Versos ao léu, realidade de papel.

Espelho quebrado.

Espelho fractal basso

Onde me esgarço

Negando-me a enxergar:

A realidade não

É um traço.

(é uma vaga no turbilhão do mar)

Quando galgo o espaço

Enxergo o que quero enxergar:

Um langor laço

Rompido com um berro

escasso

(Brado dado sem respirar).

O mundo inverso

gira em um louco verso
(transladante sem encontrar).

Curo-me no que me interesso

Acabo por despertar:

Adeus sonho!

realidade vem me buscar.

Vela de chama tremulante

agonizante vento errante

nesta enseada de mar.

Poluída esfera

tonta no céu a girar.

(amar é sonho nas garras da ilusão)

Burro é meu coração

envolto em pranto.

Quebra-se o encanto

dispo-me do manto

espanto o espectro: o sonhar.

Derrete-se o corpo-vela

Dissipa-se amor ao ar.

sebo que minha alma mela

ilusão criada em um olhar.

(Um dia, Ahhh um belo dia, irei enfim encontrar

Cada um tem o que merece, eu terei o verbo amar.)

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Monday, June 7, 2010 - 15:06

Poesia :

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analyra

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Comments

deborabenvenuti's picture

Re: Versos ao léu, realidade de papel.

O verbo amar nem sempre é conjugado em todos os tempos...Belo poema. Beijo

Lopez's picture

Re: Versos ao léu, realidade de papel.

A tristeza dói com uma beleza que desconcerta o espelho. Tão denso que muda o ar da sala...beijo e levo

Anonymous's picture

Re: Versos ao léu, realidade de papel.

Um bom poema, Ana.
Beijo
Vóny Ferreira

Susan's picture

Re: Versos ao léu, realidade de papel.

Versos tristes profundos e lindos pela forma que foram escritos , posso estar enganada mas vejo em seus escritos um ar de inspiração ( no modo maduro de escrever) no Giraldoff.
Parabéns pela sobreidade ao escrever e digo -te que você pode desistir de tudo, menos do verbo Amar.
Beijos
Susan

analyra's picture

Re: Versos ao léu, realidade de papel.

Sim, todos de uma certa forma inspiram, e o Gi por ser um grande amigo e um grande poeta com certeza inspira também, neste, diretamente não, mas de um todo na forma geral de escrever.

Beijos e sempre grata pelo comentário.

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