POR AMOR
Por amor
O meu amor é cego, eu o amo como a minha própria vida,
Ele não me conhece, apenas tem a minha voz para ser ouvida,
Conhece o meu cheiro, os meus passos mesmo na escuridão,
Ele até conhece a minha alma e a minha própria respiração,
Conhece o meu rosto, como eu próprio me conheço,
Pela suas mãos belas e esguias que de vez em quando as aqueço.
Eu sou o seu guia, os seus passos, os seus olhos que não vêem,
E por isso andamos sempre juntos, como eu amo o meu bem,
Mas o meu amor sente-se triste, eu sinto, e tenta esconder,
E eu sinto nos seus gestos, nada diz para não me entristecer,
Tento disfarçar com a minha alegria para contagiá-lo,
Mas é difícil porque a alegria é enganosa e por vezes não falo.
Os seus olhos nada vêem mas são lindos da cor do céu,
O meu amor é cego, queria tanto que cego, antes fosse eu,
E então decidi dar-lhes os meus olhos, para ele poder ver,
Não me importo que eu fique cego, quero que fique a conhecer,
As cores, o amanhecer, o por do Sol, tal como eu vejo,
É o meu amor, o meu bem, quero dar-lhe este meu desejo.
Dou-lhe uma grande notícia que tenho uns olhos para ela,
Não lhe digo que são os meus olhos que vão ficar com ela,
Fica radiante, feliz, abraça-me, beija-me, fica venturosa,
Então o grande dia chega, dá-me um beijo, está nervosa,
O transplante é feito, tem os meus olhos o milagre aconteceu,
Ele ficou a ver e pela primeira vez o meu amor me conheceu.
O meu amor ficou a ver, a luz, as cores, e que o seu amor é cego,
Deixei de ver os seus olhos, fico triste no meu ego,
Pergunto ao meu amor que agora vê, se quer casar comigo,
O meu amor fica em silêncio, fico confuso e muito apreensivo,
A resposta é não, porque estou cego e eu compreendi,
E muito triste, cabisbaixo, sem voz dela me despedi.
Deixei-lhe uma carta com uma mensagem muito especial,
Dizendo – lhe que o bem muitas vezes se paga com o mal,
Que cuidasse dos seus olhos novos, são uma prenda de Deus
Por ti eu fiquei cego, os meus olhos agora são os teus,
Nada mais disse, e o meu coração ficou a sangrar,
Não me arrependo do que fiz, nem sequer vou chorar.
Estêvão, 20 de Janeiro de 2011 - Estêvão
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 731 reads
other contents of José Custódio Estêvão
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | MÚSICAS | 2 | 3.303 | 04/16/2012 - 20:06 | Portuguese | |
Poesia/General | ARMAS | 1 | 3.732 | 04/16/2012 - 20:02 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | SE NÃO FOSSE GENTE | 3 | 6.915 | 04/16/2012 - 20:01 | Portuguese | |
Poesia/Love | VOLÚPIAS | 1 | 3.058 | 04/16/2012 - 19:57 | Portuguese | |
Poesia/General | SÓ QUERO O QUE É MEU | 2 | 3.778 | 04/16/2012 - 19:55 | Portuguese | |
Poesia/General | FESTA NA ALDEIA | 2 | 4.473 | 04/16/2012 - 19:50 | Portuguese | |
Poesia/General | VITÓRIA | 1 | 1.044 | 04/16/2012 - 19:48 | Portuguese | |
Poesia/Love | FLOR AMARELA | 1 | 2.802 | 04/16/2012 - 19:46 | Portuguese | |
Poesia/General | O MEU CORAÇÃO | 1 | 4.069 | 04/16/2012 - 19:43 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | INTERNETI | 0 | 4.129 | 03/24/2012 - 11:49 | Portuguese |
Add comment