Imbecilidade

Certo dia, estava eu sentada e veio-me à ideia uma memória absurda que já não sei se foi fantasia ou mera recordação. Recordo que eram tempos belos com amor. E como o meu amor falava! Ah! Como ele falava! Tinha um cérebro de ouro e um coração de chocolate. Nesse dia lembrei-me que o amor-perfeito já há muito que estava ido (e eu que dantes pensava que os corações não se podiam disfarçar!).
Certo dia, ergui-me do banco da estação e cansei-me de esperar pelo comboio que não ia chegar. E só consigo pensar em como admiro os imbecis. Como os admiro! A eles e à sua capacidade surreal de aprenderem e saberem de cor os ditados populares, os direitos humanos, a moral e o bom senso, como se sabe a tabuada, sem que estes lhes penetrem a alma.