Ciclos de Vida e Morte
Caminho por entre um difuso brilho que me arrasta para longe
Lá, onde só os corpos conhecem as vastas engrenagens
Um jogo abstracto e multicolor
A fome que está para além da dor
Voltas que o mundo dá
Voltagens em frente e atrás do tempo
(Morri num dia só…)
Enérgicos consortes meus que s’encaminham para um corpo celeste
Volteei-me e revoltei-me num caminho íngreme
Num mar de resíduos mortos
Que maldizem a fonte de onde vim
Há um propósito num horizonte a nascente
Terra à vista de um mar que se afundou nas areias movediças
Há um desígnio de um sol a poente
E um reflexo de luas prontas para nos seguir os passos
É esta vida de quase morte
Que se aquietou num deserto crescente
Um infindável ciclo de vida e morte
Vem comigo ver um ocaso, ocasionando todos os céus
E todos os ente queridos
Esgotei-me neste mar imenso
Perdi-me por ti, mas encontrei-me nos caminhos que te seguiram
(Uma vista distante deste mar de areia que me prende a ti
Eu quero mesmo ir para lá, ao encontro de um mundo, em todos os mundos que conheci)
Secaram todas as fontes
Findaram todas as marés
Maltrataram todos os sonhos que me edificaram num movimento inconstante
Sombras submersas, reescrevem-se em arminhos pálidos
Eclipsaram-se num momento uno em direcção ao mar
(E agora que faço eu neste amaldiçoado posto
Que me leva por todos os desertos de onde vim?)
Por mim fico já aqui!
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Comments
Re: Ciclos de Vida e Morte
É a vida que mostra o quanto somos movidos ao distante.
Por nós, façam-se as novidades (tenho certa impressão de que, com os acumulos todos preenchidos de vida, num dia ocasional, a vida torna-se o saber de "tudo e o reverso")!
Outro lindo poema, cara Ônix!
Araços, Robson!