burguesia já NÃO seria capaz de fazer a “Revolução Burguesa” por lhe faltar inclusive indivíduos para a luta, cabendo, pois, ao Proletariado encarregar-se das “tarefas democráticas”. Todavia, o Proletariado não se contentaria em fazer uma “Revolução Burguesa”, cujos objetivos estariam contidos em um “Programa Liberal Burguês, com propostas como a extinção da Monarquia, da servidão, dos impostos escorchantes etc.” Não! O Proletariado colocaria em prática o “Programa Socialista ou Comunista” e a cada medida decretada, outra medida mais radical seria imposta; em um movimento cada vez mais amplo e extremado. Seria a concretização da “Revolução Permanente”. No caso da Rússia, por exemplo, a Revolução começou pretendendo a Democracia e em poucos meses alterou completamente o Regime de Governo.
Porém, para alguns críticos do Comunismo, não se mudaria o Regime de Governo, mas só os indivíduos que compõe o Governo. De fato, se olhada sob o governo de Stálin, a Rússia continuou a ter uma camada dirigente que gozava de privilégios, enquanto que o Proletariado, aumentado com a adesão involuntária dos ex-burgueses, continuava amargando situações penosas ao extremo. O próprio Trotski concordava com tais criticas e por esse erro ele culpava a “Degeneração da Burocracia”, como veremos a seguir.
DEGENERAÇÃO DA BUROCRACIA
Neste ponto é que se encontra a maior divergência entre os Pensamentos de Trotski e de Stálin. Como foi este último quem venceu a disputa pela sucessão de Lênin, a Rússia viveu sob seu comando por décadas, quando exibia um poder artificial que não se traduzia em melhores condições de vida para o Povo. Ao contrário, foi quando se instalou o Regime de Terror absoluto (que Trotski apelidou de “Termidor”) que vitimou milhões de russos e pessoas de outras nacionalidades. E foi precisamente por isto, que MIHAIL GORBATCHEV pôde no final da década de 1980, acabar com o Regime Comunista. Como seria se Trotski fosse o vencedor?
Segundo Trotski o que pode garantir o êxito de uma Revolução em um País atrasado, semi-feudal – como era a Rússia à época – é a existência de pelo menos uma parte do Proletariado esclarecida e capaz de atuar como vanguarda; porém, nem sempre esse dado será suficiente. Será necessário o auxilio que outras Revoluções exitosas ofereçam. Será “permanente” não só no sentido de se aprofundar as mudanças, mas também no sentido de ser mais abrangente em termos geográficos. Se uma Revolução ocorrer em um País atrasado, mesmo que tenha uma parcela esclarecida em seu Proletariado, tenderá quase que inelutavelmente a perecer se não for socorrida por outras Revoluções comunistas. E esse fracasso ocorrerá tanto pelo auxilio que as forças Burguesas troquem entre si (como no caso russo em que as monarquias européias auxiliaram os “exércitos brancos, embora ali sem resultados), quanto pela “degeneração da Burocracia”.
Uma tese de Trotski explica essa “degeneração burocrática nas organizações operarias”. Nela, diz que a “exploração capitalista” torna o Proletariado mais atuante em termos políticos (ou melhor, mais ativo na pequena política de cunho meramente reivindicatório), na medida em que lhe obriga a lutar (por instinto de sobrevivência) contra o Sistema que o explora. É claro que esse “avanço político” não é uma dádiva da Burguesia. Ao contrário, é um efeito colateral e nocivo (para ela) da exploração que ela exerce. Levado a lutar, o Proletariado cria Sindicatos, Associações, Ligas etc. que organizam (ou deveriam organizar) as formas de lutas; e isso, de fato, acrescenta ao Operário certo papel de agente político. Porém, esse avanço pára nesse ponto e não se reproduz no campo cultural. As duras e penosas condições de trabalho e da vida em geral, embrutecem o Proletário e, pior, torna-o incapaz de repassar à sua prole valores culturais que, ao cabo, reduziriam as agruras da vida prática. É como se fosse uma herança maldita. A perpetuação da ignorância que produz “bestas humanas”.
