Auto de Açucena
- Branca Açucena
que do fundo nos chega,
conte o que viu
na Terra das gentes.
- Pouco eu vi, poeta que pergunta.
E menos entendi,
pois o véu que o Mundo
nos obriga
roubou o que viam esses olhos
e essa mão (que a Terra
haverá de comer),
só o cinza vazio segurou.
- Mas e a luz que às vezes avistamos?
- Dela, só soube que é semi extinta.
Que são os brilhos derradeiros
de quando o amor existia.
De antes que o medo e o orgulho
apagassem o bem-querer.
- E mais nada restou, Branca Açucena?
- Só a paúra de saber que no Futuro
haverá de se perguntar o por quê
não se deixou a Felicidade ficar.
- E a Ciranda que se ouve, Açucena?
- Essa eu vi. É quem canta e festeja
a tristeza de quem quer sonhar.
Canta e festeja
porque nela está
que em vão já sonhou
e quem nunca sonhará.
Canta e festeja, canta e pragueja
para os sonhos não sonhar.
- Tão triste, branca Açucena.
- Tão triste, poeta que pergunta.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1193 reads
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Bruxas | 2 | 2.377 | 07/14/2009 - 14:56 | Portuguese | |
Poesia/General | Por quem | 1 | 2.864 | 07/12/2009 - 21:19 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Outono | 2 | 2.219 | 07/09/2009 - 19:26 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Isabel | 1 | 3.590 | 07/08/2009 - 13:08 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | "Vivere Est" | 2 | 2.566 | 07/07/2009 - 18:57 | Portuguese | |
Poesia/General | Foto | 1 | 2.475 | 07/04/2009 - 22:41 | Portuguese |
Add comment