Mormaço
O mormaço abraça
essa espera.
O homem, no balcão,
grita nomes,
mas se vê que anseia por silêncio.
Que todas as doenças tivessem fim.
Que todos os doentes tivessem fim.
Crédulas mulheres,
de cabelos não cortados
e de resignações espessas,
citam a Quem veneram.
Tornam-no responsável
pelas suas últimas esperanças.
Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.
Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum.
Um homem exibe suas roupas novas
(por que as exibe?).
Tantos olhares para tão poucos vazios.
Tudo foi tomado pelo fastio.
Insistem vidas em estilhaços.
Excede-se o cansaço.
Submited by
Tuesday, February 9, 2010 - 20:01
Poesia :
- Login to post comments
- 1575 reads
Add comment
Login to post comments
Comments
Re: Mormaço
Escreves muito bem, Fàbio!
"Alguém quer ser íntimo
da recepcionista mal humorada.
Alguém quer passar à frente,
mas a recepcionista o ignora
e, no íntimo, sente-se vingada
de suas frustrações cotidianas.
Alguém, no andar de baixo,
geme um grito alto.
Verbaliza a angústia comum."
A recepcionista precisa de alguém que a alerte para seu desgaste, sugerindo um emprego que reponha seus gastos (não necessaria/ financeiros).
Abraços, Robson!
Re: Mormaço
LINDO POEMA, GOSTEI!
Meus parabéns,
Marne
Re: Mormaço
Gostei imensamente deste poema.
Grande abraço,
Roberto
Re: Mormaço
O mormaço acalenda
o tédio, que mói...
:-)