FASTOS DAS METAMORPHOSES XIV

A gruta do aomno
(Traduzido do Livro XI)

Junto aos Cimmérios, n'um cavado monte
Jás uma gruta, de ambito espaçoso,
Interna habitação do somno ignavo.
Nos extremos do céo, do céo nos cumes
Nunca lhe póde o sol mandar seus raios;
A terra exhala escurecidas nevoas,
O crepusculo incerto ali é dia:
Ali não chama pela aurora o galo;
Do logar o silencio nunca rompem
Os solícitos cães, os roucos patos,
Sagazes inda mais, mais presentidos.
Não fera, não rebanho ali se escutam,
Nem ramo algum, que os Zephyros embalem,
Nem alterados sons de voz humana;
O calado socego ali reside.
De baixa, e rôta pedra sáe, comtudo,
De agua do Lethes pequenino arroio,
Que, por entre os mexidos, leves seixos
Com murmurio suave escorregando,
Convida mollemente ao molle somno.
A boca da sombria, ampla caverna
Florecem mil fecundas dormideiras;
Innumeraveis hervas lá se criam.
De cujo sumo, oh Noute, extráes os somnos,
Que humida entornas pela terra opáca.
Porta alguma não ha na estancia toda:
Volvendo-se, ranger, bater podéra;
Ninguém vigia na fragosa entrada.
De ébano um alto leito está no meio,
E em negras plumas, que véo negro envolve,
Repousa o deus co'a languida Indolencia.
Emtorno; varias fórmas imitando,
Jazem os Sonhos vãos: são tantos quantas
Na loura messe as trémulas espigas,
Quantas na selva umbrosa as inoveis folhas,
E os grãos de arêa nas equoreas praias.
O Somno em tantos mil não tem ministro
Mais destro que Morpheu, que melhor finja
O rosto, o modo, a voz, o traje, o passo,
A propria locução; porém somente
Este afigura os homens; outro em fera,
Em ave se converte, ou em serpente:
Icélon pelos deuses é chamado,
Os humanos Phobétor o nomeam.
Ha terceiro tambem de arte diversa:
E' Phantasos, que em pedra, em terra, em onda
Em arvore, e no mais, que não tem alma,
Subito, e propriamente se transforma.
Uns atterram de noute os reis, e os grandes;
Outros por entre o povo errantes voam

Submited by

Sunday, November 1, 2009 - 20:13

Poesia Consagrada :

No votes yet

Bocage

Bocage's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 14 years 14 weeks ago
Joined: 10/12/2008
Posts:
Points: 1162

Add comment

Login to post comments

other contents of Bocage

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia Consagrada/General ADIVINHAÇÕES V 0 1.768 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General ADIVINHAÇÕES VI 0 2.133 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General ADIVINHAÇÕES VII 0 2.289 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS I 0 1.143 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS II 0 1.019 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS III 0 1.219 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS IV 0 1.200 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS V 0 1.149 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS VI 0 1.480 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPIGRAMMAS VII 0 1.254 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XVI 0 2.154 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XVII 0 1.127 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/Aphorism APÓLOGOS XVIII 0 1.977 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XIX 0 1.051 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XX 0 1.532 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXI 0 931 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXII 0 780 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXIII 0 1.675 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXIV 0 1.128 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXV 0 1.045 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXVI 0 1.227 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXVII 0 1.305 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS XXVIII 0 1.653 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS III 0 1.123 11/19/2010 - 15:55 Portuguese
Poesia Consagrada/General APÓLOGOS IV 0 1.150 11/19/2010 - 15:55 Portuguese