A Moça de Cima

 
O espelho que não posso ver
(e que tanto me atemoriza),
anuncia-se.

Em quanta angústia ela se exaure
para que necessite que eu a saiba?

Sou a aranha kafkaniana a ser seguida
por teias inexplicáveis.

Estão iniciados os terrores noturnos
em que os invisíveis, mas sabidos,
olhos paranoicos da moça de cima
esquadrinham a minha solidão insone.

Os passos que pisa e a mobília que arrasta
são duros, secos, aflitos.
São gritos.

Rudes gemidos, sem a elegância
dos líricos sofrimentos.

Quão pouca ciência impede-lhe de ver
que a soma de nossos nadas
proíbem uma mera unidade?

Em qual vazio se debate o seu desespero
em busca de uma luz
que já não tenho?

Lettré, l´art et la Culture. Rio de Janeiro, inverno de 2015.

Submited by

Tuesday, July 14, 2015 - 15:14

Poesia :

No votes yet

fabiovillela

fabiovillela's picture
Offline
Title: Moderador Poesia
Last seen: 8 years 39 weeks ago
Joined: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Login to post comments

other contents of fabiovillela

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/General Bruxas 2 4.779 07/14/2009 - 14:56 Portuguese
Poesia/General Por quem 1 6.365 07/12/2009 - 21:19 Portuguese
Poesia/Sadness Outono 2 4.289 07/09/2009 - 19:26 Portuguese
Poesia/Dedicated Isabel 1 6.396 07/08/2009 - 13:08 Portuguese
Poesia/Aphorism "Vivere Est" 2 5.291 07/07/2009 - 18:57 Portuguese
Poesia/General Foto 1 4.528 07/04/2009 - 22:41 Portuguese