ANJOS E HOMENS
ANJOS E HOMENS
A PROPÓSITO DA IMAGEM EQUIVOCADA QUE A MAIORIA DAS PESSOAS TÊM SOBRE OS ANJOS, DO PONTO DE VISTA TEOLÓGICO.
ANJOS E HOMENS
As imagens, em seu próprio aspecto, condizem à realidade. A projeção da imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem. Assim, a arte pictórica figurativa, ainda que fantasiosa, consegue mostrar a realidade invisível em amplo sentido, no seu aspecto essencial. Na impossibilidade de demonstrá-la ou justificá-la permite, no entanto, afirmar que o mundo espiritual existe.
A arte ao criar imagens, suscita a imaginação do homem, move a inteligência e procura o conhecimento, permitindo entender tudo o que normalmente não lhe é sensível.
Uma arte maior consistiria em transmutar o mundo invisível, porém real, para o mundo material através da criação de imagens, sem, contudo, alterar-lhe a substância – o que há de permanecer nas coisas que mudaram. Arte esta que domina a matéria como expressão da realidade invisível.
O mundo espiritual, habitado por criaturas pessoais, não corporais, dotadas de inteligência e vontade, mais perfeitas que qualquer criatura visível permaneça imortal, perpetuando o equilíbrio hierárquico e gradual do universo, servem de intermediárias entre Deus e os seres humanos, de forma a garantir a continuidade do ser.
Estas criaturas, habitualmente chamadas de anjos são simbolicamente representadas na arte por seres humanos alados, cuja missão é a ligação possível entre o mundo humano e o mundo espiritual. Mundo esse, misterioso e desconhecido, que liga a criatura humana ao não compreendido na totalidade, porém para o qual tende, porque só quando dele participar poderá entendê-lo plenamente.
O fascínio exercido pelo mundo espiritual ao homem corresponde a uma necessidade maior de se glorificar, pelo seu aspecto mais nobre, e, como única possibilidade de atingir a imortalidade após a morte física. Tal a sua importância, que desde a Idade Medieval até à época moderna, servem de inflexão teológico-filosófica e, no fim do século XX, o tema dos anjos conhece na literatura filosófica uma espécie de revivescência. Todavia, há que distinguir entre o mundo espiritual e suas criaturas não-corporais, numa perspectiva científico-filosófica de estruturação do Universo que implica a existência de tais substâncias espirituais, e o espiritismo – crença em fenômenos mentais ou naturais não explicáveis por métodos científicos e que são atribuídos à existência de comunicação, por meio de mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados. Enquanto que os anjos são seres espirituais por natureza, os espíritos encarnados e os desencarnados são de natureza humana, portanto diferentes e opostas, constituindo-se numa obscura extrapolação.
No limiar deste século, parece haver mais que nunca uma necessidade de preenchimento do ser, de justificação, de afirmação e de agregação com a interioridade individual da pessoa que a aproxima da sua essência imaterial, da qual não consegue fugir.
Se subtrairmos da criatura humana a existência material, encontraremos a criatura espiritual que nos integra. Ainda assim, diferente dos seres puramente espirituais por natureza. Assim, o mundo espiritual com seus seres incorpóreos, apesar de abstrato, é impossível negar a sua existência.
O mundo das manifestações mais diferenciadas da suscetibilidade e do pensamento, que se definem em oposição a corpo e matéria, às quais se associam as questões de personalidade, de individualidade, de consciência, de infinitude e de imortalidade é real, representando, neste momento, o futuro – aquilo que acontece quando a matéria, o espaço e o tempo cessarem.
Por Fernando Figueirinhas Nana, 28 de março de 2011
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