Dessa sorte, aglomerados de operários incultos e embrutecidos sentem-se compelidos a lutar, mas sem que exista um objetivo claro e superior ao da simples sobrevivência. De tudo se quer. Mais comida, mais lazer (tosco e rude, pois só estes são acessíveis à massa de ignaros), mais saúde, mais casas etc. É, geralmente, um movimento reivindicatório e nunca organizado eficientemente para alterar as Causas de sua miséria. Do outro lado está a Burguesia ou a Classe Patronal que não admite sequer a idéia de “dar” o que lhes é pedido.
Entre esses opostos encastelam-se nas sinecuras1 sindicais e doutras organizações do gênero os chamados “Dirigentes Profissionais”, ou “os Burocratas”, na terminologia Trotskista. E esses “Dirigentes Profissionais” acabam tornando-se “Chefes” enquanto que a massa ignorante queda-se em quase total passividade. Limita-se a pagar as Contribuições Sindicais (os antigos dízimos religiosos?) e a seguiram “as ordens” da “Direção”. Ora, para Trotski, isso, em verdade é apenas uma troca de “Comandantes”, pois se saiu de cena o antigo “burguês explorador”, o “Dirigente Profissional” apressa-se para ocupar seu lugar. A submissão, ou melhor, o hábito da submissão foi mantido, alterando-se apenas quem impõe as regras. A massa, adestrada e coagida a respeitar a Hierarquia nas empresas Capitalistas, aceita sem maiores traumas essa troca no Comando. E aceitam porque não tem o alimento educativo que lhes enriqueceria culturalmente e, consequentemente, como Indivíduo. Não tem a capacidade (para alguns “a ousadia”) para questionar, duvidar, cobrar, exigir.
No “Estado Operário em vias de Degeneração”, o “Dirigente Profissional” que substituiu o Burguês age como seu antecessor e busca de toda forma impedir que a Massa adquira conhecimento e evolução individual. Para Trotski e seus seguidores, ao médio ou longo prazo, só haveria dois destinos possíveis para esses casos.
1.A Burocratização plena do Estado, como ocorreu na Rússia de Stálin. Nela, cada burocrata, para manter seus privilégios, torna-se um ardoroso defensor dessa Burocratização e simultaneamente um agente da repressão. Ao manter o estado de Terror Constante, via delações, infâmias, injúrias, injustiças, prisões, torturas, exílios e morte esse “Agente da Repressão” contribui para limitar ou anular o acesso à Cultura e ao progresso individual, fazendo com que o estado de coisas fique imobilizado na superfície; pois, mais no fundo, o Operariado reage como lhe é possível, inclusive sabotando a produção, a distribuição e outros serviços. Ou, então, entregando-se ao completo desespero que redunda em alcoolismo crônico e incapacidade daí decorrente; ou desagregação familiar, social e de valores que seriam inerentes à sua condição de Homens. Sobra-lhe uma desilusão total que se expressa pela plena apatia. Enquanto dura, o “Estado Operário” que na verdade era um “Estado Burocrata”, cabe ao Proletariado o papel de mera Massa trabalhadora, quase escrava.
2.Por outro lado, se o “Estado Operário” insistir na reforma da Estrutura, não haveria espaço para o “Império da Burocracia”. Note-se que aqui a “Revolução Permanente” também está embutida, pois só a luta permanente poderia rechaçar os ataques dos Burocratas. Nesse caso a gestão do Governo ficaria, efetivamente, a cargo do Proletariado que através dos “Conselhos” ou “Soviets” gerenciariam os assuntos do País e, mais especificamente, os interesses de toda a Sociedade e não apenas de uma Classe. Como beneficio adicional, esse modelo de gestão traria a oportunidade de que a Cultura e o Saber pudessem ser adquiridos pelo Proletário, o qual, através dessa aquisição, aprimorar-se-ia intelectualmente de modo contínuo e progressivo. Com o tempo, esse Proletariado, já mais capacitado, passaria a formar uma Sociedade mais evoluída, até que, ao cabo, fosse capaz de se auto gerenciar, tornando o Estado obsoleto, inútil e desnecessário. Ou como diria Trotski, segundo alguns autores: “gestão do Estado pela simples cozinheira”. Atrelado ao progresso individual, a Produção seria suficiente e a repartição mais justa e capaz de suprir as necessidades de cada um. As decisões seriam tomadas pelo conjunto, em regime de plena democracia.
