Porque me roem as térmitas os dedos
Respiro escrita pelos dedos.
Tenho as palavras nos poros encravadas como pelos.
Não me deixam dormir de tão ofertadas
Fazem barulhos estranhos durante a noite,
Como se fossem térmitas a roer-me despudoradas.
Sempre que olho para o lado vazio da minha cama,
Há mulheres deitadas com palavras, quase térmitas roendo-me.
Cada uma, um verso, um começo, uma prosa sem defeito.
Cada uma um final impossível de ser escrito.
Em cada uma um poema de alcova, insatisfeito mas dito.
E as que me olham desconfiadas,
Acendem cigarros no meu beijo e descruzam as pernas ao texto,
Como se eu tivesse merecido o direito à sorte,
Afinal, a minha vida é um eterno feminino:
- Palavra, escrita, desdita, morte.
A minha vida um desassossegado sopro de menino.
Já amei muitas palavras, fiz amor com o desgosto.
A quase todas despi os segredos, domestiquei os medos.
Fui amigo, amante, marido. Fui guerreiro e tombei ferido.
Sei que cada uma é uma só e o seu oposto.
Um pecado original repetido.
E se sei isto… porque me roem afinal as térmitas os dedos?
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Comments
Re: Porque me roem as térmitas os dedos
Um poema escrito com alma!
:-)
Re: Porque me roem as térmitas os dedos
Amigo,
Eu já não sei se são as palavras que nos pertencem os somos nós que lhes pertencemos...
As palavras são o nosso veneno viciante :-)
Belo!
Bjs
Re: Porque me roem as térmitas os dedos
Sei há muito que respiras escrita pelos dedos e por todos os poros do teu corpo. Este poema é apenas um pequeno exemplo da tua qualidade imensa :-)
Beijinhos grande Zé
Re: Porque me roem as térmitas os dedos p/ Vera
Prazer é ter-te como amiga.
Para a semana prepara a bochecha...
Levas já um de avanço...(beijo)
Re: Porque me roem as térmitas os dedos
Porque roem, não sei!, mas fica combinado...caso algum de nós encontre resposta, não quero saber. é que até tenho certos afectos com estas témitas de estimação.
Beijo
Re: Porque me roem as térmitas os dedos
Maria, desconfio que enquanto procurarmos a soluçao escreveremos...