A CONCORDIA - E N T R E A M O R E A F O R T U N A - III

DRAMA PARA MUSICA, EM UM SÓ ACTO

SCENA ULTIMA

Desce Venus em um carro tirado por pombas,
entre as Graças, os Risos, os Encantos, etc.

VENUS

Socega, filho meu; não foi descuido
Minha longa tardança,
Antes cuidado, que de Analia bella
Me deve o genial, brilhante dia:
Era digno de mim, de Jove, e d'ella
Findar tenaz porfia,
Antiga opposição, fatal discordia
Entre Amor, e a Fortuna.
Attraídos vontade, e pensamento
A tão prestante objecto,
Na concha matizada os céos demando,
Entro de Jove os paços,
E ante a face immortal, com brandas preces
Extráio á mão suprema
Alto decreto, que a Fortuna obriga
A ser-te socia, oh filho, a ser-te amiga.
Em sacrifício terno
Aquella por quem és maior, mais nume
Que por tantas, e tantas
Com que o Tamise, o Tejo, o Tibre, o Sena
Sussurram de ufanía:
Oh que seculos vale a Amor seu dia !
Aprouve, apraz aos fados
Que de Analia se esquivem Tempo, e Morte.
Em seus dotes absorta,
Razão me inspira que espontanea Venus
O cinto vencedor a Analia ceda,
E altar, e incenso, e culto.
Vamos, Fortuna, Amor, Encantos, Graças,
Da nova deusa aos lares,
De aureas Virtudes templo,
Cantar seus dons, seu nome: eu dou o exemplo.

CÔRO

Acorde melodia
Vôe, enfeitice os ares,
E os magestosos lares
Sôem prazer, e amor.

VENUS

Tu sempre a elle unida,
Junto de Analia bella,
Grosa nos olhos d'ella
O olympico fulgor.

AMOR

Analia, que, sorrindo,
De corações se apossa,
E' mais que imagem nossa
Na graça, no esplendor.

FORTUNA

Nada possue a terra,
Que a tanto bem se eguale:
Os meus thesouros vale
Seu minimo favor.

CÔRO

Acorde melodia
Vôe, enfeitice os ares,
E os magestosos lares,
Sôem prazer, e amor.

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Sunday, October 25, 2009 - 16:34

Poesia Consagrada :

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