A Velha do Disco Voador


A velha do disco voador tinha uma aparência assustadora. E ela sempre aparecia quando menos se esperava. Bastava apenas que estivéssemos fazendo alguma arte e não quiséssemos obedecer à minha mãe e a bruxa aparecia sem que ninguém soubesse de onde ela vinha. Muitas vezes a víamos se aproximar. Nossa casa ficava em uma esquina e enquanto brincávamos na rua ou mesmo dentro de casa, ela surgia do nada. Era aquela correria para fechar todas as portas e janelas, para que ela não pudesse entrar. Ela então se aproximava das janelas e olhava para nós com aquela expressão medonha, que nos fazia estremecer de medo. Usava uma meia na cabeça e estava sempre enrolada em um lençol. Batia nas portas e andava ao redor da casa, procurando uma forma de entrar. Ficávamos escondidos, sem fazer o menor ruído, na esperança de que ela fosse embora logo. Certo dia, a bruxa conseguiu entrar e foi aquele pesadelo. Era um salve se quem puder. Um primo que se encontrava lá em casa nesse dia, se escondeu embaixo do fogão à lenha, que estava aceso. Meu irmão mais velho saiu correndo até alcançar a porta da frente. Enfiou o braço pelo vidro e os estilhaços rasgaram seu braço do pulso até o cotovelo. Minha mãe, quando percebeu o acontecido, se desesperou. Correu com meu irmão até o hospital, que ficava a poucas quadras de casa. A brincadeira resultou em uma cicatriz, que ficou visível, não só no braço dele, mas em nossas memórias de criança. Naquele momento, ninguém percebeu que a velha do disco voador havia ido embora. O certo, é que depois desse dia, ela nunca mais apareceu...

Débora Benvenuti

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Monday, July 14, 2014 - 02:25

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