Vinte doze
Mais fantasia,
Mais ironia,
Dane-se a galhardia
E viva a hipocrisia.
Que reine Dionísio,
Que se decretem bacanais
Em que desejos anormais
Convivam com bestas irracionais,
Ao som de Piaf e doutros pardais.
Que só vigorem desejos carnais,
Apetites animais
E que o vinho escorra
Como escrava forra.
Nau dos insensatos,
Pornógrafos entreatos,
Que de tudo se chame
E que de nada se reclame
Nas orgias
De todos os dias.
Que impere a nudez,
A desfaçatez,
A embriaguês
E quando tudo já se fez,
Dionísio regresse
Com nova messe.
Que Minotauros sejam paridos,
Nessa roda de perdidos,
Nesse chão de decaídos,
Ao som das francesas cancãs
Que apagam os amanhãs.
Pois eis que é gerado novo estupor,
Como murro na cara de Conservador.
Que Bacantes
Urrem como antes
Por esses mares nunca dantes ...
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Comments
Re: Vinte doze
Gostei muito do poema. Forte, onde se denota uma revolta...
Para além da bela construção e musicalidade. Adorei! :-)
Beijo,
Clarisse