Soneto do Pau Decifrado

É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:

Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;
Brando às vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:

À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!

Para carualho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.

Bocage

Submited by

Friday, April 10, 2009 - 00:46

Poesia Consagrada :

No votes yet

Bocage

Bocage's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 14 years 22 weeks ago
Joined: 10/12/2008
Posts:
Points: 1162

Add comment

Login to post comments

other contents of Bocage

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia Consagrada/Sonnet Soneto ao Árcade Lereno 0 2.632 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Sonnet Soneto ao Leitão 0 1.850 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Sonnet Soneto Arcádico 0 2.072 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Sonnet Soneto da Amada Gabada 0 3.537 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Erotic A Ulina 0 4.208 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/Meditation Auto-retrato 0 3.724 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General À morte de Leandro e Hero 0 1.563 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cantata à morte de Inês de Castro 0 2.032 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia Consagrada/General Cartas de Olinda e Alzira 0 2.367 11/19/2010 - 16:49 Portuguese
Poesia/Erotic Arreitada donzela em fofo leito 3 2.369 02/28/2010 - 13:18 Portuguese
Poesia/Erotic Lá quando em mim perder a humanidade 1 2.213 02/28/2010 - 13:15 Portuguese