Frases

Quando se reduzir a um só bosque negro para nossos quatro olhos atônitos, —
a uma praia para duas crianças fiéis, — a uma mansão musical para nossa
clara simpatia, — vou te encontrar.
Haja aqui embaixo só um velho solitário, calmo e bonito, em meio a um “luxo
incrível”, — vou estar a teus pés.
Assim que eu realize todas as tuas fantasias, — sendo eu aquela que sabe
torturar-te, — vou te estrangular.
***
Quando a gente é forte, — quem se afasta? muito fresco, — quem cai no
ridículo? Quando a gente é mau, que fariam de nós?
Se arrume, dance, ria, — Nunca pude mesmo jogar o Amor pela janela.
***
— Minha amiga, mendiga, criança-monstro! Pra você é tudo igual, essas malamadas
e suas intrigas, e meu embaraço. Junte-se a nós com sua impossível
voz! único bajulador desse vil desespero.
Manhã nublada, julho. Um gosto de cinzas flutua no ar; — aroma de madeira
suando na lareira, — flores mofadas — a confusão dos passeios — a neblina
dos canais pelos campos — agora, que tal os joguinhos e o incenso?
***
Estendi cordas de campanário, a campanário; guirlandas de janela a janela;
correntes de ouro de estrela a estrela, e danço.
***
O lago lá em cima se esfuma sem cessar. Que feiticeira vai subir do poente
branco? Que frondescências violetas vão descer?
***
Enquanto recursos públicos se evaporam em festas de fraternidade, um sino de
fogo rosa soa nas nuvens.
***
Avivando um cheiro bom de tinta da China, uma poeira negra chove
docemente em minha vigília. — Diminuo a luz do lustre, me jogo na cama, e,
voltando pro lado da sombra, vejo vocês, minhas meninas! minhas rainhas!

Jean Arthur Rimbaud
Livro: Iluminações

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Monday, February 23, 2009 - 19:17

Poesia :

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JeanArthurRimbaud

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Re: Frases

Muito bom, gostei de ler! :-)

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