Uma bela perspectiva, sem dúvidas. Porém, foi exatamente esse idílio romântico, conforme alguns, a causa da derrota de Trotski. Se Stálin soube compreender a natureza humana, cuja principal característica é a busca egoísta da própria satisfação, e adequar o Regime que melhor se lhe ajusta, Trotski perseguiu o sonho de que o Homem pudesse ser melhorado. Para vários pensadores, a repetição da ingenuidade dos antigos Socialistas, como SAINT SIMON. Outra curiosidade a ser notada é a aproximação com a tese do Economista ADAM SMITH, para quem a busca pela felicidade individual, resulta na melhoria geral da Sociedade. É claro que tal comparação não pode ser entendida literalmente, mas o que as aproxima é a idéia de que o aperfeiçoamento (financeiro em SMITH e ético em Trotski) de um grupo passa necessariamente pelo aperfeiçoamento dos indivíduos que o compõe.
Dessa sorte, vale insistir, nos “Estados Operários”, principalmente se forem muito rústicos e primitivos por ocasião da Revolução, haverá duas tendências antagônicas. A saber:
1.Burocracia, ou o “Governo dos Burocratas” – em que estes vão progressivamente tomando o Poder enquanto remetem o Proletariado para a situação passiva em que antes estava. Só mudaria quem dá as ordens e lucraria com a exploração do Proletário.
2.Democrática – nessa alternativa (utópica, para muitos) ter-se-ia o desenvolvimento Cultural e Econômico do Indivíduo, tornando-o capaz de reagir contra o domínio da Burocracia. Mas como tal situação pode não ser o suficiente, o ideal é que houvesse o auxilio de Revoluções vitoriosas em outras terras. Como resultado dessa soma de vetores, ter-se-ia no futuro uma Sociedade capaz de se auto gerenciar sem o concurso do Estado como regulador.
Vê-se, desse modo, que para Trotski a “Construção do Socialismo” NÃO é um movimento mecânico e retilíneo, como era mote comum entre os Stalinistas e seus assemelhados. Ao contrário, é um caminho em que se avança e recua e no qual a vitoria só será completa e sólida com a criação de uma “Sociedade Comunista”; ou seja, aquela em que todos são comuns, iguais, inexistindo qualquer privilegio para uma Classe, um grupo, um Indivíduo etc.
O Comunismo, como se viu, só terá sido efetivamente plantado e florescido quando as condições internas dos Países possibilitarem o surgimento de um Proletariado consciente e sua Revolução receber o auxilio de outras iguais. Enquanto isso, a Revolução que já tiver sido instaurada terá que ser móvel e sempre mobilizada para esmagar as tentativas da Burocratização e as de Contra-Revolução burguesa ou de cunho aristocrático ou monárquico. Na primeira tendência os inimigos serão aqueles oportunistas que se valem de sinecuras para aumentar o próprio poder. Na segunda, reúnem-se todos os que perderam os antigos privilégios e aqueles que tentam acabar com a Revolução em outro País por temer que ela aconteça no seu próprio.
Para Trotski, a implantação do Socialismo não poderia limitar-se a único País, como pregava Stálin, precisamente pelo risco de que Burgueses, Aristocratas, Monarquistas e afins de outras nações, auxiliassem os contra-revolucionários locais (tanto as Elites de antes, quanto os Burocratas do momento) e com isso lhes proporcionasse a oportunidade de esmagar o Comunismo. Além disso, é obvio, havia o aspecto humanitário embutido no Socialismo, o qual prevê a libertação de todos os explorados no Mundo.
