Não quero endireitar o mundo
Tenho tudo o que havia antes de adormecer. Tenho até sono
Que importa se a terra gira?
Já ontem o fazia…
Eu seguia o meu caminho
E em pé, como deitado, não caía
Não quero endireitar o mundo
Nem sou necessário
Sem missão, apenas sonho
O vento forte levanta tudo.
De uma só vez
Vão mesas e cadeiras. Voam
Observo as copas
E sou a felicidade das aves
Sou a alegria da aranha
Que levitando vai
Assim, mas sem teia, eu.
Daqui vejo um senhor
(certamente avô, ou melhor,
Com óculos e cabelo de avô)
O senhor, dizia
Faz as palavras cruzadas
E lê as novas do dia.
Recusa-se a crer que voou
O avô.
Sobe, senhor, sonha, avô
(Antes um realista, que a solidão
Aqui, onde estou)
O cão, incrédulo, ladra
O cinzeiro recebe a cinza
E eu…
A verdade?
Sim, que sonho por aí…
Que voo em busca da verdade
Sim, que tenho a força de endireitar o mundo
Mas a realidade é que
Não quero
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Conchinha
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Re: Não quero endireitar o mundo
O vento forte levanta tudo.
De uma só vez
Vão mesas e cadeiras. Voam
Observo as copas
E sou a felicidade das aves
Sou a alegria da aranha
Que levitando vai
Assim, mas sem teia, eu.
Um poema que caminha na orla da vida!!!
:-)
Re: Não quero endireitar o mundop/Henrique
É.
E pouco acima de nós a vista é fabulosa e o longe faz-se perto. Tudo é relativo...e tudo pode ser belo.
Um abraço, Henrique
Re: Não quero endireitar o mundo
E saibamos nós, endireitar o nosso mundo, não ficará o mundo no seu todo, um pouco mais direito?! Talvez sim, talvez não. Afinal "(...)a terra gira, (...) já ontem o fazia (...)".
"(...) o vento forte levanta tudo (...)", nós fazemos parte desse conteúdo, deixemos ele levar os nossos sonhos do sono e dos outros acordados, ou simplesmente ficamos vazios e só com eles como companhia?!
Gostei muito deste poema! (acho que viajei, perdão)
Beijo,
Clarisse
Re: Não quero endireitar o mundop/Clarisse
É um prazer saber que viajaste.
Que tal? Afinal somos todos vizinhos, do ponto de vista da ave. Compreenderá ela os nossos conflitos?
Concordo contigo. Cada um de nós é o segredo.
Sabes? Nunca tinha "visto" uma esplanada voar. Se por um lado me fascinei, por outro apercebi-me-me que foi um momento de solidão que me trouxe as imagens. A solidão é má (quando não sabemos lidar com ela).
Por isso opto por não responder à tua questão, apenas porque ainda não sei.
Obrigado,
Beijo
Re: Não quero endireitar o mundo
Conchinha: isto é muitoooo bom!
A tua evolução enquanto poeta é incomensurável.
Não porque no inicio não escrevesse bem, bem pelo contrário, mas de facto a tua safra poética começa já a ser brilhante.
Um abraço.
Re: Não quero endireitar o mundop/Ex-Ricardo
Comentares-me é bom.
Escrever o que escreveste...
Ficar-me-ia bem dizer que não sou merecedor... Confesso que não é a primeira vez que, enquanto me questiono, me "dás um espelho"...
Se sou bom? Não sei, mas gosto do que tenho vindo a fazer
aqui,
connosco.
Obrigado
Abraço
Re: Não quero endireitar o mundo
Eu, gostava de endireitar o mundo...
mas à minha maneira... inventava outro
e este esquecia que tinha lugar na Terra.
Gostei de te ler.
Belo o teu poema e o teu mundo.
Vitor.
Re: Não quero endireitar o mundop/Vitor
Também pensei nisso, Vitor.
Acontece que o mundo, feito à minha maneira, poderia só me agradar a mim, o que poderia colocar as coisas piores do que estão.
Grande abraço
Re: Não quero endireitar o mundo
Conchinha!!!!
Que prazer ler-te, meu querido poeta...
...ao escreveres como escreves, acredita, endireitas o mundo...o meu pelo menos!!!!
Amei, querido poeta!!!
1 beijo :-)
Re: Não quero endireitar o mundop/anadeornelas
Obrigado.
Se o fizer, que seja assim, endireitar-me primeiro e esperar que o mundo se contagie.
Se já está a resultar? Fico contente! Foi só uma ideia.
É preciso querer. Fico contente que queiras.
Beijo