Algures em Veneza:o que é a poesia?

"Algures em Vezena a gôndola ilustra o brasão napoleónico, nas arestas erguidas escreveram-se as poesias mais enigmáticas.Poesia esculpida com aves,cobras,leões,olhos e bastões,expoente de liríco mistério.Que vidas conheciam os reis que encantavam as musas do Nilo?Que Nilo aprendeu no passado a enfeiçar o presente com suas heroínas, os reis que sucumbiam ao primeiro ai de Cleópatra?
As Jóias de Joseph pendiam no peito leitoso da mulher que com paternidade milenar aconchegava a maternidade monumental da maravilha do mundo.
No canal, o amante legava todas as batalhas ganhas,os latifúndios,à noiva que por um dia o conduziria ao céu.Da sua voz de carrasco e condenado por livre adesão ao calor irresístivel da doce fêmea,voavam desafinados compassos duma já gasta canção napolitana.
Bonaparte inventou "mudar o mundo e a vida", mais tarde, Rimbaud, limitou-se a salientar a pragmática eloquência imperial.
"Lá do alto, quarenta séculos de civilizão comtemplavam" o buraco legal que permitiu às mulheres casarem para serem livres e subjugarem os tolos que se lembraram de legislar contra eles mesmos(aconteceu em Roma).
O numeroso e poderoso exército caminhava rumo à feição daquela que matou de amores Júlio César e Marco Antônio, o resto do mundo adormecia olhando a inclinação da torre de Pizza.
Tudo tem um fim,não seria o Egipto que calcaria a nobre cruzada dos franceses,algo de muito gelado aguardava, noutra terra,pela farda resplandecente e graciosa que vestia os corações de Les Champs-Élysées.
Os nove palhaços arquitectónicos riram-se das feras e dos gladiadores.
Os tres pupilos de pedra pediam festa e orgia a toda a hora e os tres percursores de Molière enchiam-se de gritinhos homosexuais na expectativa que a ilha de Lesbos parisse muitos filhos varões.
Um só poeta,Nero,brilhava no firmamento que dominou a terra.
Queria eu prosseguir esta descordenada história, na qual pretendia estabelecer um paralelo entre o apogeu de dois impérios,o romano e o francês,mas os livros de história deitaram por terra as coordenadas que orientaram o meu cérebro:
-Divorciou-se hoje do pássaro, a marca de fogo que o ligava ao peixe."