FUXICOS

O rio Muriaé
nas suas águas barrentas
carregava cada coisa
que quase não aguenta.

Muriaé
"morreu aí" "nuvem de mosquitos"
foi morrendo entre nuvens
foi ficando em precipícios.

Os Braga, Os Fonseca
passeiam nas tardes mortas
pelas margens da prainha
volta atrás de volta.


das calças de tergal
dos chapéus de abas largas
das sandálias franciscanas
restam apenas memórias esparsas

o tempo desabando sobre as cabeças
torrencial esquecimento
urgem coisas de puro sofrimento
que consomem todos os momentos.

É chegada a hora dos homens enfezados
cheios de fezes e pesados (enojados)
que consomem o tempo com gula
não manjar, de assalto

pelas margens e correntezas
vai boiando uma fieira de defuntos
desfiando suas histórias
sem nunca acabar assunto

quando cai a noite
os impotentes que remoem
as lembranças, as histórias
(que os meninos, tão logo homens, esquecem)

recolhem-se aos seus secretismos
aos palácios das fantasmagorias amargas
inconformados de nada mais poderem
embora tenham sido os Fonseca, os Braga.
 

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Tuesday, February 15, 2011 - 21:09

Poesia :

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jgmoreira

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FUXICOS

jgmoreira!

 

Lindo e triste texto!

Meus parabéns,

MarneDulinski

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