PALAVRAS PRESAS
Palavras presas
Palavras da minha boca saem poucas,
Saem demais do meu pensamento, não loucas,
Ficam registadas no papel para recordar,
Emanadas do meu pensamento e não do meu falar,
Assim, as minhas palavras do silêncio não morrem,
Quando me apetece, elas para mim volvem.
Do meu silêncio as palavras não são ouvidas,
Mas são como as outras muito sentidas,
Quando gosto delas saem da memória são gravadas,
No papel para mais tarde serem recordadas,
E assim, posso voltar atrás, sentir o passado,
Que vive dentro de mim e será sempre recordado.
As minhas palavras que o vento leva no tempo,
Nunca mais voltam, ficam no esquecimento,
Desaparecem mas não sei para onde elas vão,
Sejam ou não palavras saídas do meu coração,
As mais sentimentais, na minha alma ficam agarradas,
E assim têm o privilégio de serem recordadas.
As palavras que circulam apenas na minha memória,
E não são ouvidas não fazem parte da minha história,
São criadas mas não saem da minha boca fechada,
Ninguém as ouve são do pensamento sequestradas,
Aparecem e voam dentro da minha mente,
São esquecidas e lembradas mas nem sempre.
Nem todas as minhas palavras são gostosas,
Quando a minha consciência as acha maldosas,
Para mim ou para alguém em qualquer momento,
São rejeitadas pela consciência, ficam no pensamento,
Nem tentam descer à minha garganta para sair,
É a minha consciência que as trava e as quer punir.
É na solidão que as minhas palavras aparecem mais,
Vão circulando na mesma via até são demais,
Disparam em direcções diferentes e se dispersam,
Pelos pensamentos que ocorrem mas não se libertam,
Ficam cozinhando na memória do meu eu,
E moem a consciência porque ela não as entendeu.
20 de Julho de 2011-Estêvão
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