Luz de aluguel
Bem cedo eu acordo.
Cedo, bem acordo eu.
Do lado de fora,
raios de luz,
atravessam minha janela.
Um feixe na cortina me conduz
convite de manhã bela.
Desejo de um dia bom
certeza de algo certo
no frescor do amanhecer.
Comeco á planejar
meu dia desenrolar.
Lembro-me quando criança
momento ímpar de esperança.
Lembro-me da sensação
raiar do sol náquela ocasião.
Abrir aqueles olhos era reviver.
Hoje em dia perco as ilusões
me deixo vender pelos conchões
pelos lençois, incontáveis vezes.
Hoje me acorda os deveres
e não pelo apenas, raiar.
Sem receber
nem querer pagar
de graça, receber a graça
nascer...
Abrir os olhos
sem planos fazer
deixar o obscuro se criar.
Apenas nascer.
Apenas abrir.
Apenas acordar.
Apenas viver.
Apenas sorrir.
Apenas avivar.
Apenas...
Sem duras penas...
Àquele tempo preciso voltar
só pra bisbilhotar
e retornar.
Sem pesos que me prendam
no melhor do dia aproveitar.
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