A tese da “Revolução Permanente” pode ser definida como um Processo dinâmico, sempre em movimento; tanto para se proteger de seus inimigos, quanto para resgatar os outros Proletariados oprimidos, exterminando definitivamente a vestuta noção do “Direito Divino”, que, entre outras situações, é invocado para permitir que um Indivíduo receba e goze de uma fortuna sem que nada tenha feito para merecê-la. Para tal sujeito foi um “golpe de sorte” ou um “direito (sic)” previsto até nas Sagradas Escrituras (sic). Para quem não recebeu dádiva, herança ou propina, restam maiores dificuldades para viver e o desconsolo de “não ser amado por Deus (sic)”; e, naturalmente, a raiva por ser “azarado desde o útero”...
A RELAÇÃO ENTRE A BUROCRATIZAÇÃO e o DESENVOLVIMENTO
Prosseguindo, veremos que a Relação entre Burocratização e Desenvolvimento tem duas faces, a saber:
1.O atraso (cultural, intelectual) dos indivíduos estimula o surgimento e a consolidação da Burocracia, pois quanto mais ignorante, mais servil (ou rebelde inútil) o Proletário. Como existem pouquíssimos “rebeldes inúteis” que tem a coragem de contestar o Sistema – que prontamente o esmaga – a Maioria acata as ordens da Burocracia desde que essa lhe forneça o mínimo necessário à sua sobrevivência. Quer-se viver, não importa como e a que preço. Tanto pelo Instinto de Conservação, quanto pelo medo dos terrores do “Além” que a Burguesia lhe inculca através das Religiões que controla. E como é sabido, o medo é diretamente proporcional e relacionado com a ignorância; maior esta e mais agudo aquele.
2.A Burocracia, por seu lado, impede o desenvolvimento por desejar manter seus privilégios. Ora, se ao contrário, favorecesse o Desenvolvido Humano em curto prazo esses mesmos humanos se livrariam dos terrores supersticiosos impostos pelas Religiões e dos terrores quase “genéticos” que lhes são incutidos desde a mais tenra infância. Saberiam que a mudança só requer Vontade e Organização.
Na seqüência abordaremos outra nuance do Pensamento Trotskista: o “Mercado Capitalista”.
MERCADO CAPITALISTA
Segundo Trotski e seguidores, a única alternativa viável ao “Mercado Capitalista”, em seu sentido amplo, será a “Democracia Operária”. Podemos, pois, citar o seguinte exemplo:
“quando um Capitalista organiza o trabalho tende a adotar os métodos que ofereçam maior lucro. Se fosse uma “Comissão de Trabalhadores”, iria optar pelo Sistema que tornasse o trabalho mais suave e mais eficiente para os trabalhadores. Preservá-los-ia das condições insalubres, perigosas e/ou penosas. Se esse planejamento fosse executado por um “Burocrata não proprietário (salvo as exceções, naturalmente. Grifo do autor)” ver-se-ia que ele não teria nenhum interesse em maximizar a capacidade e o resultado daquele trabalho. Provavelmente adotaria o inverso, pois enquanto o trabalho for mantido na condição atual, a sua posição de burocrata estaria assegurada. Criaria maiores dificuldades para vender facilidades mais caras.
Outra questão contemplada por Trotski é relativa ao quê produzir? Como proceder para que a Indústria produza aquilo que de fato é de necessidade do Proletariado? No Capitalismo, o Proprietário primeiro cria uma necessidade (ou aproveita uma que foi criada por um de seus pares), principalmente através da Publicidade, para depois manipular o desejo do Público e, então, vender-lhe sua mercadoria. Não deixa, é óbvio, de ser uma forma de exploração, embora camuflada. Através desse expediente o Capital modela a própria escala de valores da Sociedade, que passa a seguir os ditames do Consumismo*, abandonando outros valores que antes lhe eram naturais, como a solidariedade, a amizade etc. É claro que esse controle não era tão explicito na época de Trotski por não haver o tipo de Publicidade atual; mas tanto quanto hoje, já naquele tempo a característica principal era o Produto da Indústria, atender muito mais ao interesse do Capitalista que do Consumidor.
Por outro, na “Democracia Operária”, através das “Organizações de Trabalhadores Consumidores”, seriam feitos “planos econômicos” capazes de corrigir esse desvio e desencontro entre reais necessidades e oferta de supérfluos. Conforme Trotski, planos em que os indivíduos pudessem escolher entre o “Partido do Carvão” ou o “Partido do Fuleóleo”.
