Vanissima Senhora *

Alguém haverá
de gostar
do longo Poema
do Negro poeta.
 

Prolixo e superficial,
outros dirão (mais
o poeta que sua obra)
enquanto mastigam
a última sobra.
 

Eu nada direi
e por pura
covardia
nenhum juízo farei.
 

Eu só quero
a lanhosa paz
de quando se diz "Sim".
Meu tempo correu
e meu "Não" está
semi extinto.
Abstenho-me
do Absinto,
do Absoluto
e do "Ab (SUS) penso".

Sou apenas
a sombra que vaga,
assustando os incautos
e quem ainda divaga.
 

Minha antiga insolência
já nada deflagra
e só me resta aguardar:
alguém num Domingo;
Elza, que logo virá fingir
que me banha;
Madalena, depois, que
finge alimentar-me e,
por fim, Helena. Não a
de Troia, "off course".
 

A todas e a todos
eu espero.
E, também, a quem mais
eu quero: a "Vaníssima Senhora"
que canta o Negro poeta.
 

Tenho tantos anos
que meu ofício é esperar.
Meu tempo é aguardar.

* da poética de Fausto Antonio - Ed. Quilombhoje - Coleção "Cadernos Negros - volume 28"

 

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Sunday, November 6, 2011 - 15:36

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