DE PARTIDA

Começo a perceber
Que o caminho
É não perder
Esperança e carinho

Entregar a alma à vida
E o corpo ao futuro

Tenho que partir
Hei-de seguir
Os passos certos
Que me elevam a esperança

Sinto que o destino
Me pregou uma partida
Tentando fechar-me todas as portas
Trancadas com a chave da dificuldade

Maldito destino
Que não respeita a vontade
De construir a vida
Das cinzas dos intempéries

É o destino que tentou queimar
As raízes da minha esperança
Com o calor que se levanta da terra
Que reclama o suor dos seus filhos
Porque as nuvens
Deixaram de trazer
As benditas mágoas da natureza

Vejo lá para cima
Por cima do invisível
E começo a imaginar
Que tudo corre
Como uma corrente de rio
Que respeita as regras da natureza

As nuvens pretas mudaram de rota
Por aqui já não passam
A natureza perdeu o seu luto
O Céu parou de chorar

Terra melancólica
Cavo de entristecimento
Lágrimas dependuradas
Olhos irrigados

O homem suporta
As mágoas da natureza
Transporta-as sobre os ombros
Como uma grande cruz

Insistência.
Pensar que amanhã
Poderá ser melhor
Sendo que
Tudo estará na mesma

A indelével esperança
Dos homens desta terra

Hei-de seguir os meus passos
A caminhada feita
Por muitos homens e mulheres
Desta terra.

O destino dos que partiram
Pisando caminhos longínquos
Para reconstruírem a esperança
De uma vida com outra luz

De partida
Sem data marcada para o regresso
A saudade emerge
Vontade de ficar
E a certeza na volta
Porque a minha casa eterna
Jaz aqui
À minha espera
Para o final destino.