Porém, no Estado Burocrático, as “Comissões de Trabalhadores” seriam substituídas pelos “Especialistas”; os quais se soubessem quais as reais necessidades do Proletariado a sonegariam para que a Indústria os subornasse e vendesse o que melhor atendesse aos seus interesses. E se não fossem corruptos, quase sempre seriam incapazes de interpretar os anseios de uma população que lhes era estranha, pois graças à sua sinecura, viviam num degrau acima do Proletariado. Apesar dos efeitos deletérios sobre o caráter dos burocratas, essa situação os fortalecia como Classe, sendo mais um motivo para manter o Povo na maior ignorância possível, pois, como já se disse, quanto maior for esta, maior será o Conservadorismo proveniente de medos variáveis que lhes foram impostos desde a tenra infância e cristalizados pela falta de estudos: “ruim assim, pior do outro jeito” (sic). A esse propósito, vale transcrever o que Trotski afirmou: “a democracia, mais que uma necessidade política, é uma necessidade econômica”.
PASSADO RECENTE e ATUALIDADE
Os Trotskistas acreditavam que os Regimes dos Países que formavam o “Bloco do Leste (Polônia, ex Tcheco-Eslováquia, ex-Hungria etc.)” estavam condenados ao fracasso porque seriam “Burocraticamente Degenerados”. Regimes governados por Burocratas e que, em razão disso, eram apenas transitórios, essencialmente instáveis e prestes a serem derrubados por “Contra-Revoluções Sociais” que mudariam a forma como a Sociedade se organizava. Deixariam de ser Comunistas para voltarem a ser Capitalistas.
Admitiam, porém, a possibilidade de que ocorresse outro tipo de Revolução: a “Revolução Política” que derrotaria o Poder dos Burocratas e do próprio Partido Comunista, instaurando a chamada “Democracia dos Conselhos de Trabalhadores” que seria multipartidária, ou seja, com espaço para a existência de outros Partidos Políticos. Diferenciar-se-ia da “Revolução Comunista Original”, justamente por esse aspecto.
Essa admissão de outros Partidos (que só aconteceu depois de 1930, após a expulsão dos Trotskistas do Partido Comunista Russo) corroborou para que os inimigos do Trotskismo acusassem-no de “Revisionista (interessado apenas em revisões pouco profundas do modelo Político atual) e, até, de “Burguês”. Na seqüência, analisaremos essas dissidências e Correntes contrárias.
AS DISSIDÊNCIAS
BRUNO RIZZI, na Itália; MAX SCHACHTMANN, nos EUA; TONY CLIFF, na Inglaterra; CORNELIUS CASTORIADIS, na França e mais alguns outros, foram célebres dissidentes do Trotskismo. Criticaram, sobretudo a aceitação de outros Partidos (além do Partido Comunista) no âmbito da Revolução ou dos Governos Revolucionários, como ficara implícito na questão dos Países do “Bloco do Leste”. A rigor, diga-se, suas dissidências não eram contra a essência do Trotskismo, mas contra esses “desvios” ou “aprimoramentos (cf. os que lhes eram favoráveis)”. Ironizavam ao dizer que os Burocratas já eram, para todos os efeitos, “Burgueses Proprietários”, pois eram “Donos do Estado” e, portanto, da Economia; não havendo a necessidade de restaurar o Capitalismo, haja vista que ele já existia de fato, embora não formalmente. O que faziam, na realidade, era reafirmar (ou relembrar) as teses originais do Trotskismo. O que se criticava era essa guinada que lhes parecia uma capitulação incompreensível, para não dizer, covarde e oportunista.
