Os dias do medo
Os dias do medo
As bestas não têm cara aqui. Andam soltas na rua do medo que cada um tem guardada em si, e por onde tenciona escapar um dia.
No fundo de cada sorriso, a custo um homem tenta erguer-se de novo para a vida, amparado em falsas promessas de grandeza.
Nunca lhe faltaram profetas para o conduzir em cada esquina de tempo, nem novas babilónias a habitar nos olhos…
Foi por isso, que quando a faca lhe entrou nas costas, e o mundo girou ao contrário, de ponteiro bem cravado na carne, ninguém estava por perto na rua da amizade, e as horas bateram com estrondo na calçada dos corpos.
O custo de cada lágrima oprimida ao homem moderno, à sua liberdade, há-de um dia fazer transbordar mares, para que se afoguem na sua imensidão os tiranos e os ditadores.
E depois, na alvorada, em cada barca nova caberá um pedaço do sol e crianças fabulando ao vento.
A terra nunca prometida desse dia, será fundada na certeza das cores do arco-iris, no vento norte de mudança que cada um tiver no coração.
Cada homem liberto saberá amar uma mulher como ela merece e entenderá nela o fruto generoso da vida.
Esse dia foi ontem.
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