ENTREVISTA - À CONVERSA COM ISABEL MOREIRA REGO
CULTURA
À conversa com Isabel Moreira Rego
Sara Meireles
06/10/2010 - 10:57
O Viver Loures entrevistou a autora de "A Juventude de Isabella" e "O passado ficou esquecido".
Com o lançamento do segundo romance “O passado ficou esquecido” o Viver Loures decidiu entrevistar Isabel Moreira Rego.
Aos 11 anos, com a morte trágica de sua irmã mais velha, escreveu a autobiografia: "A Juventude de Isabella", em sua memória. Quando tentou publicar a obra, ela foi cortada pela censura da época. Em manuscrito, a obra ficou na gaveta, até 1979, data em que foi publicada. Hoje tem vários trabalhos escritos na gaveta, os quais deseja publicar...
Viver Loures - Conte-nos um pouco a sua história.
Isabel Moreira Rego - Nasci no Algarve na década de quarenta, no seio de uma família de classe média da época. Aos seis anos de idade era uma criança triste, segundo os meus avós maternos que tudo fizeram para que eu fosse viver com eles na quinta onde viviam. Já em casa dos meus avós comecei as actividades escolares a par da integração na sociedade que me esperava de braços fechados.
Casei aos 18 anos com o primeiro amor da minha vida. Parei de estudar. Do casamento nasceram duas filhas. Aos 25 anos voltei à escola à revelia do marido machista e prepotente. Mas apesar do facto sempre me senti livre e independente… mesmo sabendo que não o era. Não acabei o curso superior, fiquei pela metade…
Viver Loures - Como surgiu o gosto pela escrita?
Isabel Moreira Rego - Apaixonei-me ainda criança pelas letras do alfabeto, das rimas e das metáforas.
Viver Loures - E quando e em que circunstância decidiu escrever um livro?
Isabel Moreira Rego - Aos onze anos de idade com a morte trágica da minha irmã mais velha decidi escrever o romance “A Juventude de Isabella”, em sua memória. Trabalho literário que foi cortado pela censura da época e só publicado em 1979. A edição teve sucesso, mas teria tido mais se as circunstâncias tivessem sido outras. Apoio de uma editora por exemplo…
Viver Loures - Como chegou ao tema que escolheu?
Isabel Moreira Rego - Os dois romances que foram publicados o primeiro é uma autobiografia o título só podia ser biográfico… e como descrevi a tragédia que envolveu a morte da minha Irmã mais velha. Fui obrigada a começá-lo pelo meu nascimento, daí o título. “O Passado Ficou Esquecido” tem outra característica. O tema trata a vivência do Povo Português dos anos cinquenta até aos nossos dias.
Viver Loures - O que pode desvendar sobre este livro?
Isabel Moreira Rego - Este livro começa no primeiro capítulo com a alta burguesia e seus lacaios, e vai-se desenrolando com mudanças de mentalidades e comportamentos sociais. A história passa por entre amores e desamores, encontros, desencontros temporais, revelações, paixões tardias, casamentos e novas gerações… E muito se pode ler nas entrelinhas.
Viver Loures - Já está a trabalhar num outro projecto?
Isabel Moreira Rego - Sim. Outro romance… O tema fica para levantar o véu, mais tarde.
Viver Loures - Projectos para o futuro?
Isabel Moreira Rego - O meu sonho é publicar os textos infantis que estão na gaveta. Para além de uma autobiografia, um romance para a Juventude e alguns contos.
Viver Loures - Uma mensagem aos nossos leitores?
Isabel Moreira Rego - Há que divulgar o livro e adquirir gosto pela leitura. A leitura está associada aos prazeres da vida como qualquer outro entretenimento. O livro para além da consulta e aprendizagem é um amigo que nos proporciona grandes emoções.
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Minha querida, Isabella,
Minha querida, Isabella,
esta tua entrevista revela tua alma grandiosa, nobre e batalhadora, que não se deixou resignar,
ante atitudes dominadoras e machistas, nem pelos estigmas de uma sociedade castrante, lutando sempre e estudando, para levar seus sonhos adiante, escrevendo e dando a conhecer a sua arte, inda que sem apoios, de quem os devia dar (as editoras), e seguiu trilhando seu caminho, de e para com a poesia, seus romances, olhando para as crianças, como molas impulsionadoras, de uma outra sociedade, que deve adquirir mais o gosto pela leitura, com tudo o que esta nos tem a ensinar, através de seus autores e suas vivências, para novos comportamentos a ter.
Não imagino a dor de perder uma irmã, pois sou filho único, tendo meus pais ainda comigo, juntinhos de mim. Mas posso ver teu coração ernorme, que inda que sangrando, por perda tamanha, tão precocemente (duas dores) alta demonstração de amor lhe moveu, eternizando-a, através de um livro, em sua dedicatória, que na lembrança de muitos ficará para sempre.
Teus sonhos seguirão, e muitos mais livros serão publicados, pois tu és persistente e tua alma altruísta e teu dom saírão à rua, com o muito tudo de bom, que tens para nos dar.
Meu muito obrigado, por esta linda partilha, meus parabéns e desejos de muitos sucessos.
Beijinhos mil.
Jorge Humberto
MEU QUERIDO AMIGO JORGE HUMBERTO
MEU QUERIDO AMIGO JORGE,
Meu bom amigo, li com toda a minha atenção o teu comentário!
Nem tenho palavras para te agradecer as tuas palavras de carinho, de compreensão e partilha na dor de que viveu em mim, e viverá até aos fins do lumiar da minha vida... que foi a perda da minha irmã, Maria José! Eu conheci a minha irmã na escola e eramos muito amigas... tinha eu apenas 7 anos... e só mais tarde sabemos, ambas, que eramos irmãs. A minha irmã era apenas filha do meu pai... a mãe dela morreu quando ela nasceu e meu pai viúvo, casou com minha mãe solteira na altura. Eu não sabia que tinha uma irmã quando a encontrei na escola, mas o destino nos pôs frente a frente anos depois de já sermos amigas.
Escrevi um romance em sua memória à revelia do meu pai e de alguns outros famíliares. Ainda hoje não esqueceram o livro. Embora já tenha passado 34 anos e tenham morrido os meus pais, avós e tios... as novas gerações são conhecedoras da tragédia e acham mal eu ter escrito o romance.
Um grande e forte abraço meu amigo de tua amiga,
isabella