Retrato de um Príncipe

Leves são as suas mãos, lívida a sua pele, envolvente o seu sorriso matreiro, misteriosa a sua mente…
De súbito num insignificante objecto me torno, e serenamente na sua mente tento repassar, e nos seus sonhos mais sensuais e exuberantemente me amesquinho, deixando-me possuir pelos suas demências e sem dar por isso, é a minha mente que se abre àquela penetração insaciável de um olhar de criança, e numa límpida água me torno…
Alcançar tanta perfeição? É impossível! O meu insignificante ser, que outrora sonhava, não consegue desviar o olhar, não atinge o trono.
Sem mais, numa espada me torno, e sou desembainhada por alguém, que me utiliza numa luta que é recíproca. No fim a minha lâmina ensanguentada, recua… na volta, a espada em coração se torna, e este no imenso se perde…
As suas mãos, em tesoura se tornam, quando o alcançar me repele. No entanto, quando as possuo, do seu regaço me levanto, do seu coração me ergo, do seu corpo desvario, e do seu sentimento desvaneço…
Para quê tanta perfeição? Deixem-me sonhar…
 

16/04/1997

Blondie