INSONIA
não são tão macias as palavras quanto o toque
de tuas pernas sobre as minhas pernas
nas longas noites que parecem eternas
onde me levanto antes que me sufoque
o desespero de saber de tudo
que me revela o seu gesto mudo
mas que por medo me nego a falar.
que não me desespere a palavra tanto quanto o ato
que sempre nos une nesse silente quarto
onde pouco ou nada de amor se fala ou faz
pois que o medo sempre nos rodeia
sentando-se conosco a nossa ceia
como a sombra de um animal feroz
que se debate tanto quanto nos
e que na longa noite geme e solta ais
dentro da jaula onde barras o separam
de sentimentos que tanto o abalam
quanto os nossos que nos desesperam
como os daqueles que teimam e esperam
pelos seus mortos que não voltam mais
e assim seguimos pelas noites longas
nos embalando a nos debater
nos debatendo a nos enlaçar
e por maior que seja o castigo
quero beber de tua fonte amigo
cujo sabor jamais vou esquecer
por mais que venha o tempo a passar
como se passa essa noite eterna
onde descansas sobre a minha perna
a tua perna, como a me ninar.
Paulo Nunes
New York 1980s
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