Outro adepto (ou simpatizante) célebre que se mostrou inconformado foi o famoso intelectual GEORGE ORWELL. Ele, que em alguns pontos se aproximava muito do Trotskismo, expôs em seus livros “A Revolução dos Bichos (O Triunfo dos Porcos, no original)” e “1984” sua ácida critica quanto à adesão ou a coligação com outros Partidos e/ou outras Correntes de Pensamento Político. Alguns Trotskistas dos EUA, que a principio apoiaram a composição com as outras Forças Políticas, acabaram bandeando-se para o outro extremo, tornando-se férreos Direitistas e dando inicio ao movimento chamado de “Neo-Conservador”, cujas características, obviamente, alinham-se com os valores do Centro e da Direita. Dentre outros, podemos citar JAMES BURNHAM e IRVING KRISTOL.
No último quartel do século XX, mais precisamente em 1989, o Comunismo entrou em colapso na Europa. Com MIHAIL GORBATCHEV, a Rússia voltou a ser um País Capitalista e as ex Repúblicas Soviéticas declararam-se independentes de Moscou e aderiram ao Capitalismo. Foi, como se sabe, uma mudança difícil, onde se teve o pior do Capitalismo como gangues, subornos, negociatas escusas, guerras civis e/ou étnicas etc. Hoje a situação mostra-se mais equilibrada, mas o Comunismo só continua vigorando em Países como a China, Coréia do Norte, Cuba e mais alguns de menor peso. Cada qual com suas peculiaridades.
Olhando-se, então, a história recente nota-se o acerto de Trotski quando vaticinou que a Revolução estática ou restrita a um determinado País, como era a proposta de Stálin, caminharia para o fim. Trotski admitia que suas teses precisariam ser revisadas em algum momento no futuro, pois intuía que as mudanças mundiais, induzidas pelo avanço tecnológico, poderiam justificar os ajustes. Stálin nada previu nesse campo e nem seus seguidores admitiram qualquer revisão alegando que isto macularia a pureza do Comunismo. Sabe-se o resultado.
O fato inquestionável é que embora necessitasse de ajustes e atualizações periódicas, não se pode dizer que as teses originais de Trotski estavam erradas. E se algum erro contivera, deve ser atribuído a certo romantismo ingênuo de imaginar que o Homem pode ser melhorado.
TROTSKISTAS ATUAIS
Desde sua morte, os seguidores de Trotski têm-se dividido em várias Correntes. Entre outras, citaremos as seguintes:
1.SECRETARIADO UNIFICADO da IV INTERNACIONAL que se intitula “o sucessor oficial” da IV Internacional de Trotski. Em Portugal é representado pela APSP (ex PSR) e no Brasil por uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) que se auto denomina “Democracia Socialista”. É a Corrente que segue a orientação de MICHEL PABLO e que teve como Dirigente Histórico ERNEST MANDEL.
2.O COMITÊ de LIGAÇAO INTERNACIONAL PARA UMA INTERNACIONAL OPERÁRIA, também chamada de “IV Internacional (1993)”. Originou-se dos militantes, principalmente os franceses como PIERRE LAMBERT, que em 1950 rejeitaram a proposta de infiltração no Partido Comunista Francês e de outros Países. Em Portugal é representado pelo POUS e no Brasil pela Corrente que edita o jornal “O Trabalho”.
3.A LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES, predominantemente composta por latinos americanos que abandonaram o SU por discordarem de sua proposta de Construção de Apoio Incondicional aos “Sandinistas”, na Nicarágua. Fato, aliás, que impediu que se formasse o Partido Comunista naquele País.
4.A LIT-QI que em Portugal é representada pela “Ruptura/FER” e no Brasil pelo PSTU.
5.O COMITE POR UMA INTERNACIONAL OPERÁRIA, ligado ao antigo grupo inglês “THE MILITANT”. Em Portugal representa-o a “Alternativa Socialista” e no Brasil o “Socialismo Revolucionário”.
6.A UNIÃO COMUNISTA INTERNACIONAL, ligada ao grupo Frances “Lutte Ouvriére”
7.LER-QI – LIGA ESTRATÉGICA REVOLUCIONÁRIA que atua na America Latina e principalmente na do Sul. No Brasil conta com estrutura própria e numerosos adeptos.
1.Sinecura – emprego ou função que não obriga ou quase não obriga a trabalho. Popularmente, emprego vantajoso conseguido e/ou mantido através de artimanhas e de atitudes antiética.
Rio de Janeiro - Verão de 2010.
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