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Olhos apagados

Olho para este mundo
E o sinto cada vez mais distante.
Olho para o meu eu interior
E percebo que lá no fundo
Há uma luta – Leviatã versus Condor.
Porque este meu eu interior presente
Afasta minha carne de todo pensamento fecundo.
Estou partido vivo
Caminhando ausente.

Minhas mãos sobre o papel
Perdem-se quando são levadas
Pela força da caneta adentrando no túnel
Das letras infiéis e malvadas.

Estou oculto para gerar minha outra imagem.
Quero perder-me e achar-me.
Diria que meu sonho é vertigem
E que estou aqui, mas também estou lá.

Se me olham percebo que sou o mesmo,
Se me odeiam percebo que não sou mais eu.
Minha voz estúpida se perde no ermo.
Sou o ar e me perco nos céus.

Caí e estou caído
Sem uma mão para me levantar.
Com o peito moído
Quando pétalas roubadas começaram a me olhar.
O feixe de luz sobre minhas costas
Duplicou meu ser com faces opostas.
Olho para mim e vejo o meu fantasma
Que me assombra e rouba sem lástima
Minha única centelha, deixando uma ferida
Distanciando o elo desta corrente da vida.

Sinto e senti
A noite passar a mão na minha cabeça
Para me deixar assim,
Sem visão e sem esperança.

Minha alma não é sentinela
Estou só
Num nó
Entre a janela do olhar
Entre o abrigo do sol.
Distante de tão perto
Perto de tão distante.

As nuvens fecharam meus olhos
E estou perdido neste labirinto.
O Minotauro de meus pesadelos
Não me deixa encontrar meu extinto.

Não me encontro me escondendo,
Não me escondo me encontrando,
Neste ensinamento não aprendi a chorar,
Nem sofro por amar.

Meus olhos não vertem lágrimas
E converto sentimentos no fogo que se apaga
E nunca mais volta.
Só tenho medo da lembrança que se afaga
Nesta onda leve e solta
Levando-me para outras margens.

Estou esquecido e apagado.
Não existo, não existo.
Por isso falo e sou mudo.

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terça-feira, dezembro 15, 2009 - 21:01

Ministério da Poesia :

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Alcantra

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